P
– Não podemos viver mais sem a Doutrina do Novo Mandamento de Jesus, ditada
pelo Espírito da Verdade. A unificação das Quatro Revelações do Cristo são
aúltima palavra para a pobre Humanidade desvairada! Como devemos entender a
tentação do Mestre?
R
– Para a explicação necessária, vamos reunir estas passagens dos Evangelhos
Sinóticos: Mateus, IV: 1-11; Marcos, I: 12-13; Lucas, IV: 1-13.
MATEUS: 1 – Jesus foi
conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado por Satanás. 2 – Depois de
jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. 3 – Então, aproximando-se
dele, disse o tentador: – Se és o Filho de Deus, ordena a estas pedras que se
tornem pães. 4 – Jesus lhe respondeu – Está escrito: nem só de pão vive o
homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. 5 – Satanás o transportou à
cidade santa, colocou-o no pináculo do templo, e lhe disse: 6 – Se és o Filho
de Deus, lança-te daqui a baixo, pois está escrito que Ele ordenou a seus Anjos
tenham cuidado contigo e te sustentem com suas mãos, para que não firas os pés
em alguma pedra. 7 – Jesus respondeu: – Também está escrito: não tentarás o
Senhor teu Deus. 8 – O tentador o transportou, ainda, para um monte muito alto,
onde lhe mostrou todos os reinos do mundo e a glória que os acompanha, 9 – e
lhe disse: – Eu te darei todas essas coisas se, ajoelhado diante de mim, me
adorares. 10 – Jesus replicou: – Retira-te, Satanás, pois está escrito:
Adorarás ao Senhor teu Deus e só a Ele servirás. 11 – Então, Satanás o deixou.
Os Anjos cercaram Jesus e o serviram.
MARCOS: 12 – E logo o
Espírito o impeliu ao deserto, 13 – onde passou quarenta dias e quarenta
noites, sendo tentado por Satanás. Habitava com as feras e os Anjos o serviam.
LUCAS: 1 – Cheio do Espírito
Santo, Jesus se afastou do Jordão, e foi pelo Espírito impelido para o deserto.
2 – Alí permaneceu quarenta dias e quarenta noites, e foi tentado por Satanás;
nada comeu durantes esses dias; passados eles, teve fome. 3 – Disse-lhe, então,
Satanás: – Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem pães. 4 –
Jesus lhe respondeu: – Está escrito: o homem não vive só de pão, mas de toda
palavra que vem de Deus. 5 – Satanás o transportou para um alto monte e lhe
mostrou, num instante, todos os reinos da Terra, 6 – dizendo-lhe: – Eu te darei
todo esse poder e a glória desses reinos, porquanto eles me foram dados e eu os
dou a quem quero. 7 – Se, pois, me quiseres adorar, todas essas coisas te
pertencerão. 8 – Jesus lhe respondeu: – Está escrito: adorarás o Senhor teu
Deus e só a Ele servirás. 9 – Satanás ainda o transportou a Jerusalém,
colocando-o no pináculo do templo, e lhe disse: – Se és Filho de deus, lança-te
daqui abaixo, 10 – pois está escrito haver Ele ordenado a seus Anjos que te cerquem
de cuidados e te guardem, 11 – e te amparem com suas mãos, para que não firas
os pés em alguma pedra. 12 – Jesus lhe respondeu: – Está escrito: não tentarás
o Senhor teu deus. 13 – Terminada a tentação, Satanás se afastou dele por algum
tempo.
Satanás,
o diabo, o demônio – são nomes alegóricos, pelos quais se designa O CONJUNTO
DOS MAUS ESPÍRITOS empenhados na perda do homem e da mulher. Satanás não
era um Espírito especial, mas a síntese dos piores Espíritos que, purificados
agora na sua maioria, perseguiam os homens e mulheres, para desviá-los do
caminho do senhor. Mas todos se purificarão com o tempo, por meio de uma série
de provações e expiações em reencarnações sucessivas, precedida cada uma, no
espaço, na erraticidade, dos sofrimentos e torturas morais apropriados e
proporcionados aos crimes ou faltas cometidas. Tais são, para o Espírito
culpado, encarnado ou errante, o inferno, o purgatório, a expiação, a
reparação, o progresso. A reencarnação é a escada santa que todos os homens
terão de subir. Constituem-lhe os degraus as fases das diversas existências nos
mundos inferiores, depois nos mundos superiores, porque Deus determinou que,
para chegar a Ele, teria o homem de nascer, “morrer” e renascer até aos limites
da Perfeição. E nenhum chegará até Ele SEM SE PURIFICAR PELA REENCARNAÇÃO.
Muitas Igrejas negam essa Lei Universal, mas nem por isso ela deixa de existir:
é anterior ao homem e à vossa morada planetária.
A TENTAÇÃO E O JEJUM
P
– Como o Espírito da Verdade explica, através do CEU da LBV, o jejum e a
tentação de Jesus, narrados pelos Evangelistas Mateus, Marcos e Lucas?
R
– O jejum e a tentação do Mestre são, igualmente, uma figura. Como vos
explicaremos, daqui a pouco, só foram consideradas reais pelos homens em
conseqüência dos comentários que, finda a missão terrestre do Cristo, os
Apóstolos e os discípulos teceram em torno do discursso que ele, doutrinando,
proferiu sobre as tentações a que está sujeita a humanidade, as ciladas que lhe
armam os ESPÍRITOS DO MAL, da perseverança e da fé com que lhes deve
resistir. Esses comentários, sob a influência dos preconceitos do tempo e das
tradições hebraicas, criaram a opinião de que aquele discurso, dadas as
circunstâncias em que foi pronunciado, resumia O QUE SE PASSOU COM O PRÓPRIO
JESUS. Daí o tratarem os Evangelistas de um jejum e de uma tentação a que
Satanás teria submetido o Mestre, como se falassem de fatos materiais, fatos
reais ocorridos pessoalmente com o Salvador. Tais “fatos”, porém, tidos
como reais, materialmente produzidos DO PONTO DE VISTA DAS AUTORIDADES
RELIGIOSAS, são um emblema. Como poderia ter acudido à mente do homem a
idéia de rebaixar, dessa forma, Aquele que o próprio homem considera uma fração
de deus, uma parte do GRANDE TODO QUE GOVERNA O UNIVERSO? Tal opinião, aliás,
se enquadrava sofrivelmente nas idéias panteístas. Como puderam rebaixar
essa fração da Divindade ao ponto de pô-la em contato com o demônio, o
maldito expulso do céu por Deus, sem se lembrarem de que, assim, era o próprio
Deus quem, por uma fração de si mesmo, descia à condição de dialogar com o Anjo
do Mal e até ficar na sua dependência? Como admitir que Jesus, sendo homem
e, portanto, sujeito a enfermidades e necessidades da existência terrena, tenha
podido viver quarenta dias e quarenta noites no deserto, sem tomar alimento
algum? Como admitir que, sendo Deus, tenha Jesus sentido o tormento
da fome, ao cabo dos quarenta dias e quarenta noites, que o haja sentido ao
ponto de animar tentativas audaciosas do “Anjo caído” que, entretanto, seria
dentro em pouco forçado a abandonar as suas presas (os demoníacos), EXATAMENTE
PELA POTENTE VONTADE DO MESMO JESUS? Como se vê, foi o homem, de um lado,
bastante orgulhoso e, de outro, bastante contraditório: deu a si mesmo por
libertador um Deus, submetendo esse Deus ao império de Satanás, pondo-o em
contato com este, de maneira a lhe sofrer a influência pela tentação! Pobre
humanidade, que busca o maravilhoso nas coisas mais simples, que repele por
impossíveis as mais evidentes, e que avilta – sem ter disso consciência –
Aquele a quem, levada pelas suas supertições, ela mesma faz participe da
Divindade e a quem, ao mesmo tempo, coloca, quanto ao presente e ao futuro
(Satanás o deixou por algum tempo), à mercê desse outro que, maldito
por toda a eternidade, sem esperança de perdão, emprega a sua força, a sua
vontade, o seu “poder” em lutar contra o Criador! Todavia, não a condenamos
por isso, porque essa crença numa tentação material teve a sua razão de ser,
como vos explicaremos: o que ocorreu tinha de ocorrer na marcha dos
acontecimentos. Tudo tinha o seu cabimento, como condição e meio de progresso,
na via gradual dos sucessos, sempre acordes, do mesmo modo que as
interpretações humanas com o estado das inteligências, com as necessidades das
épocas da História, cada uma das quais representa um dos estágios que cumpre à
Humanidade percorrer, para progredir constantemente, abrindo pouco a pouco os
olhos à Luz e à Verdade. A PROPORÇÃO QUE VAI SENDO PREPARADA PARA RECEBER
ESSA LUZ E ESSA VERDADE, que lhe são dadas na medida do que ela pode
suportar e de maneira a esclarecê-la sem jamais a deslumbrar. O Espírito da
Verdade, que abre uma era nova à Humanidade, e que vos ensina a origem
espiritual de Jesus, mostrando, com esse ensino, que o jejum e a tentação de
Jesus são apenas simbólicos, vem igualmente fazer-vos conhecer, a este
respeito, a realidade das coisas, isto é, as próprias palavras do Cristo ao
povo, das quais nasceu a crença naquele jejum e naquela tentação. O Espírito da
Verdade vem, ainda, explicar como e quando os Apóstolos e os discípulos foram
induzidos a pensar que O QUE JESUS ENSINARA, DE MODO GERAL, CONSTITUÍA O
RESULTADO DO QUE SE PASSARA ENQUANTO O MESTRE ESTEVE AUSENTE, O RESUMO DO QUE
ELE PESSOALMENTE EXPERIMENTARA. Acompanhai a aparente vida humana de Jesus,
pregando constantemente, pelo exemplo, a Caridade e o Amor; acompanhai-lhe as
palavras, os atos, os ensinamentos, e o vereis sempre submisso (na medida do
que o exigia a sua missão terrena) aos usos, costumes e tradições dos hebreus,
assim como à inteligência daqueles a quem se dirigia, a fim de que todos o
compreendessem e, sobretudo, escutassem. Tudo isso para assegurar o bom
desempenho de sua missão e conseguir que ela desse frutos no momento e no
futuro: QUE FRUTIFICASSE PRIMEIRO PELA LETRA, DEPOIS PELO ESPÍRITO.
JESUS E SATANÁS – I
P
– Os ensinos do CEU, da LBV, estão sendo colecionados por muitas pessoas que se
declaram “profundamentes interessadas, embora não gostem de religião”. Vemos
nisso um sinal de que tal matéria traz algo de novo, capaz de religar a
criatura ao Criador. Quais as palavras que Jesus proferiu e que deram origem à
crença de que ele sofreu a tentação e o jejum?
R
– Diz o Espírito da Verdade: – Os profetas se preparavam para desempenhar suas
missões por meio da prece, da meditação e do jejum, no deserto. Pareceu aos
homens que Jesus se submeteu a esse uso, ou tradição, antes de adr início ao
desempenho da sua missão publicamente. Depois de receber, diante do povo, pela
descida do Espírito Santo sob a forma de uma pomba e pela “voz que se fez ouvir
no céu”, a consagração (como Filho de Deus) da missão que ia desempenhar e
que João, havia pouco, anunciara a todos os que o cercavam, Jesus se afastou
das margens do Jordão. Perderam-no de vista aqueles que lhe seguiam os passos.
Para impressionar as multidões, ele se tornou invisível durante o
tradicional espaço de tempo – quarenta dias e quarenta noites – número este
até certo ponto sagrado, segundo as tradições hebraicas. Desapareceu,
não porque se internara no deserto, mas porque voltara – como fazia sempre que
sua missão não lhe reclameva a presença entre os homens – para as regiões
superiores onde, do alto dos esplendores celestes, governava, governa e
governará a Terra e a Humanidade. Decorridos os quarenta dias e quarenta
noites, reapareceu, dirigindo ao povo e aos discípulos que o rodeavam (e lhe
haviam notado a ausência) estas palavras: “Em verdade vos digo: quando
Satanás vos segredar – “Escuta os meus conselhos, faze a minha vontade, e eu te
darei todos os reinos da Terra” – repeli-o com firmeza. Não tendes um reino
maior que todos – o Reino de Deus, vosso Pai? Se a fome vos apertar e Satanás
vos disser – “Obedece-me, e destas pedras farei pão para o teu alimento” –
recusai-o sem temor. O pão da terra não alimenta senão o corpo, e vós tendes o
Pão da Vida, que alimenta a Alma e a torna apta a entrar na Vida Eterna. Se o
orgulho vos arrastar ao fastígio das grandezas humanas e Satanás vos disser –
“Precipita-te no espaço que te atrai e não temas a queda, pois serás amparado”
– imponde-lhe silêncio e não tenteis o Senhor vosso Deus. Recolhei-vos, medindo
a vossa fraqueza e a grandeza do Pai, e Satanás se afastará por algum tempo.
Mas não esqueçais que ele ronda constantemente, pronto sempre a deitar as
garras à sua presa e se aproveitar de todas as suas fraquezas”. Aí tendes,
bem-amados irmãos, as palavras que o Mestre pronunciou quando reapareceu e que,
por sua ordem, vos revelamos e transmitimos. Aplicai a vós mesmos essas
palavras, porque – como todas as que lhe saíram dos lábios, devem produzir
frutos no presente e no futuro, do mesmo modo que, sob a figura da tentação
material, produziram no passado. Semelhantemente ao que se dava com tudo
quanto, então, se dizia, tais palavras passaram de boca em boca. Alguns dos
Apóstolos (e discípulos) as ouviram do próprio Cristo; outros as receberam da
voz pública; mas, enquanto durou a missão terrena de Jesus, tendo todos a
atenção continuamente solicitada por fatos novos, não a detinham sobre nenhum.
Só depois de terminada a missão, os fatos voltaram a ser considerados mais
atentamente, e entre eles se apresentaram de novo o desaparecimento do Mestre,
durante quarenta dias e quarenta noites, e as circunstâncias que o cercaram.
Surgiram, então, os comentários e destes nasceu a opinião que gerou a crença no
fato material do jejum no deserto e da tentação de Satanás. Os Apóstolos
e os discípulos, como todos os que abraçaram a fé cristã, acreditaram nesse
fato material. Na sua condição de homems, de Espíritos encarnados, tinham os
preconceitos e as crenças da época e estavam imbuídos das mesmas tradições. Na
verdade, era corrente, então, que todo profeta ia jejuar no deserto, antes de
principiar o desempenho da sua missão. Coincidindo as palavras de Jesus com o
seu desaparecimento por quarenta dias e quarenta noites, pensaram todos que
essas palavras eram o resumo do que ocorrera com ele durante a sua ausência;
que o que ensinara, relativamente às tentações do Demônio, tentações a que está
sujeita a Humanidade, pela fome, pelo orgulho e pela ambição, relativamente às
emboscadas que o Espírito do Mal lhe arma, e à fé e à perseverança com que lhe
cumpre resistir, era o resumo do que o próprio Jesus experimentara. Assim,
acreditaram que Jesus havia jejuado, quarenta dias e quarenta noites, no
deserto; que, decorrido esse tempo, tivera fome e, então, fora tentado por
Satanás, no exato sentido das palavras que dirigia ao povo. Ao homem material
são precisos fatos materiais. O Cristo, para os homens, era um homem e, como
tal, sujeito às enfermidades, a TODAS as necessidades da existência humana. Em
matéria de provações, NINGUÉM, naquela época, podia compreender senão as
provações físicas. Ao surgirem os comentários sobre as palavras do Mestre,
já se divulgara pelas multidões a revelação que o Anjo fizera a José e Maria, e
que fora conservada em segredo atá ao têrmo da missão terrena de Jesus. Diante
da revelação da sua origem, tida em geral, segundo a letra, por miraculosa,
divina, dada a qualidade que a mesma revelação lhe atribui de Filho de Deus;
diante da sua vida de pureza perfeita e dos “milagres” que realizara, da sua
“ressurreição” e da sua “ascenção”, difundiu-se a crença na sua divindade.
JESUS E SATANÁS – II
P
– A ação libertadora da LBV, pela Pregação da Verdade, brevemente será proclamada
e aceita por todos os brasileiros e estrangeiros de BOA VONTADE. Como o
Espírito da Verdade explica a origem de um “diálogo” entre Jesus e Satanás?
R
– Como homem, Jesus, para os Apóstolos e discípulos, estava sujeito às
necessidades da existência terrena e, portanto, às tentações do “demônio”. Mas
era, ao mesmo tempo, por efeito das impressões que lhes produzira a sua missão,
UM GRANDE PROFETA. Em conseqüência das novas impressões que receberam,
depois de terminada essa missão na Terra, passaram a considerá-lo MAIOR QUE
TODOS OS PROFETAS que a Humanidade até então conhecera, incontestavelmente O
FILHO DE DEUS, partilhando, portanto, da DIVINDADE DO PAI.
Suscetível de ser tentado por Satanás, pensavam, ele o fôra e triunfara. De
considerarem o que não passara de um ensinamento como sendo o resumo do que
acontecera, durante a ausência de Jesus, entre ele e o “diabo”, como sendo a
súmula de fatos reais e materiais de que o Mestre participara, veio a IDÉIA
DE UM DIÁLOGO que devera ter travado entre os dois. Se é certo que das
palavras, de que usou Jesus, se apagara a lembrança na memória dos homens,
certo é, também, que o pensamento, a substância e a realidade do ensino se
conservaram. Para reconstituírem o diálogo, de acordo com o objetivo da lição,
os Apóstolos e discípulos recorreram às Escrituras. De fato, confrontai as
palavras que já vos revelamos, pronunciadas pelo Cristo, com a versão que se
criou – sob a influência das tradições e dos comentários – e vereis que o
sentido, o fundo e o pensamento são idênticos; que a alegoria, tomada ao pé da
letra, pela maneira por que foi apresentada, e que no futuro seria compreendida
espiritualmente pela inteligência, encerra o ensino de Jesus, mas transformado
num fato material – o da tentação real feita por Satanás ao Cristo que, tendo
sofrido essa prova, dela triunfou como homem e FILHO DE DEUS. A
Transportação do Redentor para o cimo de uma alta, depois para o pináculo do
templo de Jerusalém, e ainda a fome que atribuíram – foram a conseqüência dos
comentários. Do desaparecimento do Mestre pelo tempo, durante o qual, conforme
às tradições, devia ele, comos os profetas, permanecer em jejum no deserto,
antes de iniciar sua missão, concluíram os Apóstolos e discípulos que, findos
os quarenta dias e quarenta noites, NECESSARIAMENTE SENTIRA FOME, tanto
mais quando coincidiram com sua ausência as palavras que dirigiu ao povo, no
momento mesmo em que reapareceu. Ora, aplicando materialmente a Jesus essas
palavras calcularam os Apóstolos e discípulos que, forçosamente, Satanás o
transportara a dois lugares elevados, a um para lhe mostrar todos os reinos da
Terra, a outro para – colocando-o no fastígio das grandezas humanas – lhe dizer
que se precipitasse no espaço, atirando-se “dali a baixo”. Não percais de vista
a ignorância e a ingenuidade dos homens daquela época, dos Espíritos encarnados
que se entregavam a tais comentários, relativamente às coisas terrenas. O cimo
de alto monte e o pináculo do templo de Jerusalém foram os lugares mais
próximos que acudiram à idéia dos Apóstolos e discípulos, que não compreendiam
pudesse haver outros. Para eles o cimo de um monte elevado era o único lugar
aonde o “diabo” poderia ter transportado Jesus, para lhe mostrar todos os
reinos da Terra. Quando atribuíam sentido material às palavras do Mestre
relativas ao fastígio das grandezas humanas, ao qual o “demônio” o elevara para
lhe dizer “LANÇA-TE DAQUI A BAIXO, POIS SERÁS AMPARADO”, o único
lugar que lhes parecia materialmente o ponto culminante das grandezas
humanas, como elevação no espaço, era o pináculo do templo de Jerusalém. Os
crentes aceitavam os fatos (do mesmo modo que hoje) como suas faculdades lhe
permitiam. Os incrédulos os rejeitavam, como ainda os rejeitam, sem mais
investigações. Afinal, A CRENÇA NUMA TENTAÇÃO MATERIAL TEVE SUA RAZÃO DE
SER. O que se deu foi o que se devia dar, na marcha dos acontecimentos.
JESUS E SATANÁS – III
P
– Com referência à tentação e ao jejum “impostos” a Jesus, disse o Espírito da
Verdade: “O que se deu foi o que se devia dar, na marcha dos
acontecimentos”. Havia, então necessidade de tal crença?
R
– Tudo está previsto. Tudo acontece por efeito da Lei Universal que governa o
vosso mundo no caminho do progresso, sendo o desenrolar dos fatos, bem como as
interpretações humanas, acordes com o estado das INTELIGÊNCIAS E
NECESSIDADES DE CADA ÉPOCA. Ohomem, todavia, dispõe do livre arbítrio, e
Deus sabe que uso ele fará desse dom, porque o que para vós constitui o
passado, o presente e o futuro, está sempre, por toda a eternidade, patente aos
olhos do Todo-Poderoso. Ora, dispondo do livre arbítrio, o homem tinha a
liberdade de escolher entre o modo de pensar acertado e a falsa (ainda que
útil) maneira de apreciar as coisas. Dominavam-no, porém, suas naturais
aspirações. Assim como preferia, ao de um profeta, o sacrifício de um Deus, por
lhe aumentar o valor próprio, também a tentação material de Jesus pelo “demônio”
lhe reanimava a coragem e mostrava o caminho a seguir, fazendo-lhe ver que ATÉ
O HOMEM-DEUS ESTIVERA SUJEITO A TENTAÇÃO; fazendo-lhe ver que, embora FILHO
DE DEUS, fração da Divindade, mas ao mesmo tempo homem e, como tal, sujeito
às contingências da Humanidade, às enfermidades e fraquezas da vida humana, JESUS
FÔRA ACESSÍVEL A SATANÁS, sofrera pessoalmente a prova e dela soubera
triunfar. Nada ocorre sem ser pela vontade de Deus, no sentido de que, se lhe
aprouvesse dar outra diretriz aos atos humanos, ou lhes opor sua vontade,
bastaria querê-lo. Tal, porém, não faz: esta a razão por que, vendo a seriação
e as conseqüências de todas as coisas, Deus não impede de antemão os atos de
nenhuma das suas criaturas. Ele não governa como tirano: deixa que as coisas
sigam o seu curso. Assegurando ao livre arbítrio a independência, auxilia a
Humanidade a trilhar a via da evolução, por meio de SUCESSIVAS REVELAÇÕES,
SEMPRE PROGRESSIVAS, que atuam na marcha dos acontecimentos, encadeando uns aos
outros, e que, apropriadas ao estado das inteligências e necessidades de cada
época, desenvolvem no presente o progresso realizado e preparam o progresso
futuro. Se o quisesse, DEUS CERTAMENTE TERIA PODIDO, POR MANIFESTAÇÕES
ESPIRITUAIS, DETERMINANDO UMA INFLUÊNCIA E UMA AÇÃO MEDIÚNICA SOBRE OS
APÓSTOLOS, OS DISCÍPULOS E OS EVANGELISTAS, ESCLARECÊ-LOS SOBRE A FALSIDADE DA
INTERPRETAÇÃO HUMANA, que transformou um ensino de Jesus ao povo em fatos
materiais, como os da permanência no deserto, do jejum por quarenta dias e
quarenta noites e da tentação praticada contra ele por Satanás. Mas, na
realidade, as necessidades da época exigiam essa crença. Convinha que ela se
implantasse nas massas populares. A vista da perfeição indispensável para
chegar a Deus, diante da Perfeição sempre vitoriosa de Jesus, qual não seria o
desânimo dos homens se não fossem prevenidos de que mesmo o mais forte pode
estar sujeito à tentação? QUANTA FORÇA NÃO RECEBERAM DO EXEMPLO DA VONTADE
QUE VENCE A INSPIRAÇÃO DO MAL? Se assim não fosse, talvez não pudessem
alimentar a esperança de seguir as pegadas do Divino Modelo. Contemplando-o em
tão grande altura, teriam permanecido, desanimados, ao nível do solo, ao passo
que, vendo-o submetido à tentação e vitorioso pela fé, reconheceram que TODOS
PODERIAM ESPERAR A MESMA VITÓRIA.
JESUS E SATANÁS – IV
P
– Achamos perfeita a justificação da crença no jejum e na tentação de Jesus por
Satanás. A evolução espiritual não dá saltos, como a própria Natureza nos
ensina. Como o Espírito da Verdade explica o período de 40 dias e 40 noites e
certos “mistérios” das tentações do “demônio”?
R
– A tentação de Jesus, como agora entendeis, é uma figura que as exigências dos
tempos, o estado das inteligências, as aspirações naturais (que dominavam os
homens) e a preparação do futuro TORNARAM NECESSÁRIA. Jesus, cuja origem
espiritual já conheceis, Espírito de pureza perfeita e imaculada, AQUEM
TODOS OS ESPÍRITOS ESTÃO SUBORDINADOS, e que mostrou a sua onipotência
sobre os “demônios”, jamais teve de sofrer na Terra a influência e o contato
dos maus Espíritos ou obsessores. Nos seus ensinamentos, não há uma só palavra
que permita afirmar-se, nem sequer pensar-se, o contrário. Quantos aos 40 dias
e 40 noites que supuseram ter o Cristo passado no deserto, a ponto de sentir
fome quando sabeis que ele jamais precisou comer, são o símbolo da vida humana:
nesse curto espaço de tempo, todas as más paixões assaltam o homem, todas as
necessidades se fazem sentir. A cada homem, ou mulher, no vosso mundo, cabe
triunfar da prova. Escutai, irmãos bem amados, o que Jesus disse e ensinou,
servindo-se das palavras que fomos por ele encarregados de vos revelar!
Fazei o que vos indica essa figura emblemática de uma tentação material, que
exprime o objetivo do ensinamento contido naquelas palavras! Triunfai das
paixões e, mesmo, das necessidades humanas alimentadas pela ignorância
espiritual. Em tudo, reportai-vos a Deus! Se só a Ele servirdes e adorardes, os
Espíritos Bons descerão, para ajudar-vos a subir aos céus. O homem – quem quer
que ele seja – está sujeito às tentativas que, para arrastá-lo ao mal, fazem os
maus Espíritos, os quais, ignorantes, não sabem distinguir os que podem dos
que não lhes podem resistir. Daí resulta que, das suas tentações, não estão
isentos nem mesmo aqueles que reencarnam EM MISSÃO NA TERRA.
Tanto as palavras do Mestre como a figura simbólica a mostrá-lo sofrendo a
tentação de Satanás, apontam o caminho que deveis seguir. As tentações e
influências mais perigosas para o homem (ou para a mulher) são o orgulho, a
ambição, os apetites materiais que têm por móveis essas paixões animais. Aí
estão os escolhos de encontro aos quais se vêm quebrar, desgraçadamente, as
melhores intenções, SOBRETUDO DAQUELES A QUEM DEUS CONCEDE A GRAÇA DE
ENCARNAR PARA AUXILIAREM O PROGRESSO DE SEUS IRMÃOS NA TERRA! Procurai
repelir as tentativas dos obsessores, para merecerdes a graça que o Pai vos
outorgou, enviando-vos o Divino Modelo! Sabei tornar-vos dignos do favor que
Ele vos concede, abrindo-vos a Era da Unificação de TODAS AS REVELAÇÕES,
enviando-vos a Sagrada Falange, com a missão de vos ampliar a cultura, o
discernimento, a inteligência espiritual: o Espírito da Verdade, que vos ensina
a paciência, a resignação, a afabilidade, a benevolência, a simplicidade de
coração, a humildade real, a castidade segundo as LEIS DA NATUREZA, a
fragilidade, a temperânça, a sobriedade, o desinteresse, a justiça, a
tolerância, o devotamento, a caridade e o amor aos vossos irmãos, o amor ao
trabalho e à ciência, o desejo de progredir física, moral, intelectual e
espiritualmente, em direção reta ao Cristo e ao Pai Celestial! Portanto, orai
e vigiai; vigiais e orai, com o pensamento em Deus, em todos os momentos da
vossa vida! Vigiai, exercendo constante vigilância sobre os vossos
pensamentos, palavras e atos! Orai, não com os lábios, mas com o coração, para
atrairdes as boas influências, para que Deus vos conceda a proteção dos bons
espíritos, que vos ajudarão a vencer todas as tramas do “demônio” que, na
verdade, reside entro de cada criatura afastada do criador! Vencereis
praticando todos os deveres indicados pela Sagrada Falange, a serviço do
Senhor!
DEUS, JESUS, ESPÍRITO SANTO
P
– Falando da opinião segundo a qual Jesus é uma fração de Deus, disse o
Espírito da Verdade: “opinião que sofrivelmente se enquadra nas idéias
panteístas”. Qual o sentido destas palavras?
R
– Segundo a doutrina que, na linguagem humana, tem o nome de panteísmo, tudo
sai de um só princípio e tudo volta a se reintegrar nesse mesmo princípio, para
de novo daí sair e voltar, constituíndo essa perpétuas separações e
reintegrações a rodagem da máquina universal. Em escala menor, Jesus e o
Espírito Santo são frações de Deus, partes integrantes do Todo, formando com
Ele, portanto, a Unidade. É uma variante do tema do panteísmo. No que ocorreu
nas margens do Jordão, tendes um exemplo do cunho panteísta da opinião dos que
consideram Jesus e o Espírito Santo como duas frações de Deus. Assim,
vemos Deus dividido em três partes: uma – Jesus, num corpo idêntico aos vossos,
sujeito às necessidades da existência humana e às contingências humanas da vida
e da morte; outra – o Espírito Santo que, sob a forma de uma pomba, desceu
sobre o Cristo; a terceira – Deus, de quem aquelas duas frações saíram e cuja
voz se fez ouvir do céu, dizendo: “És meu filho bem-amado, em que ponho toda
as minhas complacências”. As duas frações de Deus, depois de se terem
separado do GRANDE TODO, voltam a reintegrar-se nele, reconstituíndo, assim, a
sua Unidade. Se os homens não quiserem enquadrar nas idéias panteístas essa maneira
de considerar Jesus e o Espírito Santo, terão de encaixá-las, forçosamente, nas
concepções do paganismo, relativas à PLURALIDADE DOS DEUSES. Semelhante
modo de ver, QUE É CHAMADO “MISTÉRIO”, E QUE A RAZÃO INSTINTIVAMENTE REPELE,
nasceu das falsas interpretações humanas, resultantes da ignorância do homem
sobre a origem espiritual de Jesus e do que se deve entender, em Espírito e
Verdade, à luz do Novo Mandamento, por Espírito Santo. Graças à nova Revelação,
entretanto, todos vós já sabeis: Deus é o só e único princípio universal, NÃO
DIVISÍVEL, que sempre cria desde todas a Eternidade, mas NUNCA PELA
DIVISIBILIDADE DA SUA ESSÊNCIA, PORQUE DEUS É UNO; Jesus é um Espírito
criado por Deus, e teve a mesma origem de todos os Espíritos, O MESMO PONTO
INICIAL DE EXISTÊNCIA, e se tornou Espírito Puro, de pureza perfeita e
imaculada SEM TER FALIDO JAMAIS, Espírito cuja Perfeição se perde na
“noite das eternidades”, PROTETOR E GOVERNADOR DA TERRA, cuja formação
presidiu, encarregado por Deus de o levar ao estado fluídico e conduzir a sua
Humanidade à integração com o Pai; Espírito Santo é uma designação alegórica,
sob a qual se compreendem, indistintamente, de modo individual ou coletivo, OS
ESPÍRITOS PUROS, OS ESPÍRITOS SUPERIORES E OS BONS ESPÍRITOS, como sendo, em
ordem hierárquica, os ministros ou agentes da onipotente vontade de Deus, os
órgãos de suas inspirações junto aos homens. E assim se dilui, diante da FÉ
RACIOCINANTE, o dogma das três pessoas ou santíssima trindade.
PASSADO, PRESENTE E FUTURO
P
– Afirmou o Espírito da Verdade: “O homem dispõe do livre arbítrio e Deus
sabe que uso fará ele desse dom, porque tudo o que, para vós, contitui passado,
o presente e o futuro, está sempre – e por toda a Eternidade – patente aos
olhos do Senhor”. Como devem ser entendidas e explicadas estas palavras?
R
– Admitis a presciência divina, ou apoucais a Inteligência Infinita nivelando-a
com as vossas? A presciência divina é uma faculdade QUE NÃO TENDES
POSSIBILIDADE ALGUMA DE ANALISAR. O livre arbítrio seria mera ficção, se
estivesse subordinado a uma ação direta. Quanto se monta qualquer
máquina, prevêem-se os resultados do seu funcionamento; o que ela faz é o
que tinha de fazer. Se, porém, um operário desastrado se intromete nas
engrenagens, ou se um curioso se aproxima demasiadamente, para ver de muito
perto ou tocar numa das rodas, fatalmente é colhido, mutilado ou esmagado. O
maquinista não o impeliu, direta ou indiretamente, mas sabia que quem
fizesse o que fez o operário ou o curioso sofreria aquela conseqüência,
tanto que, ao ver aproximar-se o imprudente, lhe disse: – “Toma cuidado, olha o
perigo!” Neste caso, que nos serve de imperfeita comparação, onde a fatalidade
relativa à ordem a que está sujeito o movimento da máquina e às pessoas que se
movem em torno dela? Cheios de ignorância e de orgulho, pretendem os homens que
Deus se intrometa em todos os atos que praticam, em todos os fatos que lhe
dizem respeito. Cada um – pobre vermezinho! – quer que a Inteligência Suprema o
conduza pela mão, REBAIXANDO-SE AO SEU NÍVEL. Considerai com mais
elevação a grandeza do vosso Criador! Reinando sobre “todos os universos”,
iluminando todas as trevas, a influência que o Senhor exerce é uma INFLUÊNCIA
SUPERIOR, DIRIGENTE E GOVERNATIVA. Ele deixa que useis do vosso livre
arbítrio com plena liberdade, em meio às diversas influências físicas e
espirituais que vos rodeiam, e sob o império das Leis Gerais, Naturais e
Imutáveis que a sua onisciência estabeleceu, desde toda a Eternidade. Essa INFLUÊNCIA
SUPERIOR que dirige e governa, Ele a exerce pela sua ação universal,
instrumento da sua Providência, e que também se efetua no âmbito e sob o
império das suas Leis, sempre de acordo com a sua Vontade Onipotente e
Imutável. É exatamente essa INFLUÊNCIA SUPERIOR que vos atrai
continuamente para a vida do progresso, sem perturbar o exercício pleno e
independente do vosso livre arbítrio, quer este vos induza à obediência, quer
vos arraste à rebeldia. Ora, o conjunto se desdobra, desde e por toda a
Eternidade, aos olhos de Deus. Passado, presente e futuro são palavras
que as vossas limitações inventaram e que, para ele, carecem de significado:
Deus é O QUE É, de toda e para toda a Eternidade. Não entendeis que,
deixando ao homem inteira liberdade de usar das faculdades de querer, pensar e
agir, seu olhar penetrante veja, ao mesmo tempo, o que fará o homem dessa
liberdade? O maquinista, que vê o desastrado ou o curioso aproximar-se
demasiadamente da máquina, percebe de antemão os efeitos dessa imprudência; mas
de inteligência muito limitada, não pode saber de antemão qual o uso que o
homem fará do seu livre arbítrio, se consumará ou não o ato, porque não lhe
pode LER O PENSAMENTO, nem perscrutar a AÇÃO DA VONTADE. Para ele
haverá sempre solução de continuidade – um passado, um presente e um futuro na
sucessão dos atos – por mais imperceptível seja o intervalo que, a seus
olhos, os separem, no uso do livre arbítrio. Deus, porém, para quem
passado, presente e futuro nada significam; que, sem solução de continuidade,
lê o pensamento do homem e vê a ação da sua vontade, DEUS TEM SEMPRE A VISTA
A SÉRIE E AS CONSEQÜÊNCIAS DE TODAS AS COISAS, E SABE QUAL O USO QUE O HOMEM
FARÁ DO LIVRE ARBÍTRIO. A razão é muito simples: para Deus tudo é
continuamente, eternamente INSTANTÂNEO. Não há comparação possível entre
o astro luminoso, que brilha com o máximo fulgor, e a pálida centelha que se
reflete no arroio em que se extingue; entre o SER INFINITO, que irradia sobre
todos O QUE É, e as vossas inteligências fragílimas. Por isso dissemos, e agora
repetimos, que A PRESCIÊNCIA DIVINA É UMA FACULDADE QUE NÃO TENDES
POSSIBILIDADE ALGUMA DE ANALISAR.
JESUS E OS HOMENS – I
P
– O Espírito da Verdade poderia explicar quais eram os meios de vida e de
nutrição do corpo que Jesus tomou, para o desempenho da sua missão terrena?
R
– Já vos dissemos: Jesus tomou um corpo de natureza perispirítica, análogo aos
corpos dos habitantes dos mundos superiores, porém mais materializado do
que estes, por também terem entrado na sua composição fluidos ambientes do
vosso planeta. Tal corpo teria, portanto, as mesmas propriedades que os corpos
dos Espíritos Superiores, os mesmos meios de vida e nutrição. As
necessidades da vida e da nutrição materiais, a que estão sujeitos os corpos
humanos, desaparecem quando o Espírito – purificado, tendo atingido certo grau
de elevação moral e intelectual – passa (livre de qualquer contato com a
matéria) a encarnar, ou melhor – a incorporar fluidicamente nos mundos
superiores. Desde então, as necessidade de vida e de nutrição se tornam
conformes ao meio em que o Espírito se encontra, revestindo um corpo de
natureza perispiritual. Este corpo, bem como o perispírito de cuja natureza ele
participa, haure os elementos de vida e de nutrição NOS FLUÍDOS AMBIENTES
QUE LHE SÃO PRÓPRIOS E NECESSÁRIOS, ASSIMILANDO-OS. Tais fluídos bastam ao
sustento dos princípios constitutivos do mesmo corpo. A assimilação dos fluídos
ambientes, para o efeito da nutrição e da conservação da vida, se efetua de
acordo com as leis a que eles estão submetidos, LEIS QUE O HOMEM AINDA NÃO
PODE CONHECER NEM COMPREENDER. Somente quando soa a hora, dentro da Lei da
Evolução, lhe serão explicados a natureza desses fluídos, as leis a que estão
submetidos, o emprego a que se destinam, e as funções que desempenham. É cedo
para entrarmos nessas particularidades. Limitamo-nos, por ora, a lhe fazer
notar que, nos mundos materiais, a cujo o número pertence a Terra, onde a união
da matéria com a matéria é necessária para a formação da matéria, o homem,
revestido de um invólucro material, formado segundo as leis da
procriação e reprodução materiais, está sujeito a uma alimentação material,
tirada dos reinos vegetal e animal. Além desse invólucro que, depois da
“morte”, É RESTITUÍDO À MATÉRIA em forma de cadáver e a que chamais corpo
humano, o homem tem outro invólucro, de natureza fluídica, a que destes o
nome de perispírito e que, após a “morte”, fica sendo o CORPO FLUÍDICO DO
ESPÍRITO e lhe constitui a individualidade humana. Para manter a vida e
efetuar a nutrição desses dois invólucros, dispõe o homem de órgãos e aparelhos
elaboradores dos elementos e dos meios necessários àquele fim: uns se destinam
a operar a nutrição material do corpo humano, tirando-a dos elementos líquidos
e sólidos, com o concurso dos elementos que lhe são próprios e necessários;
outros servem para absorver os fluidos ambientes, apropriados à vida e à
nutrição do perispírito ou envoltório fluídico. A ALIMENTAÇÃO MATERIAL não
é, pois, necessária, nem possível, senão ao homem revestido de um corpo
material, nos mundos materiais. Quando o Espírito encarna, ou, melhor, INCORPORA
FLUIDICAMENTE EM
MUNDOS SUPERIORES , onde o corpo é de natureza
perispirítica, a vida e a nutrição se mantêm pela absorção dos fluídos
ambientes apropriados. A planta não precisa beber nem comer, para se alimentar:
alimenta-se absorvendo, da terra e do ar, os sucos e os fluídos que lhe são
próprios e necessários. O ESPÍRITO, QUER NA ERRATICIDADE, QUER REVESTINDO UM
CORPO DE NATUREZA PERISPIRÍTICA, NÃO TEM NECESSIDADE (NEM POSSIBILIDADE, COMO
VÓS) DE COMER E DE BEBER. Também ele absorve, como meio de nutrição, para
entreter o funcionamento da vida, os fluídos ambientes necessários à
sustentação dos princípios constitutivos do perispírito, QUANDO SE TRATA DE
UM ESPÍRITO ERRANTE; e, quando se trata de UM ESPÍRITO INCORPORADO
FLUIDICAMENTE, os fluídos necessários à sustentação dos princípios
constitutivos do perispírito e do corpo fluídico, de natureza semelhante à
desse perispírito que o assimilou, COMPOSTO UNICAMENTE DE FLUÍDOS E LIBERTO
DO APODRECIMENTO, O QUE NÃO SE DÁ COM OS VOSSOS CORPOS MATERIAIS!
JESUS E OS HOMENS – II
P
– Compreendemos agora a maravilha que é a Lei da Evolução, neste confronto de
Jesus com os homens. Pode o Espírito da Verdade antecipar o que seremos no
futuro?
R
– Chegou o momento desta explicação. Por sua natureza, o corpo que Jesus
revestiu não foi mais que um espécime, prematuro entre vós, do organismo humano
TAL QUAL VIRÁ A SER EM
ALGUNS PONTOS DO VOSSO PLANETA, para a encarnação de
Espíritos que terão atingido certo grau de elevação. Que a verdadeira Ciência,
isto é, AQUELA QUE NÃO TEM O PRECONCEITO DA IMOBILIDADE, observe o
passado e o que hoje é futuro, à medida que o tempo for correndo, e descobrirá
os precursores materiais dessas organizações que, por enquanto, ainda parecem
impossíveis. O homem (referindo-nos aqui à espécie e não ao sexo, pois do
contrário designaríamos de preferência a mulher, como sendo de organização mais
adiantada) – o homem, do ponto de vista fisiológico, se irá modificando, a
matéria tornando-se mais fraca, o sistema nervoso mais desenvolvido, a
inteligência mais precoce, E ULTRAPASSANDO MUITAS VEZES A FORÇA FÍSICA;
o Espírito, enfim, irá dominando a matéria e a carne diminuindo, à medida que o
sistema nervoso se for desenvolvendo e a força vital-animal substituída pela
força espírito-nervosa. Tais os indícios que vos prevenirão da MUDANÇA
que se há de operar em vós.
Todo o sistema se irá depurando, pouco a pouco: no sangue
espesso, que circula em vossas veias, o fluído vital substituirá, cada vez
mais, as moléculas corruptoras; o sistema nervoso se desenvolverá à custa da
cobertura de carne, até ao momento em que esta última, reduzida ao estado de
simples película, acabará por desaparecer inteiramente, cedendo lugar a um
envoltório fluídico tangível, dissolúvel sem abalo e sem sofrimento. Os
próprios nervos nesse ponto do desenvolvimento, se assemelharão aos finíssimos
filamentos em cuja trama balouçam no ar os microscópicos insetos que os tecem
no outono, filamentos a que dais o nome poético de FIOS DA VIRGEM.
Mudarão de natureza, pouco a pouco, invadidos também, gradativamente, pelo
fluído vital nervoso. Ganharão em flexibilidade e brandura o que forem perdendo
em volume. Na
mesma proporção aumentará sua sensitividade e, harmonizando-se esta com o
invólucro que os cobre, o conjunto acabará por ser o que, para nos fazermos
entender, chamamos UM PERISPÍRITO TANGÍVEL, um corpo igual ao dos
habitantes de planetas mais elevados que a Terra. Agora, é fácil fazer-vos
compreender a vida e a nutrição desse corpo. Não conheceis, no reino animal,
insetos constituídos de tal forma que seus órgãos se contentam, para alimentar
o corpo, com o ar puro que os banha, com as matérias (inapreciáveis para vós)
contidas no orvalho que cai, gota a gota, sobre as folhas que os envolvem,
gotas que eles, entretanto, não bebem, limitando-se a lhes aspirar as
emanações? TAL O ORGANISMO DO ESPÍRITO QUE CHEGOU AO PONTO DE REVESTIR
INVÓLUCRO INDÊNTICO AO QUE JESUS TOMOU, porque esse corpo, de natureza
perispirítica, era, com relação ao Mestre, O MAIS GROSSEIRO QUE A SUA
GRANDEZA ESPIRITUAL PODERIA REVESTIR. Nas encarnações ou incorporações
desse gênero, a absorção se efetua tanto pelos poros como pela respiração. O
ser todo se nutre das substâncias sutis que o envolvem, que o penetram e lhe
asseguram a manutenção. Passo a passo, chegareis lá. Estudai, primeiro,
indivíduos fenomenais, do vosso ponto de vista, uns que se alimentarão somente
de água ou qualquer líquido insípido; outros que – contra todas as regras – NÃO
TERÃO NECESSIDADE DE ALIMENTO ALGUM. Tais fenômenos, incompletos a
princípio, apresentarão o aspécto de uma enfermidade: a ciência humana os
estudará, experimentará E NÃO DESCUBRIRÁ A CHAVE DO ENIGMA. Depois, os
casos se multiplicarão, e a ciência acabará por admitir que CERTAS
COMBINAÇÕES DA NATUREZA PODEM VIVER FORA DAS LEIS ORGÂNICAS POR TODOS
CONHECIDAS. Depois, ainda, será forçada a reconhecer que as exceções
crescem ao ponto de formarem a regra! Disseminai o conhecimento do Magnetismo
Total; preparai as coisas de maneira a que, nas gerações futuras, se opere a
EMANCIPAÇÃO ESPIRITUAL; depurai a matéria; purificai o sangue, carregando-o de
fluídos, e ajudareis a libertação do Espírito, na sua luta e na sua vitória
contra a matéria!
JESUS E OS HOMENS – III
P
– Só mesmo o conhecimento da Verdade pode libertar o homem de todas as suas
limitações e sofrimentos! É o que todos estamos vendo no confronto “Jesus e os
homens”, com ensinamentos tão úteis! Por isso perguntamos ao Espírito da
Verdade: chegaremos a dominar completamente a matéria?
R
– Já vos dissemos: passo a passo, chegareis lá. Semelhante estado, que
para vós constitui um fenômeno, não poderá durar na humanidade, como
ordinariamente ela é. Alguns casos apenas, tidos ainda por mórbidos,
oferecem exemplos desse estado. São os primeiros ensaios que a Natureza sempre
faz, antes das CRISES DE TRANSFORMAÇÃO GERAL. Os que aqui se apresentaram
são, realmente, casos mórbidos, ou considerados tais, porque, dada a vossa
posição atmosférica e com os órgãos de que dispondes, aos indivíduos que –
fora das regras admitidas e necessárias às funções do corpo – tentam esse modo
de existência, faltam os elementos para consegui-lo: não basta, ainda, a
alimentação por meio do ar ambiente à grosseria de seus organismos, que se
esgotarão ao cabo de certo tempo, por efeito dos esforços que serão
obrigados a fazer, a fim de absorverem e assimilarem os fluidos. Só de
longe em longe têm aparecido desses casos; pouco a pouco, porém, eles se
multiplicarão, até ao momento em que a maioria dos Espíritos que povoam o vosso
planeta SEJA COMPOSTA DOS QUE SE ACHEM LIBERTOS DAS NECESSIDADES MATERIAIS,
por já se haverem elevado bastante. Então, os encarnados materialmente se verão
classificados entre os inferiores, até que também se libertem daquelas
necessidades. Mas esse progresso, como toda transformação, só muito lentamente
poderá operar-se. Sujeito igualmente à Lei do Progresso, o vosso planeta
evoluirá no mesmo sentido. Outros serão os princípios alimentares que a
Terra oferecerá: os elementos materiais de nutrição se tornam cada vez mais
raros! O abuso que o homem faz de tudo o que está ao seu alcance CAUSARÁ
A DESTRUIÇÃO DOS ANIMAIS, DAS PLANTAS ALIMENTICIAS, DAS ÁRVORES E, MESMO, DAS
FLORES! Privado gradualmente dos recursos que a terra oferece, ele buscará
na ciência UM REMÉDIO PARA ESSA PRIVAÇÃO. Criará uma alimentação factícia,
produto de combinações químicas; extrairá, dos fluídos que o envolvem, as
partes materiais que o seu organismo possa assimilar, da mesma forma que da
matéria extraiu o calor, do ar a força, do carvão a luz. ESTUDARÁ A MANEIRA
DE VIVER SEM ALIMENTO MATERIAL! As gerações, que se forem sucedendo, trarão
progressivamente organismos mais aperfeiçoados, cada vez menos materiais, cada
vez mais fluídicos, até chegardes à era que vos anunciamos. Não
esqueçais que a temperança, o equilíbrio sexual e a pureza dos pais INFLUEM
NOS ORGANISMOS DOS FILHOS, não só atraindo Espíritos mais elevados para
encarnarem na família, como também lhes fornecendo um instrumento corporal mais
perfeito e manejável para grandes missões. Não há capricho nem acaso na obra
do progresso e transformação. Os Espíritos que encarnam em condições de
serem considerados, do vosso ponto de vista, INDIVÍDUOS FENOMENAIS,
serão Espíritos mais ou menos elevados, objeto de ponto de partida, para
as investigações da Ciência digna deste nome, despertando a atenção para certas
questões e fornecer os materiais necessários ás construções futuras. E ainda
vos diremos, para terminar este capítulo: fácil vos será perceber a
transformação que se há de verificar na matéria exterior. Tempo virá em que,
tornando-se cada vez mais rara a alimentação material ( e já começou A SER
DIFÍCIL), o homem se verá arrastado à mudanças de substâncias nutrientes, a
chamar em seu auxílio as ciências, para que sustentem seus órgãos SEM
PRECISAR RECORRER ÀQUELAS SUBSTÂNCIAS. Essas preparações, conquanto dêem
resultado como alimentação factícia, acarretarão, desde logo um desvio de
comportamento animal, enfermidades e empobrecimento do organismo humano.
Depois, no curso das gerações que se forem superando, os órgãos que nos pais
apresentavam lesões SE REPRODUZIRÃO MODIFICADOS NOS FILHOS, apropriados
ao novo regime da Terra. Em seguida, esses órgãos, que se irão tornando cada
vez mais sensíveis, também mais facilmente poderão assimilar os elementos
nutritivos que a vossa atmosfera contém. Finalmente, os cataclismos que inevitavelmente
abalarão todo o vosso planeta – E DOS QUAIS LHE RESULTARÁ A RECONSTITUIÇÃO
FÍSICA – auxiliarão o desenvolvimento das novas faculdades gástricas da
humanidade terrestre.
JESUS E OS HOMENS – IV
P
– Formulamos duas perguntas ao Espírito da Verdade: 1ª) – Estando Jesus isento
da necessidade de qualquer alimentação humana, isento de todas as necessidades
inerentes à humanidade terrestre, como se passavam as coisas quando ele, à
vista dos homens, tomava alimentos durante a sua missão, quer antes do seu
aparecimento conhecido pelo nome de “ressurreição”, quer depois? 2ª) – Como se
davam o desaparecimento de Jesus, quando o supunham no deserto ou no cimo da
montanha, e o seu reaparecimento entre os homens?
R
– Os Espíritos Superiores que o cercavam (em número, para vós, incalculável),
todos submissos à sua vontade, seus auxiliares dedicados, faziam desaparecer os
alimentos que lhe eram apresentados e que não tinham, para Jesus, qualquer
utilidade. Aqueles Espíritos os subtraíam da vista dos homens, de modo a lhes
causar completa ilusão, à medida que parecia serem ingeridos pelo Mestre,
cobrindo-os, para esse fim, de fluidos que os tornavam invisíveis. Feito
isso, os levavam e dispersavam de forma que pudessem servir (e serviram) para a
satisfação das necessidades de outras criaturas. Jesus (notai-o bem,
seguindo-lhe os passos no desempenho da sua missão terrena) só muito raramente
– durante todo o tempo daquela missão, assim antes como depois do seu
reaparecimento, chamado “ressurreição” – tomou parte, aos olhos dos homens,
nas refeições humanas. Fazia-o unicamente quando “era preciso”, seja para os
convencer da sua condição de homem, seja a título de ensinamento vivo, com o
exemplo permanente da Caridade, do Amor e do Perdão. Aqueles que o acompanhavam
sempre, não se surpreendiam com a sua maneira de viver. Viam-no orar e, sendo a
do jejum uma lei rigorosa entre os judeus, criam que Jesus a observava à risca,
para se mortificar, dando testemunho da sua Perfeição. Quanto ao
desaparecimento e reaparição do Cristo, a explicação não menos simples. Ao
Espírito é dado libertar-se temporariamente do invólucro material de que se
ache revestido, conservando-se ligado e preso a ele POR UM CORDÃO FLUÍDICO,
INVISÍVEL AOS HOMENS. Pode assim o Espírito, algumas vezes, libertar-se do
corpo pelo desprendimento durante o sono e, em casos muito raros, quando o
indivíduo, sem estar dormindo, se encontre num “estado de êxtase” mais ou menos
pronunciado. Pode mesmo, pela bicorporeidade, pela bilocação e com o auxílio do
perispírito, tornar-se visível e tangível – sob todas as aparências do corpo
humano – de modo a produzir ilusão completa. PODE AINDA, EM CASOS EXCEPCIONALÍSSIMOS ,
E TENDES DISSO EXEMPLOS COMPROVADOS E AUTÊNTICOS, TORNAR-SE VISÍVEL E TANGÍVEL,
COM TODAS AS FACULDADES APARENTES DA VIDA E DA PALAVRA HUMANA (Afonso de
Liguori e Antônio de Pádua são exemplos dessa natureza). O Espírito
materialmente encarnado não tem meios de desmaterializar o corpo de que está
revestido: esse poder só o tem a decomposição resultante da morte. Mas, ao
contrário, os Espíritos Superiores, quando em estado de encarnação ou
incorporação fluídica, podem – à vontade – materializar o corpo fluídico por
sua natureza, de que se achem revestidos, a fim de torná-lo visível e mesmo
tangível aos vossos olhos, assim como o podem desmaterializar, a fim de que
desapareça de vossas vistas, FAZENDO-O VOLTAR AO SEU ESTADO NORMAL, EM QUE NÃO O VEDES.
Podem, igualmente, modificá-lo, assimilando-o às regiões que devam percorrer.
Mas, desde que estejam sofrendo encarnação ou incorporação, aqueles Espíritos
não podem desligar do corpo que tomaram senão pela morte que, só ela, os faz
voltar a erraticidade com o perispírito que traziam, apresentando este o grau
de purificação que lhe haja resultado da última encarnação ou incorporação. No
que diz respeito ao corpo dos Espíritos Superiores, a morte não passa de uma
desagregação da matéria que envolve o Espírito. Dizemos “matéria” porque os
fluidos que o perispírito assimilou para operar a encarnação ou incorporação,
de fato, para o Espírito, são matéria. Considerada a sutileza dos sentidos de
tais Espíritos, essa desagregação se aproxima bastante da decomposição: para
eles, as matérias que compõem o corpo, ainda que não mais sujeitas ao
aperfeiçoamento se dissolvem visivelmente. Cada um dos princípios do corpo
constitutivos do corpo fluídico se separa, completamente, e volta ao meio de
onde saiu, e que de novo o atrai. Apropriando as Leis Naturais e Imutáveis (que
regem a formação dos corpos fluídicos dos mundos superiores) aos fluidos
ambientes que servem para a formação dos seres terrestres, conforme ao que já
vos explicamos, é que Jesus formou o corpo com que se apresentava aos homens, CORPO
APARENTEMENTE HUMANO, ao qual (para sermos entendidos) demos o nome de
perispírito tangível, apto a LONGA TANGIBILIDADE, graças aos mesmos
fluidos ambientes. Espírito Puro, não sujeito a encarnação ou incorporação
alguma, em nenhum planeta, Jesus formava voluntariamente aquele perispírito
tangível, DO QUAL TINHA O PODER DE SE LIBERTAR. As matérias que o
compunham, de si mesmas sutilíssimas para olhos humanos, podiam desaparecer,
subdividindo-se, e reagregar-se, à vontade do Mestre, para reaparecer. O
conhecimento de que Jesus dispunha (e que só os Espíritos Puros possuem
completo) da natureza dos fluidos empregados para a formação do perispírito
tangível, das propriedades de tais fluidos para produzirem esse resultado sob a
ação das lei de atração magnética – esse conhecimento perfeito aliado à sua
potência espiritual é que lhe facultavam fazer da vista dos homens
desaparecesse o mesmo perispírito, dissociando-lhe os princípios constitutivos,
MAS SEMPRE MANDENDO-OS SOB O PODER DA SUA VONTADE, prontos a se reunirem
de novo.
JESUS E OS HOMENS – V
P
– O confronto de Jesus com os homens, tão bem equacionado pelo Espírito da
Verdade, mostra a insignificância dos que dizem não crer em Deus e no SEU
ÚNICO REPRESENTANTE na Terra, em todos os tempos da Humanidade. Agora,
formulamos nova pergunta ao CEU da LBV: – Que é que ocorria, cientificamente,
quando Jesus desaparecia da vista dos homens?
R
– Não esqueçais: o perispírito que serviu de corpo visível e tangível ao
Cristo, durante a sua permanência entre vós, não era mais que uma veste, que
para ele usava para éster entre os homens, e que abandonava quando desaparecia
de suas vistas, para voltar às regiões superiores. JESUS SE
AFASTAVA TODAS AS VEZES QUE A SUA PRESENÇA ENTRE OS HOMENS DEIXAVA DE SER
NECESSÁRIA. Quando desaparecia, as partes constitutivas do
perispírito tangível apenas se eclipsavam, para surgirem de novo, quando o
mestre o quisesse. Dissemos que apenas se eclipsavam
porque elas se separavam, mas sem deixarem de permanecer tais quais eram, isto
é, sem deixarem de existir, pronta e se reunirem novamente, pela ação da
vontade de Jesus. Não havia solução de continuidade na vida orgânica daquele
corpo, durante a ausência de quem o mantinha. Assim como a formação desse perispírito
tangível, análogo aos corpos dos Espíritos Superiores, MAS QUASE MATERIAL, se deu pela aplicação das Leis Naturais e
Imutáveis e pela apropriação dessas Leis ao vosso planeta, mediante a
utilização dos fluidos ambientes que servem PARA A
FORMAÇÃO DOS SERES TERRESTRES, também às Leis Naturais
e Imutáveis obedeciam a sua vida orgânica, seus desaparecimentos e a maneira
por que Jesus se libertava dele, deixando-o e retomando-o,
até abandona-lo definitivamente quando se verificou a “ascensão”. Ainda não vos
é possível ter a perfeita compreensão destas leis, nem nos é possível
explica-las aos homens enquanto ignorarem a NATUREZA DOS FLUIDOS, suas
combinações, suas propriedades, sob o império da grande Lei Universal de
Atração Magnética, sob o influxo dessa atração e, ao mesmo tempo, sob a ação e
o poder espirituais dos Espíritos Puros. Quando, pois, desaparecia das vistas
humanas, Jesus abandonava o seu perispírito tangível, o seu corpo humano
aparente, que sumia na massa dos fluidos, permanecendo, porém, no meio que lhes
era próprio os princípios que o constituíam. Entendei: o liame que os prendia a
Jesus, sob a ação da sua vontade, era efeito de atração magnética, efeito que
ainda vos é impossível compreender perfeitamente. Os poderes dos Espíritos Puros
e, mesmo, dos Espíritos Superiores, a potencialidade espiritual do Cristo de
Deus – estão MUITO ACIMA DAS
INTELIGÊNCIAS HUMANAS. Só à força de estudar e praticar o
magnetismo humano é que chegareis a compreender o magnetismo espiritual e as
propriedades da sua constante ação sobre toda a Natureza. Uma vez constituído
por Jesus o seu corpo aparente, os elementos que o compunham se conservavam em
estado de permanente e recíproca atração, do qual lhes resultava a reunião
imediata quando, objetivando esse efeito, sob eles atuava a vontade do Mestre.
A desagregação do seu perispírito temporário (temporário porque só lhe serviu
durante sua missão terrena) não era obstáculo a que houvesse um traço de união
entre suas partes integrantes. Gostaríamos de vos fazer compreender essa
extraordinária ação, mas nos faltam os termos na vossa linguagem. Além disso,
obsta a qualquer explicação direta a ignorância em que vos encontrais da NATUREZA E PROPRIEDADES DOS FLUIDOS, de suas ações e
funções na formação e na vida do corpo fluídico dos Espíritos Superiores, na
formação especialíssima do corpo de Jesus, das Leis Naturais e Imutáveis que
regem a formação e a vida desses corpos. Todavia, considerai uma nuvem tocada
pelo vento: ela se dispersa, se eleva à regiões superiores e desaparece de
vossas vistas. Como, porém, há uma tendência para a unificação, logo que sopre
favorável aragem, de novo se reúnem as partes que o vento separou e a nuvem
compacta reaparece. Tal era (mas apenas aproximadamente, pois são falhas todas
as comparações) o efeito que o afastamento espiritual de Jesus produzia sobre o
corpo perispirítico que o tornava visível aos homens. Quando o Mestre se
avizinhava dele, todas as partes componentes daquele corpo se aproximavam e se
reuniam novamente e, conservadas unidas pela sua presença, formavam o todo
representativo de um corpo semelhante ao vosso, isto é, TENDO A APARÊNCIA DO VOSSO, MAS DE NATUREZA DIVERSA.
Pela análise e pela síntese, a química vos oferece numerosos exemplos de
decomposição e composição de corpos que, enquanto reunidos os componentes,
formavam um todo único, de aspecto diverso dos que cada um deles apresenta,
quando dissociados. Considerai o que já consegue a vontade do homem no campo do
magnetismo, de conformidade com a ciência humana, pouco desenvolvida, e com as
experiências que realiza, tão limitadas; considerai os efeitos magnéticos que
ele obtém pela ação permanente da sua vontade, mediante a influência atrativa
dos fluidos e, em seguida, meditai sobre O QUE PODERIA
SER O PODER DA VONTADE DE JESUS,
para que, sob o império dessa vontade se manifestassem os princípios
constitutivos do seu perispírito tangível, tendo o Cristo, como sabeis, O CONHECIMENTO PERFEITO DE TODOS OS FLUIDOS;
de suas naturezas, propriedades e combinações; dos efeitos dessas combinações;
dos modos pelo quais os mesmos fluidos se comportam, na formação e no
entretenimento de um corpo perispirítico análogo aos dos corpos dos habitantes
dos mundos superiores; da maneira de tornar esse corpo APARENTEMENTE HUMANO, pela adjunção dos
fluidos ambientes que, na Terra, servem para a formação dos seres terrestres;
das leis de atração que regulam essas formações, sob a ação do magnetismo
espiritual e da poderosa vontade do Espírito Puro. Ó bem-amados irmãos, quando
chegar O MOMENTO DE RESPONDER ÀS CRÍTICAS
(a incredulidade, filha do orgulho e da ignorância, é o que menos falta a
tantos homens) – poderemos desenvolver o pensamento que domina tudo o que
acabamos de dizer. A cada dia basta o seu labor. Mas repetimos, para concluir:
o perispírito que servia de corpo visível e tangível a Jesus, quando o Mestre
permaneceu entre vós, não era mais que uma vestimenta, que ele tomava para
estar entre os homens, e que despia, logo que se afastava de suas vistas.
Somente depois de finda a sua missão terrena, na época da sua chamada
“ascensão”, os princípios constitutivos desse perispírito (suas partes
componentes) se separaram definitivamente e voltaram aos meios que as atraíam.
Às esferas superiores volveram os fluidos tirados de lá, enquanto a vossa
atmosfera reabsorvia os que dela haviam saído. Poderá existir fato mais
simples? Claro que não, para os que têm olhos de ver.
JESUS E OS HOMENS – VI
P
– Disse o Espírito da Verdade: “Como admitir que Jesus, na qualidade de homem
(o que significa dizer sujeito às necessidades da existência humana), tenha
podido viver quarenta dias e quarenta noites num deserto, sem tomar alimento
algum?” Ora, os materialistas não poderão opor o exemplo de Moisés que,
revestido de um corpo material humano, permaneceu no alto da montanha, quarenta
dias e quarenta noites, sem comer e sem beber, e daí concluir que Jesus (também
revestido de um corpo material humano, aos olhos deles) poderia ter feito o
mesmo?
R
– Mantemos nossas palavras, que acabais de citar. Moisés (diz o “Êxodo”,
capítulo XXXIV, versículo 28) passou quarenta dias e quarenta noites na
montanha, e “não comeu pão nem bebeu água”, durante todo esse tempo.
Efetivamente, Moisés não tomou alimento algum preparado, MAS SE ALIMENTOU DE VEGETAIS SILVESTRES E ALGUNS INSETOS
de que os hebreus se nutriam, quando era preciso. Não esqueçais, tampouco, a
sobriedade natural dos orientais, que de parcos alimentos necessitam, como
todos os habitantes dos climas quentes. Moisés não foi destino no desempenho da
sua missão, antes de entrar na Terra Prometida? Qualquer dos missionários
espirituais (Moisés, Elias, João e tantos outros) teve missão semelhante a do
Cristo, o Ungido do Senhor? Com relação a Jesus, terão dito o mesmo que a
respeito de Moisés? Não. O que está nos evangelhos (Mateus, capítulo IV, v. 2;
Lucas, capítulo IV, v. 2) é que JESUS NADA COMEU;
que jejuou durante quarenta dias e quarenta noites; que, portanto, passou todo
esse tempo sem tomar alimento de espécie alguma, PREPARADO OU
NÃO PREPARADO; que o passou em absoluta abstinência, tal como era
o jejum entre os judeus. Confrontados os textos, não há paridade entre um e
outro caso, pelo que repetimos o que antes dissemos: “Como admitir que JESUS,
sendo homem, sujeito as enfermidades e necessidades da existência humana, tenha
podido viver quarenta dias e quarenta noites num deserto, sem tomar nenhum
alimento, JEJUANDO SEM ALIMENTAÇÃO ALGUMA, NÃO SEMELHANTEMENTE A MOISÉS, QUE SE
ALIMENTAVA DE INSETOS E VEGETAIS SILVESTRES?” É tempo de explicarmos por que
foi indispensável essa “encarnação especial” de Jesus, tal como vos revelamos.
Se admitis que Jesus era um Espírito mais puro, mais perfeito que qualquer
outro adstrito ao vosso planeta; se admitis que, escolhido como O GUIA DA TERRA antes de ser ela tirada do caos, isto é, da
massa dos fluidos que lhe continham os germes, PRECISO ERA
QUE TIVESSE SUPREMACIA SOBRE TUDO E TODOS. Como podereis
achar razoável que um Espírito dessa magnitude suportasse o contato de matéria
tão grosseira, qual a do corpo humano, tal como o compreendeis? Eis aí onde
estaria o “milagre”, pois HAVERIA UMA SUBVERSÃO DA
ORDEM ESTABELECIDA, POR DEUS, DESDE TODA A ETERNIDADE!
Quando tendes de guardar líquidos espirituosos ou éteres, sois obrigados a
procurar recipientes adequados a conte-los, sob pena de os vasos se quebrarem
ou se evaporarem os éteres, voltando a massa dos fluidos de onde os extraístes.
Por que, então, não podeis admitir que UM ESPÍRITO
ETÉREO, COMO O DO CRISTO, TENHA SIDO LEVADO A FABRICAR UM “VASO” APROPRIADO A
ENCERRÁ-LO? Haveis de convir que há grande presunção da parte
dos homens, especialmente dos que teimam em considerar Jesus
uma das três parcelas de Deus (embora tenham Deus por indivisível), quando
pretendem que o Mestre revestiu um corpo igual aos vossos. De fato, isso
equivale a dizer que DEUS, O ESPÍRITO DOS
ESPÍRITOS, A ESSÊNCIA DE INAPRECIÁVEL SUTILEZA,
se haja encerrado num vaso de argila, tão grosseiro como são os vossos corpos.
Meditai e respondei, em plena consciência: podeis admitir semelhante
despautério? Dissemos que aí, sim, é que haveria “milagre”. Realmente, só por
“milagre” seria possível que UM ESPÍRITO TÃO SUTIL, TÃO
ETÉREO, COMO O DO CRISTO, suportasse o contato de matéria tão
grosseira como a do corpo humano, visto que TAL FATO
ESTARIA FORA DAS LEIS NATURAIS E IMUTÁVEIS, importando, pois,
numa subversão da ordem estabelecida, por Deus, desde toda a Eternidade!
JESUS E OS HOMENS – VII
P
– Graças às lições do Espírito da Verdade, vemos que estão fora da Lei Divina todas as religiões fundadas pelos homens,
por mais respeitáveis que sejam. Como devem os fiéis dessas crenças entender a
aparição de Jesus no seio da humanidade terrestre?
R
– O Espírito imaterial,
isto é, o ESPÍRITO PURIFICADO
não pode retomar um invólucro material e consistente que não esteja em relação
com a sua sutileza. Pode apropriar para seu uso um invólucro muito inferior à
sua natureza espiritual, MAS NÃO PODE, TENDO CHEGADO
AO MÁXIMO GRAU DE PURIFICAÇÃO, RETOMAR A MATÉRIA PRIMITIVA, PORQUE A LEI DIVINA
NÃO PERMITE. Por ser essencialmente etéreo, o laço fluídico,
que haveria de prender o Espírito à matéria, não poderia aderir à matéria
corporal humana. Entretanto, o mesmo Espírito pode colocar-se em relação com um
corpo fluídico que, para vós, é imaterial mas que, de fato, é ainda grosseiro,
relativamente ao estado de purificação e sutileza de certos Espíritos. O
perispírito dos Espíritos Puros é, por sua sutileza, de natureza muito diversa,
pelo o que toca à atração, da natureza do perispírito dos materialmente
encarnados, O QUE LHE TORNA IMPOSSÍVEL
ADERIR À MATÉRIA DO CORPO HUMANO. Tomando um corpo próprio
de certos mundos elevados, Jesus tomava um invólucro relativamente material, para os olhos humanos, uma carne relativa. O
“milagre”, na significação que ainda hoje se dá a esta palavra, consiste na prática de um ato ou na ocorrência de um fato em oposição às leis
estabelecidas da Natureza. “Milagre” seria um homem gerar um leão, um
elefante dar vida a uma baleia. “Milagre” haveria, com efeito, na realização
das predições segundo as quais as estrelas cairiam do céu, porque tais fatos
estariam fora da lei orgânica e regular das coisas. Mas os fatos, CUJO CONHECIMENTO ESCAPA A INTELIGÊNCIA HUMANA,
nada têm de milagroso. Se, para os homens, apresentam esse caráter, e porque eles ignoram AS SUAS CAUSAS. Com o correr dos tempos
e a purificação progressiva dos Espíritos, o estudo lhes demonstrará que O QUE AINDA HOJE É TIDO POR IMPOSSÍVEL,
notadamente quanto à encarnação nos mundos superiores, quanto à encarnação de
Jesus num mundo inferior, DEVE SER CLASSIFICADO ENTRE
OS EFEITOS DE LEIS NATURAIS, exatamente como sucede com o movimento dos
astros, as mudanças das estações, as marés e tudo o que diariamente se passa
debaixo dos vossos olhos, inclusive a geração dos seres e das plantas, fato que
vos parecem naturalíssimos, SE BEM QUE NÃO OS CONHEÇAIS
INTIMAMENTE. Que os que rejeitam a revelação que vos fazemos,
da natureza de Jesus e da sua origem, se reportem à vida inteira do Mestre, aos
fatos do Evangelho que, explicados EM ESPÍRITO E
VERDADE , À LUZ DO NOVO MANDAMENTO,
militam a favor desta revelação. Que se iniciem, sem demora, nos estudos das
Verdades Divinas. Depois, fácil lhes será compreender e admitir a Religião de Deus, de Jesus e do Espírito Santo,
que paira muito acima das crenças baseadas em superstições e preceitos humanos.
Chegará a vez de todos, pois já estamos na HORA DO
APOCALIPSE. Por isso a todos dizemos: – Qualquer que seja a
vossa opinião sobre a natureza e origem do Cristo, quer considereis seu corpo
material, quer fluídico, quer vejais nele um Homem-Deus, quer um Messias do
Altíssimo – admirai-lhe a figura incomparável, a irradiar sobre vós;
examinai-lhe o amor e o devotamento à Humanidade; esforçai-vos por imitá-lo, e
podeis ter a certeza de chegar, um dia, EM TEMPO BREVE ,
à luz da Verdade que liberta e salva!
Nenhum comentário:
Postar um comentário