quinta-feira, 31 de outubro de 2013

CÂNTICO DE SIMEÃO // O MENINO JESUS

CÂNTICO DE SIMEÃO


P – A restauração da Verdade, nos Quatro Evangelhos de Jesus, é a obra mais importante do mundo, para a unificação de todos os cristãos. Qual a explicação do CEU da LBV, para os versículos 25 a 35, Capitulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Lucas?

R – Eis a passagem evangélica:

25 – Havia em Jerusalém um homem justo e temente a Deus, chamado Simeão, que vivia à espera da consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. 26 – Pelo Espírito Santo lhe fora revelado que não morreria antes de ter visto o Ungido do Senhor. 27 – Impelido pelo Espírito, foi ao templo e, como os pais do menino Jesus o tivessem levado lá, a fim de o submeterem ao que a lei ordenava. 28 – Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo: 29 – “Agora, Senhor, deixas partir o teu servo em paz, segundo a tua palavra, 30 – pois meus olhos viram o Salvador que nos dás, 31 – e que fizeste surgir à vista de todos os povos, 32 – como luz a ser mostrada às nações e para glória de Israel, teu povo”. 33 – O pai e a mãe de Jesus se admiravam das coisas que eram ditas de seu filho. 34 – Simeão os abençoou e disse à Virgem Maria: – “Este menino vem para ruína e ressurreição de muitos em Israel, e também para ser alvo da contradição dos homens. 35 – E a tua alma será transpassada como por uma espada, a fim de que os pensamentos ocultos nos corações de muitos sejam descobertos.

Simeão, homem justo e temente a Deus, vivia a espera do Cristo predito e prometido. Estas expressões: “O Espírito Santo estava nele” – “pelo Espírito Santo lhe fora revelado” – impelido pelo Espírito”, eram, como sabeis, típicas do linguajar hebraico. Já o explicamos: para os judeus, tudo o que resultava de uma inspiração e que eles não compreendiam, era feito pelo Espírito Santo. Quer dizer: do ponto de vista em que se achavam era o Espírito do próprio Deus a animar e inspirar os homens. Simeão recebeu do seu Anjo da Guarda a inspiração (é o que, na vossa linguagem humana, chamais de pressentimento) de que não morreria antes de ver o Cristo de Deus. Por efeito dessa inspiração houve, de sua parte, intuição e convicção. Daí ser impelido a ir ao templo, onde – esclarecido pela mesma inspiração – tomou nos braços o “menino Jesus” e logo o proclamou o Salvador esperado, pronunciando as palavras do cântico. E, porventura, não se cumpriram as palavras proféticas do inspirado Simeão? Jesus não foi exposto no Gólgota para aquele tempo e para o futuro, até ao fim dos séculos à contemplação de todos os povos, como a luz que havia de iluminar e ilumina todas as nações? Não foi exposto pelos Apóstolos e discípulos à contemplação de todas as gentes até aos vossos dias? Não o vai ser ainda, e cada vez mais, pelo Espírito da Verdade, até que o Cristo reine sobre todos? Estas outras palavras de Simeão, falando a Jesus: “como luz a ser mostrada às nações e pra glória de Israel” – se referem, no seu sentido oculto, em espírito e verdade, à satisfação imensa que experimentará o povo de Moisés por ter sido escolhido pelo seu monoteísmo – para receber esse penhor de redenção. Porque, desde então, Israel significa toda Humanidade. O cântico se aplica aos séculos vindouros, não só à época  em que Simeão falava: aplica-se, também, à vossa época, ao ciclo apocalíptico final. Quando a luz do Cristo se houver espalhado por toda a terra, os judeus se lembrarão de Moisés e das palavras de Simeão, felizes por terem sido o primeiro facho de onde ela se espargiu. Embora, a princípio, tenham colocado a luz de baixo do alqueire, nem por isso será neles menos vivo o SENTIMENTO DA GRATIDÃO. Essa hora está próxima, basta apenas aguarda-la. As últimas palavras do cântico: “Este menino vem para a ruína e ressurreição de muitos em Israel, e também para ser alvo da contradição dos homens”, representam no seu sentido oculto, também em espírito e verdade, previsão das querelas religiosas quanto a Jesus, sua origem e sua natureza; quanto ao seu aparecimento e à sua passagem pela Terra; quanto à sua posição com referência a Deus, ao vosso planeta e à Humanidade terrestre; quanto aos seus poderes e à sua autoridade espiritual. Aludem, sobretudo, à oposição feroz que as “figuras notáveis” de Israel moveram contra a Doutrina do Mestre. Na verdade, tais querelas continuaram pelos tempos adiante, e ainda se fazem sentir nos vossos dias. Ora, para aqueles “notáveis” de então, Jesus foi, realmente CAUSA DE RUÍNA porque eles tiveram de expiar, em dolorosas reencarnações, o orgulho, a cupidez, a ambição desenfreada, todas as paixões más que os dominavam. E não só para os romanos, mas também para os israelitas, Jesus foi, é e será, POR ALGUM TEMPO AINDA, causa de ruína. Todos OS QUE REPELIRAM, E Hoje teimam em repelir, sua Doutrina de Verdade encerrada em seu Novo Mandamento, tanto na ordem material, quanto na ordem moral e intelectual, encontrarão nele a causa de sua ruína. Em tal caso, Jesus é o obstáculo imprevisto, de encontro ao qual todos eles terão de esbarrar. Mas a culpa daquele que repele a Lei do Cristo, por não a ter compreendido bem (muita vez por não lhe ter sido bem ensinada), não pode ser considerada tão grave quanto a daquele que CONHECEDOR DO SENTIDO PROFUNDO DESSA LEI o desnatura ou obscurece, a fim de manter as almas subjugadas! Para os que caminhavam nas trevas e que, com alegria, se dirigiram para a luz, Jesus foi, é e será sempre, uma CAUSA DE RESSURREIÇÃO. Esses ressuscitaram. Ressuscitaram no sentido de que, deixando de permanecer no estado de degradação, que os distanciava do céu a que aspirais, entraram no caminho da Verdade e do Progresso, que rapidamente conduz à felicidade espiritual. Estavam mortos, visto que a existência para eles só tinha uma saída – o sepulcro. Ressuscitaram transpondo as portas do túmulo, voando para o seu Criador ao impulso da Fé, da Esperança e da Caridade. Finalmente as palavras de Simeão à Virgem Maria: “E a tua alma será transpassada como por uma espada, a fim de que os pensamentos ocultos nos corações de muitos sejam descobertos”, fazem alusão à morte de Jesus, o que foi, humanamente uma grande dor para ela, e – por outro lado – motivo para profissão de fé e deserção vergonhosa de muitos. Sim, a morte de Jesus foi, humanamente, uma grande dor para Maria. Ela estava convencida do futuro brilhante do Filho de Deus, Salvador do Mundo; mas em virtude das crenças que devia ter (e tinha), sofreu humanamente pela morte do filho, que acalentara nos braços, com tanto amor, e cujos progressos acompanhara, admirando-o e adorando-o pelas suas obras.


O MENINO JESUS


P – Como explica o CEU da LBV os versículos 36 a 40, Capitulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Lucas?

R – Esta é a passagem:

36 – Havia, também, uma profetisa chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Estava em idade muito avançada, e não vivera senão sete anos com o marido, desde que se casara. 37 – Era, então, viúva, contava oitenta e quatro anos e não se afastava do templo, servindo a Deus, dia e noite, em jejuns e orações. 38 – Chegando ao templo naquele instante, pôs-se a louvar o Senhor e a falar do menino a quantos esperavam a redenção de Israel. 39 – Depois de terem cumprindo tudo o que era ordenado pela lei do Senhor. José e Maria regressaram à Galiléia, indo para Nazaré, sua cidade. 40 – E o menino crescia e se fortificava, cheio de sabedoria, porque nele estava a graça de Deus.


Fala o Espírito da Verdade: – Ana era médium audiente e falante. Era chamada profetiza porque possuía, sob a influência e a proteção dos Espíritos do Senhor, a faculdade de predizer certos acontecimentos. Era um Espírito elevado, muito desenvolvido mediunicamente, como os profetas que apareceram em Israel. O povo, como sabeis, considerava os profetas como inspirados, mesmo pelo Altíssimo. Na realidade, eram médiuns. As palavras de Ana foram semelhantes às de Simeão. Quanto ao versículo 40, deve permanecer no lugar que ocupa: nenhuma relação tem com ambos os cânticos. Ele se aplica à época que se seguiu à apresentação no templo. Jesus, estando fora da vossa humanidade, não teve uma infância semelhante a de todos vós, por isso que seu corpo, não sendo mais que um perispírito quase material, com a aparência da corporeidade humana, encobria (dada a sua natureza puramente perispirítica) UM ESPÍRITO PERMANENTEMENTE LIVRE. Ele, portanto, agia sob a influência desse Espírito, de um modo sempre superior a tudo o que se possa esperar do menino mais desenvolvido. “O menino, diz o Evangelista, crescia e se fortificava, cheio de sabedoria, porque nele estava a graça de Deus.” Isso não é mais do que a apreciação humana, que a narração evangélica havia de refletir (e reflete). Tendo a aparência humana, o corpo de Jesus seguia, aos olhos dos homens, a linha de desenvolvimento de qualquer terrícola, MAS SEMPRE EM CONDIÇÕES DE ABSOLUTA PRECOCIDADE. Jesus, para os homens, crescia corporalmente, e a sua inteligência se desenvolvia. Tais progresso e desenvolvimento, na humanidade, podem ser acompanhados, observando-se uma criança. Perguntamos: não há na Terra algumas, entre muitas da mesma idade, por menor que seja esta, mais fortes e inteligentes? Como não ser assim com relação àquele em que não havia mais que a APARÊNCIA DA INFÂCIA? E não é compreensível que seus primeiros passos no mundo que habitais – assim como todo o resto da sua passagem por ele – tivessem a marca-los um cunho particular, excepcional? E “nele estava a graça de Deus” porque, sendo tudo nele puro e santo, santos e puros haviam de ser (foram) todos os seus atos e palavras. Na sua primeira “infância”, aos olhos dos homens, ele esteve isento, como podeis facilmente concluir, das faltas e fraquezas da infância humana. FOI PERFEITO DESDE OS PRIMEIROS INSTANTES, e isso, naturalmente, provocou em todos admiração e espanto. Porque todos sentiam, sem o saber explicar, o “toque divino” no Menino Jesus.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

BOA VONTADE


BOA VONTADE - I


P – A Doutrina do Centro Espiritual Universalista (CEU) é de uma clareza impressionante. Agora, sentimos a grandeza da sentença de Jesus: “Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará”. Qual a explicação do CEU para os versículos 8 a 20, Capitulo Segundo, do Evangelho de Lucas?

R – Esta é a passagem evangélica:

8 – Ora, havia no país muitos pastores, que passavam as noites no campo, revezando-se na guarda dos seus rebanhos. 9 – De repente, um Anjo do Senhor se lhes apresentou, a claridade de Deus os envolveu, e eles se sentiram presa de grande temor. 10 – Então, o Anjo lhes disse: “Não tenhais medo, pois venho trazer-vos uma noticia que, para vós, como para todo o povo, será motivo de grande alegria: 11 – é que, hoje, na cidade de David, nasceu o Salvador, que é o Cristo, o Senhor. 12 – Eis o sinal que vos fará reconhece-lo: encontrareis um menino envolto em panos, deitado numa manjedoura”. 13 – No mesmo instante reuniu-se ao Anjo uma multidão milícia celeste, louvando o Senhor e dizendo: 14 – Glória a Deus nas alturas, Paz na terra aos homens da Boa Vontade de Deus! 15 – Logo que os Anjos se retiraram para o céu, os pastores disseram entre si: – Vamos até Belém para verificar o que acaba de ser dito, o que aconteceu e o Senhor nos mostra, 16 – Partiram, apressadamente, e encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura. 17 – E, tendo-o visto, reconheceram a verdade do que lhes fora dito a respeito daquele menino. 18 – E todos aqueles, que os ouviam, se admiravam do que era contado pelos pastores. 19 – Maria prestava atenção ao que diziam, e tudo guardava no seu coração. 20 – E os pastores regressaram, glorificando e louvando ao Senhor Deus, por tudo quanto tinham visto e ouvido, conforme ao que lhes fora anunciado.

Em primeiro lugar, quanto à aparição do Anjo aos pastores, e quanto às palavras que lhes dirigiu, a mediunidade esclarece como puderam eles ver e ouvir: eram videntes e audientes. No que se refere à luz, à claridade que os envolveu, enchendo-os de grande temor, a explicação é a seguinte: sob a ação e a influencia do magnetismo espiritual, achando-se em estado de êxtase por efeito de um completo desprendimento, portanto com a visão desimpedida, os pastores viram os fluidos ambientes, que para vós são incolores, mas para nós espalham grande claridade. ELES OS VIRAM COMO NÓS OS VEMOS, porque essa claridade, relativa ao grau de elevação, de adiantamento do Espírito, para este não deixa de existir e de ser por ele percebida, qualquer que seja sua inferioridade (trata-se de mau ou sofredor), senão quando permanece nas trevas.Não compreendendo a causa simples de tal claridade (cláritas Dei), que olhos comuns não podem distinguir senão em casos excepcionais, em situações como aquela em que eles se encontravam, os pastores tomaram por uma luz divina, manifestação do próprio Deus, a luminosidade dos fluidos ambientes: por isso mesmo, lhe deram a designação de “claridade de Deus”. A ciência terrestre, por meio do magnetismo humano e do sonambulismo, já observou (com auxílio de sonâmbulos suficientemente lúcidos e impressionáveis), a luz, a claridade que os fluidos magnéticos e elétricos, em estado latente, espalham em derredor; assim como a luminosidade dos corpos, a luminosidade que apresentam sob a forma de vapor luminoso, os objetos, os metais, a madeira. E a ciência, por meio do magnetismo humano e do sonambulismo, com o auxílio de pacientes em condições semelhantes às que apresentavam os pastores, será levada a dar testemunho desse estado luminoso dos fluidos ambientes, fonte de grande e permanente claridade para os Espíritos errantes. Daí decorre que, para eles, não há noite, nem obscuridade, nem opacidade dos corpos, não existindo no espaço obstáculos ou barreiras que lhes detenham a visão espiritual. Aquela fração da milícia celeste não era mais que a multidão dos bons Espíritos prepostos à manifestação espiritual. Por efeito da mediunidade vidente e auditiva, os pastores os viram e escutaram as palavras que conheceis como O CÂNTICO DOS ANJOS, o qual – depois de atravessar tantos séculos – ainda ecoará pelos séculos vindouros: – Glória a Deus nas alturas, Paz na terra aos homens da Boa Vontade de Deus! Um ensino resulta do confronto que se estabeleça entre o que ocorreu com os pastores e o que se deu com os magos: O HOMEM JAMAIS DEVE ORGULHAR-SE DA POSIÇÃO QUE OCUPE NO MUNDO, PORQUE – DIANTE DE DEUS – O MENOR PODE SER O MAIOR. Quais as pessoas que receberam, primeiro, a notícia do nascimento de Jesus? Humildes pastores que viviam sem instrução (e sem orgulho) no seio da natureza, aprendendo no seu livro imenso os segredos da Divindade. São ignorantes? Mas sabem crer, amar e esperar. Tanto basta para serem considerados dignos de receber, antes de tanta gente culta e importante a Boa Nova de Deus. Os dois pontos se extremam: depois deles, são os magos, os sábios, os poderosos, que recebem a Revelação destinada a transpor todas as classes: começando pelos degraus inferiores da escala, terá de subir ao ápice. Os magos também criam, mas neles a fé não era tão pura. Tinham mais curiosidade de verificar um fato duvidoso do que plena confiança nas palavras do Anjo. Todavia, também eles vêm ajoelhar-se diante do menino trazendo-lhe os tributos que se ofereciam ao Senhor. É que, sem o compreenderem, sentem que aquele menino, se de fato existe, deve ser de uma essência superior à deles para causar tamanha expectativa. Seria o Messias tão anunciado desde Moisés? Estaria ali na forma de uma criança, o próprio Filho de Deus?



BOA VONTADE – II


P – Falando da revelação feita, primeiro aos pastores, depois aos magos, disse o Espírito da Verdade: “destinada a transpor todas as classes; começando pelos degraus inferiores de escala, terá de subir até ao ápice”. Que significam estas palavras?

R – São um conselho e um exemplo que se vos dão. Deveis, antes de tudo, LEVAR A BOA NOVA AOS DESERDADOS DO VOSSO MUNDO, que são os mais ansiosos, sem todavia esquecerdes as classes (entre vós) mais elevadas. Vedes, no Evangelho, que o Anjo avisa os pastores e se retira, por saber que eles têm o coração simples e reto. Ele os vigia, mas invisivelmente; ao passo que conduz os magos, mostrando-lhes sempre ao longo do caminho, a estrela que os guiará. E ele os conduz assim por saber que as grandezas mundanas os podem desviar e, portanto, é preciso mantê-los continuamente atentos. Que o Anjo que os avisou vos sirva de exemplo: imitai-º Consagrai àqueles de vossos irmãos, que o mundo considera ínfimos, as primícias dos vossos cuidados e a maior parcela da vossa Boa Vontade. Mas nem por isso desprezeis os “felizes” da Terra, porquanto a eles é que se aplicam no seu verdadeiro sentido, estas palavras, cujo significado as interpretações humanas falsearam: “Muitos os chamados, poucos os escolhidos”. Muitos os chamados e poucos os escolhidos, sim, porque bem poucos sabem aproveitar os meios que a Bondade Divina lhes pôs nas mãos, para progredir e impulsionar o progresso de seus irmãos. Sem dúvida, a felicidade na Terra é uma provação mais suave que a pobreza e a miséria, MAS TAMBÉM MUITO MAIS DIFÍCIL DE SER LEVADA A TERMO. Felizes do mundo, escutai: as riquezas que possuis, não vos foram distribuídas para satisfação vossa; não é para vossa ventura que os acontecimentos estão sempre de acordo com os vossos desejos e necessidades. Não! Não é para vosso gozo material, para incrementar o vosso orgulho, o vosso egoísmo. Nas riquezas tereis de procurar um benefício moral vindouro. Os bens terrestres vos são concedidos como instrumento, meio de amor e caridade para com vossos irmãos, de progresso moral e intelectual para eles e para vós. A esses bens, que Deus vos emprestou, deveis dar um emprego generoso e útil. Não devem servir para desfrutardes vida voluptuosa, mas para suavizardes os sofrimentos dos desgraçados. Não devem contribuir para viverdes na ignorância e na preguiça, mas para adquirirdes a ciência que o estudo, sempre tão dispendioso, vos pode proporcionar; depois tereis de espalhar esse benefício, de mãos cheias, GRATUITAMENTE, por aqueles que carecem de recursos, ou para fazerdes que outros espalhem fartamente a educação tão necessária ao povo, se – por ser limitada a vossa inteligência – não puderdes realiza-la. Não é para vosso regalo exclusivista que tendes esses bens. Não deveis dizer, jamais: “Tenho sorte, minha estrela brilha sempre, tudo me sorri”. Primeiro deveis agradecer a Deus vosso destino; depois, que este se reflita sobre todos aqueles que, menos felizes, estão sujeitos a provações morais e materiais, às vezes tão pesadas! A todos esses, sem tardança, daí o excesso da vossa fortuna. Consolai, alentai, moralizai, ponde-vos na situação dos que sofrem, ajudai-os a suportar o peso de seus infortúnios, não superficialmente, com os lábios apenas, mas com o amor que vem do fundo do coração. Praticai a justiça, o amor e a caridade, em todos os sentidos – material, moral, intelectual e espiritual. Então, sim, não mais vos diremos MUITOS OS CHAMADOS, POUCOS OS ESCOLHIDOS, porque do Alto o Senhor vos lançará um olhar de complacência. E, assim como o ia atrai o ferro, Ele vos atrairá ao seu amor, para receberdes a coroa dos eleitos.



BOA VONTADE – III


P – Disse o Espírito da Verdade, referindo-se aos magos: “Tinham mais curiosidade de verificar um fato duvidoso do que plena confiança nas palavras do Anjo”. Daí devemos concluir que receberam uma revelação espiritual?

R – Sim, explicaremos este ponto quando tratarmos da visita dos magos a Belém.

P – Quais o sentido e o alcance destas palavras do versículo 14: “Glória a Deus nas alturas, Paz na Terra aos homens da Boa Vontade de Deus”?

R – Nas alturas (no mais alto dos céus) exprime a elevação indefinível do Altíssimo. Homens da Boa Vontade de Deus são os que se consagram ao serviço do Senhor, não vivendo em retiro ocioso e fazendo macerações, mas consagrando a inteligência, a força e o tempo ao bem de seus irmãos, glorificando o Criador pelo trabalho, que é a prece do coração, pela caridade e pelo amor.

P – Por estas palavras do versículo 15: “Logo que os Anjos se retiraram para o céu” se deve entender: “Logo que os bons Espíritos se afastaram no espaço e deixaram de ser visíveis aos pastores”?

R – Sim, mas há uma explicação mais precisa ou mais exata: logo que cessou o estado de êxtase em que se achavam os pastores; logo que, voltando à opressão da carne, eles deixaram de ver.

P – Que devemos entender pela expressão “o céu”, com relação a Deus e para Deus?

R – Não procureis nessa expressão, de que tanto abusam as religiões, um lugar determinado, onde o Senhor se localize. Muito mesquinho é o espírito humano para pretender encerrar o Infinito no céu, como um potentado em seu palácio! Como explicar-vos a vós que não podeis fazer idéia da imensidade sem limites, o que sejam Deus, sua grandeza, seus atributos, o infinito das suas perfeições? Não podendo definir um ideal dessa magnitude, alguns homens cujas idéias ultrapassavam as do vulgo, quiseram fazer Deus tão grande que lhe “aniquilaram” a personalidade! Outros, confinados na estreiteza de suas cerebrações, o fizeram tão pequeno que as igrejas, que lhe edificaram são vastas demais para o conterem! Adotai o termo médio entre essas duas hipóteses: DEUS É, NA IMENSIDADE, O INFINITO. Porque o ESPÍRITO é de tal modo puro que bem poucos Espíritos podem vê-lo, frente a frente; de tal modo poderoso que irradia por todos os mundos SEM JAMAIS SE DIVIDIR, conservando sua individualidade eternamente indivisível. Para inteligências limitadas como as vossas, só podemos comparar materialmente Deus com o Sol que vos ilumina, centro único para o vosso planeta – (claro é um termo de comparação) – de luz, de calor, de vida e fecundidade, quer se mostre aos vossos olhos em todo o seu brilho, quer o encubram os sombrios vapores que se elevam da superfície da terra. Deus, o ponto individual-central no infinito, em torno do qual gravitam todos os mundos do Universo, espalha sobre todos eles o seu calor, a sua vida, a sua luz, a sua fecundidade inconcebível, mas bem poucos podem gozar da fecundidade de lhe ver os raios luminosos! Os vapores que se evolam de vossas almas culposas formam ainda uma atmosfera espessa, através da qual alguns desses raios passam, de quando em quando, geralmente depois de uma tempestade, para vos lembrar que, logo que as nuvens borrascosas se tenham dissipado, Ele brilhará por sobre vós, em toda a sua pureza, em todo o seu esplendor. Pobre linguagem humana, que poder é o teu pêra exprimir pelas palavras DEUS, o Ideal, o Imenso, o Infinito, o Eterno? O céu é imensidade sem limites em que se movem todos os seres, na ânsia de se aproximarem do centro de atração universal – DEUS – a cujos pés se vem grupar tudo aquilo que é perfeito. Mais adiante, no momento oportuno, vos daremos as explicações que deveis receber, com relação a Deus quando tratarmos do Evangelho de João.

P – Em face do versículo 17, quais o sentido e o alcance dos versículos 18 e 19?

R – A aparição do Anjo aos pastores, a daquela multidão da milícia celeste, a narração que os mesmos pastores fizeram do que viram e ouviram, tinham por objeto e por finalidade esclarecer cada vez mais os homens, chamar ainda mais a atenção e as meditações de Maria para a natureza e importância da sua missão, e dar a todos a confirmação de que aquele menino que Deus lhe confiara e do qual ela se acreditava mãe, por uma operação divina, era o Cristo, o Messias prometido, anunciado – desde Moisés – pelos profetas da Lei Antiga.



BOA VONTADE – IV


P – Como o Centro Espiritual Universalista interpreta os versículos 21 a 24, Capitulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Lucas?

R – Vamos reler:

21 – Decorridos os oito dias, ao cabo dos quais tinha o menino de ser circuncidado, foi ele chamado Jesus, nome que o Anjo lhe dera antes de ser concebido no seio materno. 22 – E, passado o tempo da purificação de Maria, segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor, 23 – de acordo com o que está escrito na lei: “Todo primogênito será consagrado ao Senhor”, 24 – e para oferecerem, ao sacrifício que ra devido, conforme a mesma lei, duas rolas ou dois filhotes de pombos.

Estes fatos constituem uma lição para os que se revoltam contra o jugo que a religião impõe, para os que querem destruir a lei em vez de cumpri-la, quando para a Humanidade se abre, na época predita, uma era nova, transitória. Vedes que os “pais” de Jesus se conformaram com a lei estabelecida, e a ela submeteram o “recém-nascido”. A lição é esta: nunca provoqueis o escândalo, isto é, não escandalizeis vossos irmãos, eximindo-vos repentinamente ao jugo que pesa sobre eles. Quando tiverdes de reconstruir um monumento servindo-vos dos materiais de outro, prestes a desmoronar, não empregueis a dinamite, porque – estilhaçados – os materiais voariam longe, ocasionando graves acidentes. Ao contrário: tirai cuidadosamente, pedra por pedra, depositai-as no chão separando as que não prestarem, para lança-las ao refugo. Feita a escolha, iniciai a obra nova, substituindo por outras – boas e sólidas, capazes de sustentar os ângulos – as pedras que o tempo haja estragado. Pois o mesmo se dá com a renovação moral: NÃO SE DEVE, DE UM MOMENTO PARA O OUTRO, SUBVERTER AS CRENÇAS, CALCANDO AOS PÉS SEUS PRECONCEITOS. Caindo sobre vós seus destroços vos poderiam ferir. Cumpre desloca-los um a um, conservar com muito cuidado as pedras verdadeiras, que devem sustentar o edifício, e rejeitar todas as falsas, que lhe causariam o desmoronamento. As pedras verdadeiras, que deveis conservar, são a fé em Deus, a submissão à sua Lei, quaisquer que sejam a língua em que a expliquem e a forma de que seja revestida. Assim, seja qual for o culto em que tenhais nascido, se ele vos ensina o amor a Deus (pouco importando o nome que se dá ao Criador), se vos ensina a prática da Caridade, as pedras são verdadeiras: conservai-as. Mas rejeitai, pouco a pouco, sem abalos, tudo o que estiver fora da Lei Divina, agora sintetizado no Novo Mandamento de Jesus. Só de acordo com este Mandamento é que será dado a cada um de acordo com suas obras. Os clericais, pertençam a que seita pertencerem (todo culto conta, no seu clero, um pessoal obstinado e tenaz com bom número de aderentes) vão bradar anátemas contra esta profissão de fé. Ela, entretanto, é do Cristo, e solapa todos os sectarismos do Anti-Cristo, pois é chegado o tempo em que, obedientes à Lei de Deus, os homens – sejam quais forem os cultos exteriores, que ainda agora os dividem e os separam – caminharão unidos e irmanados, sob a mesma bandeira: – Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei e amo! Mas, digam o que disserem, anatematizem e persigam os CRISTÃOS DO CRISTO, que podem eles com seus dogmas, suas tradições e cerimônias contra a Obra Progressiva de Jesus e a Vontade Eterna de Deus? Falam à alma? Não, porque os homens saem das igrejas tão maus quanto entram nelas. Falam, portanto, apenas aos sentidos. Os sentidos, porém, se embotam e se pervertem. Que resta então? Em geral (considerando as massas), autômatos que se ajoelham, homens ou crianças sem a Fé nascida da Verdade, os quais, ao saírem dos templos, levam consigo os mesmos vícios que traziam ao entrarem, e que são originários destas fontes: a avareza, a preguiça, a inveja, o orgulho, o egoísmo, a hipocrisia, a cólera, a intemperança, o sensualismo, a luxúria, a maledicência, a calúnia, a incredulidade, o materialismo, a intolerância, o fanatismo. Essas é que são as pedras falsas, que se devem retirar, porque o edifício desmorona sobre todas as mentiras que o sustentem. A fé perfeita, a prática permanente do Novo Mandamento, a caridade imaculada – eis aí as únicas pedras angulares: conservai-as rijas e sem jaça.

P – Como devemos traduzir e compreender estas palavras do versículo 21, referentes a Jesus: “antes de ser concebido no seio materno”?


R – Tais palavras significam: antes que Ele se houvesse colocado nas mãos de Maria Virgem, sua mãe aos olhos dos homens. Essas palavras humanas do versículo 21 foram a conseqüência das crenças que deviam, como já vos explicamos, ter curso, e o tiveram, no meio das multidões. Isto é, aos olhos dos homens, Jesus foi, durante a sua missão terrena, fruto da concepção humana, tendo Maria por mãe e José por pai; e – depois de desempenhada tal missão – fruto de uma concepção chamada “divina”, “milagrosa”, no seio de uma virgem – no seio de Maria – por obra do Espírito Santo.