sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Os Magos I, II, III - Fuga para o Egito - Regresso do Egito

OS MAGOS – I


P – Queremos saber como o CEU da LBV interpreta os versículos 1 a 12, Capitulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Mateus. É possível?

R – Trata-se da passagem referente à adoração dos magos:

1 – Tendo Jesus nascido em Belém de Judá, ao tempo do rei Herodes, eis que do Oriente vieram uns magos a Jerusalém, 2 – dizendo: “Onde está aquele que nasceu rei dos judeus? Vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adora-lo”. 3 – Sabendo disso, o rei Herodes ficou sobressaltado, e com ele toda a cidade de Jerusalém; 4 – e, tendo reunido em assembléia todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, inquiriu deles onde devia nascer o Cristo. 5 – Disseram-lhe: “Em Belém de Judá, conforme ao que foi escrito pelo profeta: 6 – Tu, Belém, terra de Judá, não és a última entre as cidades de Judá, pois de ti sairá o chefe que há de conduzir meu povo de Israel”. 7 – Então Herodes, mandando chamar em segredo os magos, lhes perguntou em que tempo, precisamente, a estrela lhes aparecera; 8 – e, enviando-os a Belém, lhes disse: “Ide, informai-vos exatamente acerca desse menino e, quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, a fim de que eu, também, vá adora-lo”. 9 – Depois de ouvirem do rei essas palavras, os magos partiram, e logo a estrela, que tinham visto no Oriente, lhes tomou a dianteira, e só se deteve quando chegaram ao lugar onde estava o menino. 10 – Quando viram a estrela, eles sentiram extrema alegria; 11 – e, entrando na casa, ali encontraram o menino com Maria e, prosternando-se, o adoraram; depois, abrindo seus tesouros, lhe ofereceram, por presentes, ouro, incenso e mirra. 12 – Avisados, por sonhos, que não voltassem a Herodes, regressaram às suas terras por outro caminho.

A visita dos magos a Jesus em Belém não foi feita no estábulo. Já o “menino” não estava mais na manjedoura, quando eles o adoraram. Também não foi antes, mas depois da circuncisão e da purificação, que a visita e a adoração se verificaram. Para vos orientardes, tendes um critério a esse respeito: a ordem de matança das crianças até à idade de dois anos. Se os magos tivessem vindo antes da circuncisão e da purificação, a ordem não atingiria as crianças de mais de um ano. De fato, notai que aquela ordem Herodes a deu de conformidade com as informações exatas que obtivera dos magos, acerca do tempo em que lhes apareceu a estrela. Maria tinha de estar em Belém, com o menino, na ocasião em que eles chegassem, para o visitar e adorar. Os fatos tinham de ocorrer como exatamente ocorreram sob a ação e a influência espirituais tanto no que se refere a José e Maria, quanto no que se diz respeito aos magos. Esses encontros, essas ocorrências, que muitos supõem obra do acaso, por ignorarem suas causas, muitas vezes se produzem entre vós sob a influência e a ação espirituais. José e Maria iam, freqüentemente a Belém, à casa de Matias (irmão de José). Os Espíritos (seus protetores) lhes inspiraram a idéia e o desejo de irem lá, para serem encontrados pelos magos em Belém. Foi na casa de Matias, portanto, que estes adoraram o “menino” Jesus e lhe derem, como presentes, ouro, incenso e mirra. Mas, como foram os magos induzidos a vir do Oriente a Jerusalém, para indagar onde estava aquele que nascera “rei dos judeus”? Como puderam saber que a “estrela”, que viram no Oriente, era a daquele que nascera “rei dos judeus”? Como foram levados a seguir essa “estrela”, a fim de o irem adorar? E que era, afinal, essa “estrela”? Uma revelação espiritual os instruiu a tal respeito. Em sonho, receberam dos Espíritos (seus protetores) este aviso: o Cristo descera à Terra, como rei dos judeus, para regenerar a raça humana; eles seriam guiados até junto do “menino” pela estrela que veriam no céu; não lhes cumpria mais do que segui-la, a fim de chegarem ao Messias esperado. Para cada um a linguagem que lhe convém. Ora, os magos subordinavam a existência de cada homem à influência de um planeta. Para eles, portanto, aquela “estrela” era um planeta criado para presidir o destino de Jesus, e lhes fora mandado expressamente para os advertir e guiar. Quanto aos outros homens, esses – seguindo as crenças que os magos professavam – nasciam e morriam sob a influência dos planetas já existentes, cada um dos quais podia presidir os destinos de milhares de indivíduos. Como sabeis – pois essa crença ainda sobrevive – os antigos acreditavam que o homem nascia sob uma boa ou má estrela. A idéia que para os eruditos da época, servia de base a semelhante crença era que tal planeta, sob cuja influência o homem nascera, desprendia fluidos favoráveis ou contrários – os quais, ou lhe facilitavam a concepção do Bem, o estudo das ciências, a realização dos desejos, a saúde, o prolongamento da vida, ou acumulavam desgraças sob desgraças – conforme a influência ser boa ou má. Podeis abrir qualquer dos velhos tratados de alquimia, de necromancia, de astrologia: vereis o papel ativo que, por vezes, seus autores atribuem (de muito boa fé) aos planetas que, entretanto, marcham ascensionalmente, pela via do progresso, como tudo o que foi e é criado, pois Deus nada criou que não seja perfectível. Não vos espanteis da idéia que, apoiados nas suas crenças, os magos fizeram da “estrela” que os havia de guiar, tomando-a por um planeta capaz de executar um ato inteligente, qual o de os conduzir a determinado lugar. A “confiança” que depositavam na poderosa vontade do Senhor lhes dominava completamente o raciocínio. Para eles, a estrela obedecia a uma ordem dada, como o servo obedece ao seu amo. Não dizemos que isso foi real, pois, ao contrário, vamos explicar-vos a natureza da luz que eles tomaram por luz de uma estrela. Alguns “sábios” que, cheios de orgulho, pensam tudo saber e que, no entanto, ainda são muito ignorantes, pretenderam – negando a ação e os efeitos espirituais, a ação e os efeitos da mediunidade – que tal estrela não passava de uma fábula astrológica. Nem podia ser de outra forma: assim devem falar os que só compreendem os efeitos matemáticos, e que tudo pesam com o peso que tem à mão! A luz que, sob a forma de estrela, cintilava aos olhos dos magos nada tinha de comum com os astros que povoam a imensidade. Não pode o Anjo da Guarda mostrar-se ao homem sob a forma luminosa que mais julgue conveniente? O olhar escurecido da matéria será capaz de distinguir a luz, emitida por um centro fluídico da que envolve os mundos que brilham sobre as vossas cabeças?



OS MAGOS – II


P – Causou profunda emoção, em nosso Posto Familiar, a revelação espiritual da “estrela” dos magos! Poderia ensinar-nos mais alguma coisa a respeito, o Espírito da Verdade?

R – Deveis compreender que o perispírito, sobretudo o de um Espírito Superior, pode tornar-se luminoso para os olhos humanos, mediante a uma agregação, uma condensação dos fluídos e UMA TRANSFORMAÇÃO QUE LHES DÊ FORMA ESTRELAR. O que os magos viram não era uma estrela: – tudo, na imensidade, está submetido à Lei da Harmonia Universal; portanto, uma estrela (o que vale dizer – um mundo) não se afastaria do centro de gravitação que lhe fora imposto, para vagamundear pelo espaço, como lanterna em mãos de um Guia. Todo e qualquer efeito inteligente, vós o sabeis, decorre de uma causa inteligente. Os magos eram guiados por um Espírito Superior, encarregado de os levar a render homenagem ao Salvador da Humanidade. Esse Espírito se manifestou fluidicamente, de modo luminoso, sob a forma de estrela, tal como os magos o designaram. Ora, a estrela brilhava aos seus olhos, mas estes eram de carne. Não conheceis os efeitos da óptica? À distância em que se encontram, porventura, podeis ver os mundos que vos circundam como realmente são? O afastamento, a luz a cintilar, sob o aspecto de estrela, atravessando o ar ambiente que os envolvia, a forma e as dimensões tomadas não podiam bastar para fluir a homens que, embora sábios, relativamente ao tempo em que viviam, estavam muito longe de possuir os conhecimentos atuais e não dispunham de nenhum dos vossos instrumentos tão aperfeiçoados e que ainda terão de se aperfeiçoar muito mais? Outros “Espíritos Fortes” pretenderam também, ironicamente, que “os magos só viajavam à noite, porque, à luz do sol, não se vêem as estrelas”. Não é exato: de preferência, viajavam durante o dia, porque, como vós, repousavam à noite, reservando ao sono o tempo necessário. Acaso os sábios, que inventaram e empregam lunetas próprias a serem usadas de dia, ignoram que – em certas condições de irradiação – as estrelas podem ser vistas tão bem quando o sol brilha, como à noite? A esses poderíamos perguntar: – Seria impossível apropriar a vista dos magos de maneira a que pudessem perceber um pálido clarão, apesar da claridade do dia? Por prodígios tão extraordinários quanto este – e que admitis sem que, entretanto, os compreendais muito bem – os olhos humanos não são apropriados a desempenhar as funções de microscópio? Ponhamos, porém, a questão nos seus verdadeiros termos: a “estrela” de que se trata não era, insistimos, um dos mundos que povoam o firmamento e sim, como acabamos de explicar, uma concentração de fluidos luminosos, sob o aspecto de estrela brilhante, cuja claridade se modificava de modo a poderem os magos (médiuns videntes) distinguir sua luz. Era efeito de óptica, produzido para lhes fazer cintilar à vista como as estrelas em noite límpida, um clarão movediço. Vimos auxiliar-vos na explicação do que, em linguagem humana, se designa pelo nome de “mistério”, mas apenas para vos auxiliar e só com relação ao que vos seja realmente incompreensível. Utilizai-vos da vossa ciência e da vossa razão, para solucionar as questões que uma e outra podem resolver. Os magos foram primeiramente conduzidos a Jerusalém, porque cumpria a vontade do Senhor. Herodes tinha de ser informado do “nascimento” do “rei dos judeus”. Tinha de reunir em assembléia os príncipes dos sacerdotes, os escribas ou doutores do povo, os quais, consultando as profecias, tinham de indicar, como local destinado ao nascimento do Cristo (o chefe que, segundo fora anunciado, havia de guiar o povo de Israel), a cidade de Belém de Judá, onde precisamente, nascera o menino que os magos procuravam. Tudo tem sua razão de ser: o “nascimento” isolado do “menino” Jesus, no seio de uma classe pobre, devia ter uma repercussão que preparasse o seu nascimento entre os homens e dispusesse os acontecimentos que se haviam de dar, em conseqüência dessa passagem dos magos por Jerusalém e da visita deles a Belém de Judá.


OS MAGOS – III


P – Disse o Espírito da Verdade: “Os magos tinham mais curiosidade de verificar um fato duvidoso do que plena confiança nas palavras do Anjo”. Quais o sentido e o alcance dessa afirmativa?

R – Os magos acreditavam na existência e na comunicação dos Espíritos e com estes se comunicavam, pelos processos mediúnicos; os ensinos dos Espíritos, porém, eram proporcionados ao desenvolvimento das inteligências e necessidades da época. Claro que, então, como agora, existiam as mediunidades. A cada um elas eram deferidas, ou de acordo com a sua organização, ou de acordo com o grau alcançado de adiantamento, de estudo e experimentação. Tinham conhecimento do magnetismo e do sonambulismo; do desprendimento da alma no estado sonambúlico e durante o sono; da faculdade que a alma possui, de – nesse estado de desprendimento – comunicar-se com os Espíritos, quer sob a influência magnética, quer em sonho, durante o sono. Tendo sido, enquanto dormiam, avisados do “nascimento” de Jesus, a lembrança que, ao despertarem, guardavam do aviso, os deixou em dúvida: fora um sonho, isto é, uma revelação espiritual de fatos que lhes eram preditos, e que haviam de ocorrer, ou uma visão falsa, uma alucinação? Só depois que deram com a “estrela”, e que a viram pôr-se a caminho, a dúvida se lhes dissipou e, guiados por ela, foram a Jerusalém, onde ela parou. A dúvida ainda os empolgava, no momento em que a resposta dos príncipes dos sacerdotes, dos escribas, ou doutores do povo, lhes indicou Belém como o lugar onde estaria o Cristo de Deus, o chefe a quem caberia guiar o povo de Israel. Por isso mesmo, foram tomados de extremo júbilo quando, depois de receberem as ordens de Herodes, viram de novo aparecer a “estrela” e notarem que se punha outra vez em marcha, para guia-los. A fé se lhes tornou, porém, completa quando, detendo-se a “estrela” sobre o casal, aí entraram encontrando o “menino” com Maria. Então, prosternando-se, o adoraram, nele reconhecendo o Filho de Deus, que descera à Terra para regenerar a raça humana. E abrindo os tesouros que traziam, lhe ofereceram, por presentes, ouro, incenso e mirra.

P – Em face do trecho: “Tudo na imensidade está submetido à Lei da Harmonia Universal; portanto, uma estrela (o que vale dizer – um mundo) não se afastaria do centro de gravitação, que lhe fora imposto, para vagamundear pelo espaço, como lanterna em mãos de um Guia” – quais são os elementos, o fim e o destino do que se chama estrela cadente?

R – As estrelas cadentes não são mundos colocados num centro de gravitação, mas sim fluidos condensados e inflamados, procurando o ponto de atração a que devam reunir-se, para completarem suas combinações e formarem planetas. Mas isso sai do quadro do nosso trabalho e, portanto, não iremos mais longe. Apenas vos fazemos notar: primeiro, que – nas palavras que acabais de citar – falávamos dos mundos formados e que ocupam seu centro de gravitação; segundo, que estas palavras não estão em desacordo com o deslocamento que os planetas (como explicaremos mais tarde, quando falarmos da marcha ascensional do vosso) têm de realizar em suas peregrinações progressivas, porquanto os séculos, de acordo com as leis imutáveis da Natureza, podem fazer o que não seria possível, sem perturbação, no espaço mensurável de uma viagem humana; terceiro, que as estrelas cadentes, ou amálgamas de fluidos inflamados, em busca do centro a que se tenham de juntar, operam sua evolução com a rapidez do pensamento enquanto que a “estrela” dos magos se deslocou à frente deles, na marcha lenta ou regular de homens que viajam, praticando – como guia de seus passos – um ato inteligente.



FUGA PARA O EGITO


P – A preleção sobre os magos foi algo de emocionante para todos nós. Como o Espírito da Verdade explica os versículos 13 a 18, Capítulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Mateus?

R – A passagem indicada é a seguinte:

13 – Logo que os magos partiram, um Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito, e fica lá até que eu te diga que voltes, pois Herodes procurará o menino para o matar”. 14 – José, levantando-se, tomou o menino e a Virgem Maria e, durante a noite, se retirou para o Egito, 15 – onde ficou até à morte de Herodes, a fim de se cumprirem estas palavras que o Senhor dissera pela boca do profeta: “Chamei do Egito meu filho”. 16 – Herodes, vendo que fora enganado pelos magos, encheu-se de grande furor, e mandou matar – em Belém e nas circunvizinhanças – todos os meninos de dois anos para baixo, regulando-se pelo tempo de que se informara exatamente com os magos. 17 – Cumpriu-se, então, o que fora dito pelo profeta Jeremias: 18 – “Ouviu-se em Rama o grande rumor de muitos que choravam e se levantavam: Raquel chorando por seus filhos, não querendo ser consolada, porque eles não mais existem”.

Acompanhai os fatos e vereis, sempre, o dedo de Deus dirigindo os acontecimentos, preparando o advento do Justo. Os magos haviam fornecido a Herodes indicações tais que este foi levado a ordenar a eliminação de todos os meninos de dois anos para baixo. Reportando-se à época em que lhes fora feita a revelação espiritual, à época determinada para partirem e ao tempo que gastaram na viagem, os magos encontraram dados para calcular, aproximadamente, a idade que teria então o menino. Concluíram, assim, que estaria com dói anos, mais ou menos. Se Herodes, portanto, ordenou a matança de todos os de dois anos para baixo, de modo que mesmo os que acabavam de nascer fossem atingidos, é que – não tendo mais visto os magos, e receando algum erro da parte deles – preferiu sacrificar maior número de vítimas a deixar escapar aquela a que visava – o menino Jesus. O cálculo dos magos era, como acabamos de dizer, aproximativo: eles não podiam fornecer uma indicação perfeita. Essa incerteza preparava os acontecimentos que se seguiriam. Foi em conseqüência do aviso que lhe dera, em sonho, o Anjo do Senhor – depois de terem os magos saído de Belém – que José partiu para o Egito com Maria e o menino. Quanto às crianças sacrificadas à crueldade de Herodes, não foram vítimas perdidas: o Senhor, na sua previdente bondade, permitira a encarnação de Espíritos quase purificados, aos quais cumpria terminar suas provas na Terra, como lugar de expiação, tendo aquele fim prematuro aos olhos dos homens. Os pais dessas vítimas, inocentes para vós, tiveram também sua parte de progresso, porque foram experimentados pela dor. Aquela, para eles, era uma provação necessária. A sabedoria infinita de Deus prevê tudo, sempre.



REGRESSO DO EGITO


P – Hoje, todos sentem a beleza da Segunda Revelação, explicada sem nenhum sectarismo religioso. Só assim o mundo contemporâneo pode entender o Evangelho de Jesus, em Espírito e Verdade, à luz do Novo Mandamento. Como o CEU, da LBV, interpreta os versículos 19 a 23, Capitulo Segundo, do Evangelho de Mateus?

R – Fala o Espírito da Verdade. Vamos à passagem solicitada:

19 – Morto Herodes, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, 20 – e lhe disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e volta para a terra de Israel, pois estão mortos os que queriam matar o menino Jesus”. 21 – José se levantou, tomou o menino e sua mãe, e voltou para a terra de Israel. 22 – Mas, ouvindo dizer que na Judéia reinava Arquelau, em lugar de seu pai Herodes, teve receio de ir para lá. Avisado em sonho, dirigiu-se para as bandas da Galiléia, 23 – e foi residir numa cidade chamada Nazaré, a fim de se cumprir a predição do profeta: “Ele será chamado Nazareno”.


Obedecendo ao primeiro aviso do Anjo (ou Espírito), José intentava fixar residência em Jerusalém ou nos seus arredores; dele, porém, se apoderou o temor de chamar a atenção sobre o “menino”. Aconselhado, então, pelo Anjo, que lhe apareceu novamente em sonho, retirou-se para Nazaré, na Galiléia. Insistimos nesse ponto, a fim de vos fazermos compreender que nada sucede senão pela vontade do Senhor, e também para verificardes que, para alcançar um objetivo humano, os meios humanos são sempre os empregados. O Senhor podia mandar José imediatamente para Nazaré, mas o Espírito humano não se deteria sobre este fato. Foi, portanto, em cumprimento de uma profecia que – depois de haver encaminhado José para um lugar distante da sua residência – Deus o desvia do caminho que tomara e o faz vir a Nazaré. É Deus quem inspira a José, pai de Jesus aos olhos dos homens, temores pela sorte do “filho”. Deus, sempre Deus, conduzindo pela mão aquele que abriria para a Humanidade perdida o caminho do céu.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

CÂNTICO DE SIMEÃO // O MENINO JESUS

CÂNTICO DE SIMEÃO


P – A restauração da Verdade, nos Quatro Evangelhos de Jesus, é a obra mais importante do mundo, para a unificação de todos os cristãos. Qual a explicação do CEU da LBV, para os versículos 25 a 35, Capitulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Lucas?

R – Eis a passagem evangélica:

25 – Havia em Jerusalém um homem justo e temente a Deus, chamado Simeão, que vivia à espera da consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. 26 – Pelo Espírito Santo lhe fora revelado que não morreria antes de ter visto o Ungido do Senhor. 27 – Impelido pelo Espírito, foi ao templo e, como os pais do menino Jesus o tivessem levado lá, a fim de o submeterem ao que a lei ordenava. 28 – Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo: 29 – “Agora, Senhor, deixas partir o teu servo em paz, segundo a tua palavra, 30 – pois meus olhos viram o Salvador que nos dás, 31 – e que fizeste surgir à vista de todos os povos, 32 – como luz a ser mostrada às nações e para glória de Israel, teu povo”. 33 – O pai e a mãe de Jesus se admiravam das coisas que eram ditas de seu filho. 34 – Simeão os abençoou e disse à Virgem Maria: – “Este menino vem para ruína e ressurreição de muitos em Israel, e também para ser alvo da contradição dos homens. 35 – E a tua alma será transpassada como por uma espada, a fim de que os pensamentos ocultos nos corações de muitos sejam descobertos.

Simeão, homem justo e temente a Deus, vivia a espera do Cristo predito e prometido. Estas expressões: “O Espírito Santo estava nele” – “pelo Espírito Santo lhe fora revelado” – impelido pelo Espírito”, eram, como sabeis, típicas do linguajar hebraico. Já o explicamos: para os judeus, tudo o que resultava de uma inspiração e que eles não compreendiam, era feito pelo Espírito Santo. Quer dizer: do ponto de vista em que se achavam era o Espírito do próprio Deus a animar e inspirar os homens. Simeão recebeu do seu Anjo da Guarda a inspiração (é o que, na vossa linguagem humana, chamais de pressentimento) de que não morreria antes de ver o Cristo de Deus. Por efeito dessa inspiração houve, de sua parte, intuição e convicção. Daí ser impelido a ir ao templo, onde – esclarecido pela mesma inspiração – tomou nos braços o “menino Jesus” e logo o proclamou o Salvador esperado, pronunciando as palavras do cântico. E, porventura, não se cumpriram as palavras proféticas do inspirado Simeão? Jesus não foi exposto no Gólgota para aquele tempo e para o futuro, até ao fim dos séculos à contemplação de todos os povos, como a luz que havia de iluminar e ilumina todas as nações? Não foi exposto pelos Apóstolos e discípulos à contemplação de todas as gentes até aos vossos dias? Não o vai ser ainda, e cada vez mais, pelo Espírito da Verdade, até que o Cristo reine sobre todos? Estas outras palavras de Simeão, falando a Jesus: “como luz a ser mostrada às nações e pra glória de Israel” – se referem, no seu sentido oculto, em espírito e verdade, à satisfação imensa que experimentará o povo de Moisés por ter sido escolhido pelo seu monoteísmo – para receber esse penhor de redenção. Porque, desde então, Israel significa toda Humanidade. O cântico se aplica aos séculos vindouros, não só à época  em que Simeão falava: aplica-se, também, à vossa época, ao ciclo apocalíptico final. Quando a luz do Cristo se houver espalhado por toda a terra, os judeus se lembrarão de Moisés e das palavras de Simeão, felizes por terem sido o primeiro facho de onde ela se espargiu. Embora, a princípio, tenham colocado a luz de baixo do alqueire, nem por isso será neles menos vivo o SENTIMENTO DA GRATIDÃO. Essa hora está próxima, basta apenas aguarda-la. As últimas palavras do cântico: “Este menino vem para a ruína e ressurreição de muitos em Israel, e também para ser alvo da contradição dos homens”, representam no seu sentido oculto, também em espírito e verdade, previsão das querelas religiosas quanto a Jesus, sua origem e sua natureza; quanto ao seu aparecimento e à sua passagem pela Terra; quanto à sua posição com referência a Deus, ao vosso planeta e à Humanidade terrestre; quanto aos seus poderes e à sua autoridade espiritual. Aludem, sobretudo, à oposição feroz que as “figuras notáveis” de Israel moveram contra a Doutrina do Mestre. Na verdade, tais querelas continuaram pelos tempos adiante, e ainda se fazem sentir nos vossos dias. Ora, para aqueles “notáveis” de então, Jesus foi, realmente CAUSA DE RUÍNA porque eles tiveram de expiar, em dolorosas reencarnações, o orgulho, a cupidez, a ambição desenfreada, todas as paixões más que os dominavam. E não só para os romanos, mas também para os israelitas, Jesus foi, é e será, POR ALGUM TEMPO AINDA, causa de ruína. Todos OS QUE REPELIRAM, E Hoje teimam em repelir, sua Doutrina de Verdade encerrada em seu Novo Mandamento, tanto na ordem material, quanto na ordem moral e intelectual, encontrarão nele a causa de sua ruína. Em tal caso, Jesus é o obstáculo imprevisto, de encontro ao qual todos eles terão de esbarrar. Mas a culpa daquele que repele a Lei do Cristo, por não a ter compreendido bem (muita vez por não lhe ter sido bem ensinada), não pode ser considerada tão grave quanto a daquele que CONHECEDOR DO SENTIDO PROFUNDO DESSA LEI o desnatura ou obscurece, a fim de manter as almas subjugadas! Para os que caminhavam nas trevas e que, com alegria, se dirigiram para a luz, Jesus foi, é e será sempre, uma CAUSA DE RESSURREIÇÃO. Esses ressuscitaram. Ressuscitaram no sentido de que, deixando de permanecer no estado de degradação, que os distanciava do céu a que aspirais, entraram no caminho da Verdade e do Progresso, que rapidamente conduz à felicidade espiritual. Estavam mortos, visto que a existência para eles só tinha uma saída – o sepulcro. Ressuscitaram transpondo as portas do túmulo, voando para o seu Criador ao impulso da Fé, da Esperança e da Caridade. Finalmente as palavras de Simeão à Virgem Maria: “E a tua alma será transpassada como por uma espada, a fim de que os pensamentos ocultos nos corações de muitos sejam descobertos”, fazem alusão à morte de Jesus, o que foi, humanamente uma grande dor para ela, e – por outro lado – motivo para profissão de fé e deserção vergonhosa de muitos. Sim, a morte de Jesus foi, humanamente, uma grande dor para Maria. Ela estava convencida do futuro brilhante do Filho de Deus, Salvador do Mundo; mas em virtude das crenças que devia ter (e tinha), sofreu humanamente pela morte do filho, que acalentara nos braços, com tanto amor, e cujos progressos acompanhara, admirando-o e adorando-o pelas suas obras.


O MENINO JESUS


P – Como explica o CEU da LBV os versículos 36 a 40, Capitulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Lucas?

R – Esta é a passagem:

36 – Havia, também, uma profetisa chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Estava em idade muito avançada, e não vivera senão sete anos com o marido, desde que se casara. 37 – Era, então, viúva, contava oitenta e quatro anos e não se afastava do templo, servindo a Deus, dia e noite, em jejuns e orações. 38 – Chegando ao templo naquele instante, pôs-se a louvar o Senhor e a falar do menino a quantos esperavam a redenção de Israel. 39 – Depois de terem cumprindo tudo o que era ordenado pela lei do Senhor. José e Maria regressaram à Galiléia, indo para Nazaré, sua cidade. 40 – E o menino crescia e se fortificava, cheio de sabedoria, porque nele estava a graça de Deus.


Fala o Espírito da Verdade: – Ana era médium audiente e falante. Era chamada profetiza porque possuía, sob a influência e a proteção dos Espíritos do Senhor, a faculdade de predizer certos acontecimentos. Era um Espírito elevado, muito desenvolvido mediunicamente, como os profetas que apareceram em Israel. O povo, como sabeis, considerava os profetas como inspirados, mesmo pelo Altíssimo. Na realidade, eram médiuns. As palavras de Ana foram semelhantes às de Simeão. Quanto ao versículo 40, deve permanecer no lugar que ocupa: nenhuma relação tem com ambos os cânticos. Ele se aplica à época que se seguiu à apresentação no templo. Jesus, estando fora da vossa humanidade, não teve uma infância semelhante a de todos vós, por isso que seu corpo, não sendo mais que um perispírito quase material, com a aparência da corporeidade humana, encobria (dada a sua natureza puramente perispirítica) UM ESPÍRITO PERMANENTEMENTE LIVRE. Ele, portanto, agia sob a influência desse Espírito, de um modo sempre superior a tudo o que se possa esperar do menino mais desenvolvido. “O menino, diz o Evangelista, crescia e se fortificava, cheio de sabedoria, porque nele estava a graça de Deus.” Isso não é mais do que a apreciação humana, que a narração evangélica havia de refletir (e reflete). Tendo a aparência humana, o corpo de Jesus seguia, aos olhos dos homens, a linha de desenvolvimento de qualquer terrícola, MAS SEMPRE EM CONDIÇÕES DE ABSOLUTA PRECOCIDADE. Jesus, para os homens, crescia corporalmente, e a sua inteligência se desenvolvia. Tais progresso e desenvolvimento, na humanidade, podem ser acompanhados, observando-se uma criança. Perguntamos: não há na Terra algumas, entre muitas da mesma idade, por menor que seja esta, mais fortes e inteligentes? Como não ser assim com relação àquele em que não havia mais que a APARÊNCIA DA INFÂCIA? E não é compreensível que seus primeiros passos no mundo que habitais – assim como todo o resto da sua passagem por ele – tivessem a marca-los um cunho particular, excepcional? E “nele estava a graça de Deus” porque, sendo tudo nele puro e santo, santos e puros haviam de ser (foram) todos os seus atos e palavras. Na sua primeira “infância”, aos olhos dos homens, ele esteve isento, como podeis facilmente concluir, das faltas e fraquezas da infância humana. FOI PERFEITO DESDE OS PRIMEIROS INSTANTES, e isso, naturalmente, provocou em todos admiração e espanto. Porque todos sentiam, sem o saber explicar, o “toque divino” no Menino Jesus.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

BOA VONTADE


BOA VONTADE - I


P – A Doutrina do Centro Espiritual Universalista (CEU) é de uma clareza impressionante. Agora, sentimos a grandeza da sentença de Jesus: “Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará”. Qual a explicação do CEU para os versículos 8 a 20, Capitulo Segundo, do Evangelho de Lucas?

R – Esta é a passagem evangélica:

8 – Ora, havia no país muitos pastores, que passavam as noites no campo, revezando-se na guarda dos seus rebanhos. 9 – De repente, um Anjo do Senhor se lhes apresentou, a claridade de Deus os envolveu, e eles se sentiram presa de grande temor. 10 – Então, o Anjo lhes disse: “Não tenhais medo, pois venho trazer-vos uma noticia que, para vós, como para todo o povo, será motivo de grande alegria: 11 – é que, hoje, na cidade de David, nasceu o Salvador, que é o Cristo, o Senhor. 12 – Eis o sinal que vos fará reconhece-lo: encontrareis um menino envolto em panos, deitado numa manjedoura”. 13 – No mesmo instante reuniu-se ao Anjo uma multidão milícia celeste, louvando o Senhor e dizendo: 14 – Glória a Deus nas alturas, Paz na terra aos homens da Boa Vontade de Deus! 15 – Logo que os Anjos se retiraram para o céu, os pastores disseram entre si: – Vamos até Belém para verificar o que acaba de ser dito, o que aconteceu e o Senhor nos mostra, 16 – Partiram, apressadamente, e encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura. 17 – E, tendo-o visto, reconheceram a verdade do que lhes fora dito a respeito daquele menino. 18 – E todos aqueles, que os ouviam, se admiravam do que era contado pelos pastores. 19 – Maria prestava atenção ao que diziam, e tudo guardava no seu coração. 20 – E os pastores regressaram, glorificando e louvando ao Senhor Deus, por tudo quanto tinham visto e ouvido, conforme ao que lhes fora anunciado.

Em primeiro lugar, quanto à aparição do Anjo aos pastores, e quanto às palavras que lhes dirigiu, a mediunidade esclarece como puderam eles ver e ouvir: eram videntes e audientes. No que se refere à luz, à claridade que os envolveu, enchendo-os de grande temor, a explicação é a seguinte: sob a ação e a influencia do magnetismo espiritual, achando-se em estado de êxtase por efeito de um completo desprendimento, portanto com a visão desimpedida, os pastores viram os fluidos ambientes, que para vós são incolores, mas para nós espalham grande claridade. ELES OS VIRAM COMO NÓS OS VEMOS, porque essa claridade, relativa ao grau de elevação, de adiantamento do Espírito, para este não deixa de existir e de ser por ele percebida, qualquer que seja sua inferioridade (trata-se de mau ou sofredor), senão quando permanece nas trevas.Não compreendendo a causa simples de tal claridade (cláritas Dei), que olhos comuns não podem distinguir senão em casos excepcionais, em situações como aquela em que eles se encontravam, os pastores tomaram por uma luz divina, manifestação do próprio Deus, a luminosidade dos fluidos ambientes: por isso mesmo, lhe deram a designação de “claridade de Deus”. A ciência terrestre, por meio do magnetismo humano e do sonambulismo, já observou (com auxílio de sonâmbulos suficientemente lúcidos e impressionáveis), a luz, a claridade que os fluidos magnéticos e elétricos, em estado latente, espalham em derredor; assim como a luminosidade dos corpos, a luminosidade que apresentam sob a forma de vapor luminoso, os objetos, os metais, a madeira. E a ciência, por meio do magnetismo humano e do sonambulismo, com o auxílio de pacientes em condições semelhantes às que apresentavam os pastores, será levada a dar testemunho desse estado luminoso dos fluidos ambientes, fonte de grande e permanente claridade para os Espíritos errantes. Daí decorre que, para eles, não há noite, nem obscuridade, nem opacidade dos corpos, não existindo no espaço obstáculos ou barreiras que lhes detenham a visão espiritual. Aquela fração da milícia celeste não era mais que a multidão dos bons Espíritos prepostos à manifestação espiritual. Por efeito da mediunidade vidente e auditiva, os pastores os viram e escutaram as palavras que conheceis como O CÂNTICO DOS ANJOS, o qual – depois de atravessar tantos séculos – ainda ecoará pelos séculos vindouros: – Glória a Deus nas alturas, Paz na terra aos homens da Boa Vontade de Deus! Um ensino resulta do confronto que se estabeleça entre o que ocorreu com os pastores e o que se deu com os magos: O HOMEM JAMAIS DEVE ORGULHAR-SE DA POSIÇÃO QUE OCUPE NO MUNDO, PORQUE – DIANTE DE DEUS – O MENOR PODE SER O MAIOR. Quais as pessoas que receberam, primeiro, a notícia do nascimento de Jesus? Humildes pastores que viviam sem instrução (e sem orgulho) no seio da natureza, aprendendo no seu livro imenso os segredos da Divindade. São ignorantes? Mas sabem crer, amar e esperar. Tanto basta para serem considerados dignos de receber, antes de tanta gente culta e importante a Boa Nova de Deus. Os dois pontos se extremam: depois deles, são os magos, os sábios, os poderosos, que recebem a Revelação destinada a transpor todas as classes: começando pelos degraus inferiores da escala, terá de subir ao ápice. Os magos também criam, mas neles a fé não era tão pura. Tinham mais curiosidade de verificar um fato duvidoso do que plena confiança nas palavras do Anjo. Todavia, também eles vêm ajoelhar-se diante do menino trazendo-lhe os tributos que se ofereciam ao Senhor. É que, sem o compreenderem, sentem que aquele menino, se de fato existe, deve ser de uma essência superior à deles para causar tamanha expectativa. Seria o Messias tão anunciado desde Moisés? Estaria ali na forma de uma criança, o próprio Filho de Deus?



BOA VONTADE – II


P – Falando da revelação feita, primeiro aos pastores, depois aos magos, disse o Espírito da Verdade: “destinada a transpor todas as classes; começando pelos degraus inferiores de escala, terá de subir até ao ápice”. Que significam estas palavras?

R – São um conselho e um exemplo que se vos dão. Deveis, antes de tudo, LEVAR A BOA NOVA AOS DESERDADOS DO VOSSO MUNDO, que são os mais ansiosos, sem todavia esquecerdes as classes (entre vós) mais elevadas. Vedes, no Evangelho, que o Anjo avisa os pastores e se retira, por saber que eles têm o coração simples e reto. Ele os vigia, mas invisivelmente; ao passo que conduz os magos, mostrando-lhes sempre ao longo do caminho, a estrela que os guiará. E ele os conduz assim por saber que as grandezas mundanas os podem desviar e, portanto, é preciso mantê-los continuamente atentos. Que o Anjo que os avisou vos sirva de exemplo: imitai-º Consagrai àqueles de vossos irmãos, que o mundo considera ínfimos, as primícias dos vossos cuidados e a maior parcela da vossa Boa Vontade. Mas nem por isso desprezeis os “felizes” da Terra, porquanto a eles é que se aplicam no seu verdadeiro sentido, estas palavras, cujo significado as interpretações humanas falsearam: “Muitos os chamados, poucos os escolhidos”. Muitos os chamados e poucos os escolhidos, sim, porque bem poucos sabem aproveitar os meios que a Bondade Divina lhes pôs nas mãos, para progredir e impulsionar o progresso de seus irmãos. Sem dúvida, a felicidade na Terra é uma provação mais suave que a pobreza e a miséria, MAS TAMBÉM MUITO MAIS DIFÍCIL DE SER LEVADA A TERMO. Felizes do mundo, escutai: as riquezas que possuis, não vos foram distribuídas para satisfação vossa; não é para vossa ventura que os acontecimentos estão sempre de acordo com os vossos desejos e necessidades. Não! Não é para vosso gozo material, para incrementar o vosso orgulho, o vosso egoísmo. Nas riquezas tereis de procurar um benefício moral vindouro. Os bens terrestres vos são concedidos como instrumento, meio de amor e caridade para com vossos irmãos, de progresso moral e intelectual para eles e para vós. A esses bens, que Deus vos emprestou, deveis dar um emprego generoso e útil. Não devem servir para desfrutardes vida voluptuosa, mas para suavizardes os sofrimentos dos desgraçados. Não devem contribuir para viverdes na ignorância e na preguiça, mas para adquirirdes a ciência que o estudo, sempre tão dispendioso, vos pode proporcionar; depois tereis de espalhar esse benefício, de mãos cheias, GRATUITAMENTE, por aqueles que carecem de recursos, ou para fazerdes que outros espalhem fartamente a educação tão necessária ao povo, se – por ser limitada a vossa inteligência – não puderdes realiza-la. Não é para vosso regalo exclusivista que tendes esses bens. Não deveis dizer, jamais: “Tenho sorte, minha estrela brilha sempre, tudo me sorri”. Primeiro deveis agradecer a Deus vosso destino; depois, que este se reflita sobre todos aqueles que, menos felizes, estão sujeitos a provações morais e materiais, às vezes tão pesadas! A todos esses, sem tardança, daí o excesso da vossa fortuna. Consolai, alentai, moralizai, ponde-vos na situação dos que sofrem, ajudai-os a suportar o peso de seus infortúnios, não superficialmente, com os lábios apenas, mas com o amor que vem do fundo do coração. Praticai a justiça, o amor e a caridade, em todos os sentidos – material, moral, intelectual e espiritual. Então, sim, não mais vos diremos MUITOS OS CHAMADOS, POUCOS OS ESCOLHIDOS, porque do Alto o Senhor vos lançará um olhar de complacência. E, assim como o ia atrai o ferro, Ele vos atrairá ao seu amor, para receberdes a coroa dos eleitos.



BOA VONTADE – III


P – Disse o Espírito da Verdade, referindo-se aos magos: “Tinham mais curiosidade de verificar um fato duvidoso do que plena confiança nas palavras do Anjo”. Daí devemos concluir que receberam uma revelação espiritual?

R – Sim, explicaremos este ponto quando tratarmos da visita dos magos a Belém.

P – Quais o sentido e o alcance destas palavras do versículo 14: “Glória a Deus nas alturas, Paz na Terra aos homens da Boa Vontade de Deus”?

R – Nas alturas (no mais alto dos céus) exprime a elevação indefinível do Altíssimo. Homens da Boa Vontade de Deus são os que se consagram ao serviço do Senhor, não vivendo em retiro ocioso e fazendo macerações, mas consagrando a inteligência, a força e o tempo ao bem de seus irmãos, glorificando o Criador pelo trabalho, que é a prece do coração, pela caridade e pelo amor.

P – Por estas palavras do versículo 15: “Logo que os Anjos se retiraram para o céu” se deve entender: “Logo que os bons Espíritos se afastaram no espaço e deixaram de ser visíveis aos pastores”?

R – Sim, mas há uma explicação mais precisa ou mais exata: logo que cessou o estado de êxtase em que se achavam os pastores; logo que, voltando à opressão da carne, eles deixaram de ver.

P – Que devemos entender pela expressão “o céu”, com relação a Deus e para Deus?

R – Não procureis nessa expressão, de que tanto abusam as religiões, um lugar determinado, onde o Senhor se localize. Muito mesquinho é o espírito humano para pretender encerrar o Infinito no céu, como um potentado em seu palácio! Como explicar-vos a vós que não podeis fazer idéia da imensidade sem limites, o que sejam Deus, sua grandeza, seus atributos, o infinito das suas perfeições? Não podendo definir um ideal dessa magnitude, alguns homens cujas idéias ultrapassavam as do vulgo, quiseram fazer Deus tão grande que lhe “aniquilaram” a personalidade! Outros, confinados na estreiteza de suas cerebrações, o fizeram tão pequeno que as igrejas, que lhe edificaram são vastas demais para o conterem! Adotai o termo médio entre essas duas hipóteses: DEUS É, NA IMENSIDADE, O INFINITO. Porque o ESPÍRITO é de tal modo puro que bem poucos Espíritos podem vê-lo, frente a frente; de tal modo poderoso que irradia por todos os mundos SEM JAMAIS SE DIVIDIR, conservando sua individualidade eternamente indivisível. Para inteligências limitadas como as vossas, só podemos comparar materialmente Deus com o Sol que vos ilumina, centro único para o vosso planeta – (claro é um termo de comparação) – de luz, de calor, de vida e fecundidade, quer se mostre aos vossos olhos em todo o seu brilho, quer o encubram os sombrios vapores que se elevam da superfície da terra. Deus, o ponto individual-central no infinito, em torno do qual gravitam todos os mundos do Universo, espalha sobre todos eles o seu calor, a sua vida, a sua luz, a sua fecundidade inconcebível, mas bem poucos podem gozar da fecundidade de lhe ver os raios luminosos! Os vapores que se evolam de vossas almas culposas formam ainda uma atmosfera espessa, através da qual alguns desses raios passam, de quando em quando, geralmente depois de uma tempestade, para vos lembrar que, logo que as nuvens borrascosas se tenham dissipado, Ele brilhará por sobre vós, em toda a sua pureza, em todo o seu esplendor. Pobre linguagem humana, que poder é o teu pêra exprimir pelas palavras DEUS, o Ideal, o Imenso, o Infinito, o Eterno? O céu é imensidade sem limites em que se movem todos os seres, na ânsia de se aproximarem do centro de atração universal – DEUS – a cujos pés se vem grupar tudo aquilo que é perfeito. Mais adiante, no momento oportuno, vos daremos as explicações que deveis receber, com relação a Deus quando tratarmos do Evangelho de João.

P – Em face do versículo 17, quais o sentido e o alcance dos versículos 18 e 19?

R – A aparição do Anjo aos pastores, a daquela multidão da milícia celeste, a narração que os mesmos pastores fizeram do que viram e ouviram, tinham por objeto e por finalidade esclarecer cada vez mais os homens, chamar ainda mais a atenção e as meditações de Maria para a natureza e importância da sua missão, e dar a todos a confirmação de que aquele menino que Deus lhe confiara e do qual ela se acreditava mãe, por uma operação divina, era o Cristo, o Messias prometido, anunciado – desde Moisés – pelos profetas da Lei Antiga.



BOA VONTADE – IV


P – Como o Centro Espiritual Universalista interpreta os versículos 21 a 24, Capitulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Lucas?

R – Vamos reler:

21 – Decorridos os oito dias, ao cabo dos quais tinha o menino de ser circuncidado, foi ele chamado Jesus, nome que o Anjo lhe dera antes de ser concebido no seio materno. 22 – E, passado o tempo da purificação de Maria, segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor, 23 – de acordo com o que está escrito na lei: “Todo primogênito será consagrado ao Senhor”, 24 – e para oferecerem, ao sacrifício que ra devido, conforme a mesma lei, duas rolas ou dois filhotes de pombos.

Estes fatos constituem uma lição para os que se revoltam contra o jugo que a religião impõe, para os que querem destruir a lei em vez de cumpri-la, quando para a Humanidade se abre, na época predita, uma era nova, transitória. Vedes que os “pais” de Jesus se conformaram com a lei estabelecida, e a ela submeteram o “recém-nascido”. A lição é esta: nunca provoqueis o escândalo, isto é, não escandalizeis vossos irmãos, eximindo-vos repentinamente ao jugo que pesa sobre eles. Quando tiverdes de reconstruir um monumento servindo-vos dos materiais de outro, prestes a desmoronar, não empregueis a dinamite, porque – estilhaçados – os materiais voariam longe, ocasionando graves acidentes. Ao contrário: tirai cuidadosamente, pedra por pedra, depositai-as no chão separando as que não prestarem, para lança-las ao refugo. Feita a escolha, iniciai a obra nova, substituindo por outras – boas e sólidas, capazes de sustentar os ângulos – as pedras que o tempo haja estragado. Pois o mesmo se dá com a renovação moral: NÃO SE DEVE, DE UM MOMENTO PARA O OUTRO, SUBVERTER AS CRENÇAS, CALCANDO AOS PÉS SEUS PRECONCEITOS. Caindo sobre vós seus destroços vos poderiam ferir. Cumpre desloca-los um a um, conservar com muito cuidado as pedras verdadeiras, que devem sustentar o edifício, e rejeitar todas as falsas, que lhe causariam o desmoronamento. As pedras verdadeiras, que deveis conservar, são a fé em Deus, a submissão à sua Lei, quaisquer que sejam a língua em que a expliquem e a forma de que seja revestida. Assim, seja qual for o culto em que tenhais nascido, se ele vos ensina o amor a Deus (pouco importando o nome que se dá ao Criador), se vos ensina a prática da Caridade, as pedras são verdadeiras: conservai-as. Mas rejeitai, pouco a pouco, sem abalos, tudo o que estiver fora da Lei Divina, agora sintetizado no Novo Mandamento de Jesus. Só de acordo com este Mandamento é que será dado a cada um de acordo com suas obras. Os clericais, pertençam a que seita pertencerem (todo culto conta, no seu clero, um pessoal obstinado e tenaz com bom número de aderentes) vão bradar anátemas contra esta profissão de fé. Ela, entretanto, é do Cristo, e solapa todos os sectarismos do Anti-Cristo, pois é chegado o tempo em que, obedientes à Lei de Deus, os homens – sejam quais forem os cultos exteriores, que ainda agora os dividem e os separam – caminharão unidos e irmanados, sob a mesma bandeira: – Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei e amo! Mas, digam o que disserem, anatematizem e persigam os CRISTÃOS DO CRISTO, que podem eles com seus dogmas, suas tradições e cerimônias contra a Obra Progressiva de Jesus e a Vontade Eterna de Deus? Falam à alma? Não, porque os homens saem das igrejas tão maus quanto entram nelas. Falam, portanto, apenas aos sentidos. Os sentidos, porém, se embotam e se pervertem. Que resta então? Em geral (considerando as massas), autômatos que se ajoelham, homens ou crianças sem a Fé nascida da Verdade, os quais, ao saírem dos templos, levam consigo os mesmos vícios que traziam ao entrarem, e que são originários destas fontes: a avareza, a preguiça, a inveja, o orgulho, o egoísmo, a hipocrisia, a cólera, a intemperança, o sensualismo, a luxúria, a maledicência, a calúnia, a incredulidade, o materialismo, a intolerância, o fanatismo. Essas é que são as pedras falsas, que se devem retirar, porque o edifício desmorona sobre todas as mentiras que o sustentem. A fé perfeita, a prática permanente do Novo Mandamento, a caridade imaculada – eis aí as únicas pedras angulares: conservai-as rijas e sem jaça.

P – Como devemos traduzir e compreender estas palavras do versículo 21, referentes a Jesus: “antes de ser concebido no seio materno”?


R – Tais palavras significam: antes que Ele se houvesse colocado nas mãos de Maria Virgem, sua mãe aos olhos dos homens. Essas palavras humanas do versículo 21 foram a conseqüência das crenças que deviam, como já vos explicamos, ter curso, e o tiveram, no meio das multidões. Isto é, aos olhos dos homens, Jesus foi, durante a sua missão terrena, fruto da concepção humana, tendo Maria por mãe e José por pai; e – depois de desempenhada tal missão – fruto de uma concepção chamada “divina”, “milagrosa”, no seio de uma virgem – no seio de Maria – por obra do Espírito Santo.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O NASCIMENTO DE JESUS // A OBRA DO ESPÍRITO SANTO

O NASCIMENTO DE JESUS


P – Ao contrário do que pensávamos, sentimos hoje que é fácil realizar a Cruzada do Novo Mandamento em nossas casas. Devemos esta feliz descoberta à Legião da Boa Vontade. Como o CEU interpreta os versículos 18 a 25, Capitulo Primeiro, do Evangelho de Jesus segundo Mateus?

R – Vejamos:

18 – O nascimento de Jesus se deu assim: quando Maria, sua mãe, desposou José, verificou-se que ela concebera, pelo Espírito Santo, antes que houvesse coabitado. 19 – José, seu marido, sendo justo e não querendo expô-la à desonra, resolveu manda-la embora secretamente. 20 – Mas, quando pensava nisso, um Anjo do Senhor lhe apareceu em sonho, dizendo: “José, filho de David, não temas receber Maria por tua esposa, porquanto o que nela se gerou foi formado pelo espírito Santo. 21 – Ela terá um filho e lhes dará o nome de Jesus, porque Ele próprio libertará seu povo dos pecados. 22 – Tudo aconteceu para cumprimento do que o Senhor disse pelo profeta: 23 – “Uma virgem conceberá e dará à luz um filho, a quem será dado o nome de Emmanuel, que quer dizer DEUS CONOSO”. 24 – José, então, despertando, fez o que o Anjo do Senhor lhe ordenara e aceitou Maria por esposa. 25 – E, sem que tivessem união carnal, ela deu à luz seu filho e lhe pôs o nome de Jesus.

José não se recordava da sua origem, como Jesus, e não tinha consciência do seu destino: sofria os efeitos da encarnação humana. Assim, reencarnado, estava submetido às leis e aos preconceitos da humanidade, apesar da superioridade do seu Espírito. Era homem justo, mas homem. Eis porque, sob a influência dessas leis e desses preconceitos, resolvera a princípio abandonar Maria, secretamente. A revelação que lhe fez em sonho o Anjo, ou Espírito, tinha por fim retirar, em parte, o véu que lhe cobria a inteligência. Alma pura, José compreendeu a santidade da sua missão. Emissário também para cooperar na obra do Cristo, aceitou com alegria, tal como devia ser, a tutela humana que o Senhor lhe confiava. Não estranheis que o Evangelista haja espalhado, pelas multidões, a atitude secreta de José e a revelação que o levou a revoga-la. Cumpria que todos compreendessem na época determinada pela Boa Vontade do Senhor, que JESUS NÃO ERA FRUTO DA CONCEPÇÃO HUMANA. E as palavras do Anjo – “o que nela se gerou foi formado pelo Espírito Santo” – servindo para aquela época segundo a letra, salvaguardavam o futuro, no qual teriam de ser, segundo o espírito, a base da Terceira Revelação. Quanto à aparição do Anjo, em sonho, a José – da qual a ignorância humana, em seus mais culposos desvios, tem abusado tantas vezes, para fazer abomináveis gracejos, insultuosos ao que há de mais sagrado para o homem: o seu Deus – essa aparição vós a compreendeis muito bem. Aquele que ainda não percebeu a Luz de que é portadora a Revelação dos Espíritos, deve inclinar-se e calar em vez de repelir o que não sabe explicar. Durante o sono, o Espírito se desprende da matéria, para poder reunir-se, no espaço, aos amigos que o cercam. Quando o desprendimento é completo, o Espírito se eleva e, desde que seja de certa grandeza, se associa às falanges felizes, sem deixar, todavia, a zona do planeta. Se o desprendimento não é completo, os Espíritos simpáticos descem e se aproximam dele. Qualquer que seja a condição moral em que vos encontreis, essas relações se estabelecem, mas geralmente com Espíritos que guardam paridade com os vossos. Por vezes, contudo, Espíritos mais elevados vêm até vós, para vos instruir durante esses momentos de liberdade, para vos mostrar os obstáculos que tereis de vencer. Toda comunicação obtida durante o sono deve ser classificada entre os sonhos, com a diferença, porém, de que os sonhos ordinários provém geralmente de recordações, ou da luta da matéria com o Espírito, ao passo que os sonhos da natureza daquele de José são revelações. Não imagineis, entretanto, que, partindo desse princípio, vos seja dado achar a significação de todos os vossos sonhos. Seria o mesmo que procurar o sentido racional das balbúcies de uma criança. Diante do fato, no que diz respeito à revelação que o Anjo fez a José, houve COMUNICAÇÃO DE ESPÍRITO A ESPÍRITO. Da mesma forma que conservais, muitas vezes, a lembrança dos vossos sonhos, ainda os mais insignificantes e ridículos, não sendo completo o desprendimento, também José, ao despertar, se lembrou do sonho que tivera. Quando o desprendimento foi completo, a lembrança só se verifica em casos excepcionais. Nesses casos, por ocasião do despertar, há uma ação espiritual que, mediante a inspiração, renova a impressão recebida, a lembrança. Muitas das vossas recordações humanas, igualmente, são fruto de uma ação dessa natureza, que vos recorda fatos passados, a fim de que sirvam ao vosso futuro.



OBRA DO ESPÍRITO SANTO – I


P – Diante das explicações do CEU da LBV, hoje podemos compreender perfeitamente a sua máxima: Religião é a Política cientificamente praticada. Sim, entendemos que é no campo espiritual que se encontra solução para todo e qualquer problema, do Brasil e da Humanidade. Como explicar, agora, a concepção, a gravidez e o parto de Maria por OBRA DO ESPÍRITO SANTO?

R – Eis os versículos 1 a 7, Capitulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Lucas:

1 – Sucedeu que, por aqueles dias, se publicou um decreto de César Augusto, para o recenseamento dos habitantes de todo o mundo. 2 – Esse recenseamento foi feito por Quirino, governador da Síria. 3 – Todos iam fazer suas declarações, cada um na sua cidade. 4 – José partiu da cidade de Nazaré, que fica na Galiléia, e foi à Judéia, à cidade de David, chamada Belém, por isso que ele era da casa e da família de David, 5 – a fim de se fazer registrar com Maria, sua esposa, que estava grávida. 6 – Enquanto ali se achava, sucedeu completarem-se os dias em que devia dar à luz; 7 – e Maria deu à luz o seu filho primogênito, e o enfaixou, e o deitou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria.

Para todos, já o dissemos e repetimos, Maria tinha de ser a mãe de Jesus. Para todos, sua gravidez era visível. Decorrido o tempo que esta devia durar, igual ao de qualquer gravidez, o simples fato da presença do menino nos braços de Maria bastou para causar a crença no parto. Para todos, portanto, houve “parto” e “nascimento”. Eis por que, durante todo o tempo da sua missão terrena, Jesus foi considerado – pelos homens, pelos Apóstolos, pelos discípulos, pelas multidões que o seguiam – como fruto da concepção humana, por obra de Maria e de José. Mais tarde, depois de finda aquela obra, isto é, depois da “ascensão”, amadureceram os frutos da revelação conservada secreta. Ela se tornou conhecida do povo. Em conseqüência da anunciação feita a Maria e da advertência recebida por José, Jesus passou a ser considerado um homem nascido de ventre de mulher e, ao mesmo tempo, um Deus encarnado, porque formado miraculosamente no seio de uma virgem pelo Espírito Santo. Dessa crença vulgar, relativa à “concepção” e ao “nascimento” de Jesus, à “gravidez” e ao “parto” de Maria, crença que se originou de uma revelação apropriada às necessidades e às exigências da época – preparo da vossa humanidade para a compreensão da vida espiritual – dessa crença partilharam os Evangelistas, os Apóstolos e os discípulos, como o povo em geral. ERA NECESSÁRIO QUE ASSIM FOSSE, porque – se eles tivessem conhecido a origem espiritual de Jesus – teriam sido impostores, representando essa origem como carnal nas condições da vossa humanidade, e, ao mesmo tempo, como fruto de uma encarnação divina. Os Evangelistas, bem como os Apóstolos e os discípulos, eram simples de coração; eram na condição de reencarnados, criancinhas pela humanidade e pela inteligência. Aceitaram a revelação recebida por Maria e por José, considerando-a emanada de Deus e feita por um de seus Anjos. Instrumentos do Senhor, eles transmitiram essa revelação e os fatos. Médiuns historiadores, cada um desempenhou sua tarefa dentro do quadro que lhes traçaram a influência e a inspiração espirituais. Já o dissemos e agora o repetimos: convinha que fosse assim, porque os homens precisavam de um exemplo frisante. Por perto de vinte séculos, a matéria idealizada vos preparou com auxílio do tempo e das reencarnações sucessivas, mediante as quais se efetuaram a expiação, a reparação e o progresso, para a compreensão da vida espiritual e vos conduziu à era nova do Espírito da Verdade, cujo o advento foi preparado, lenta e laboriosamente, desde que o Mestre esteve pessoalmente entre vós. E os tempos chegaram.



OBRA DO ESPÍRITO SANTO – II


P – Deixou-nos impressionados a franqueza do Espírito da Verdade, ao afirmar que até os Evangelistas, os Apóstolos e os discípulos ignoravam a verdadeira origem espiritual de Jesus! De fato, a letra mata, só o Espírito vivifica. Tudo será aclarado agora?

R – Sim. A letra produziu seus frutos: não consegue mais satisfazer ao estado e ao progresso das vossas inteligências, às reais necessidades da época atual. Pois que agora mata, ela tem de ceder seu lugar ao espírito renovador e revitalizante. Chegaram os tempos de ensinar, de acordo com a Ciência e a Verdade, iniciando a todos nos segredos da Natureza, o que foram – como obra do Espírito Santo – a gravidez e o parto de Maria. Esta obra, qualificada de “sobrenatural”, “milagrosa”, “divina”, foi, com a permissão de Deus e de acordo com as leis naturais e imutáveis por ele promulgadas de toda a eternidade, o resultado de um ato espiritual e de uma ação magnética, executados com o auxílio e por meio de fluidos apropriados. O magnetismo é o agente universal que tudo aciona: TUDO ESTÁ SUBMETIDO À INFLUÊNCIA MAGNÉTICA. A atração existe em todos os reinos da Natureza. Não é por efeito da atração magnética que o macho se aproxima da fêmea, nas diferentes partes da Terra, ainda mesmo nas mais desertas e quando, não raro, os dois se encontram a grande distância um da outra? Não é a atração magnética que leva de uma flor a outra o princípio fecundante? Que nas entranhas da Terra, une as substâncias próprias para a formação dos minerais que ela encerra? Que atua sobre as águas, dirigindo-as para as terras áridas, necessitadas de fecundação? TUDO É ATRAÇÃO MAGNÉTICA NO UNIVERSO. Esta é a grande lei que rege as coisas. Quando o homem tiver os olhos bem abertos para aprender toda a extensão dessa lei, o mundo estará sob o seu domínio, visto que ele poderá dirigir a ação material dessa força. Mas para chegar lá, lhe será necessário um estudo longo e aprofundado das causas, e sobretudo muito respeito e amor ao Todo-Poderoso, que lhe confiou tão grande meio de ação. Quando, sob os auspícios desse respeito e desse amor, ele, todo humildade e desinteresse, houver conquistado pelo estudo e pelo trabalho o conhecimento de todos os fluidos, das suas naturezas diversas, de suas propriedades e efeitos, das diferentes combinações e transformações por que podem passar, POSSUIRÁ O SEGREDO DA VIDA UNIVERSAL E DA FORMAÇÃO DE TODOS OS SERES EM TODOS OS REINOS, sob a ação magnética e espiritual, pela vontade de Deus e segundo LEIS NATURAIS E IMUTÁVEIS. Os fluidos magnéticos ligam todos os mundos entre si no Universo, como todos os Espíritos, encarnados ou não. Eis o laço universal com que Deus nos ligou a todos para formarmos UM ÚNICO SER, conjugando-nos as forças para NOS INTEGRARMOS NELE. Pois os fluidos se reúnem pela ação magnética; tudo é magnetismo na Natureza; tudo é atração produzida por esse agente universal. No vosso planeta, além do magnetismo mineral, vegetal e animal, existem ainda o magnetismo humano e o magnetismo espiritual. O magnetismo humano consiste na concentração, por efeito da vontade do homem, dos fluidos existentes nele e na atmosfera que o cerca, e mediante os quais, a certa distância, ele atua sobre outros homens ou sobre as coisas. O magnetismo espiritual resulta da concentração da vontade dos Espíritos, concentração por meio da qual estes reúnem à volta de si os fluidos, quaisquer que sejam, encerrados no ser humano ou disseminados no espaço, e o dispõe de modo a exercerem ação sobre o homem ou sobre as coisas, produzindo os efeitos por ele desejados. A gravidez de Maria foi obra do Espírito Santo porque foi OBRA DOS ESPÍRITOS DO SENHOR e, como tal, aparente e fluídica, de modo a fazer crer numa gravidez real. Houve, aí, efeito de magnetismo espiritual. Sabeis qual a ação dos fluidos espirituais sobre o homem. Podeis avalia-la pelo poder dos fluidos humanos bem dirigidos. Os Espíritos prepostos à preparação do aparecimento do Cristo na Terra reuniram, em torno de Maria, fluidos apropriados que lhe operaram a distensão do abdômen e o intumesceram. Ainda pela ação dos fluidos empregados, o mênstruo parou durante o tempo preciso de uma gestação, contribuindo este fato para a aparência da gravidez, pela intumescência e pelos incômodos ocasionados. Maria, sob a inspiração do seu Guia Superior, e diante desses resultados, que eram para ela o cumprimento da anunciação do Anjo, acreditou na realidade do seu estado. Nessa crença nada há de surpreendente: aos hospícios se têm recolhido não poucas vítimas da vossa ciência, as quais se acreditavam prestes a dar à luz, QUANDO NÃO PASSAVAM DE JOGUETES DAS ILUSÕES PROVOCADAS POR OBSESSORES. Em tais casos não havia nenhuma aparência de gravidez aos olhos dos homens; entretanto, os obsessores as faziam experimentar todos os sintomas da gravidez e do parto. Assim, só aparência de gestação houve em Maria; a gravidez foi apenas aparente, senão a intumescência do ventre produzida por ação fluídica, efeito do magnetismo espiritual. Seu parto foi, igualmente, obra do Espírito Santo, porque foi obra dos Espíritos do Senhor, e só se deu na aparência, tal como a gravidez, por isso que resultava desta, que fora também aparente. Tanto quanto da gravidez magnética, Maria teve a ilusão, do parto, na medida do que era necessário, a fim de que acreditasse, COMO DEVIA ACONTECER, num nascimento real.



OBRA DO ESPÍRITO SANTO – III


P – Impressionante a explicação do Espírito da Verdade sobre a concepção, a gravidez e o parto da Virgem Maria! Poderia o CEU da LBV explicar o que sucedeu depois?

R – Passado o tempo normal da gravidez, houve efeito de magnetismo espiritual: os Espíritos prepostos à preparação do advento do Cristo colocaram Maria sob a influência magnética, e ela teve a impressão completa do parto e da maternidade. Deveis compreender essa influência recordando a ação e os efeitos que, por meio do magnetismo humano, o magnetizador exerce e produz sobre o magnetizando, assim como a ação e os efeitos que, mediante o magnetismo espiritual, os Espíritos exercem e produzem sobre o homem. O magnetizador pode, como sabeis, pela ação da sua vontade e com o auxílio dos fluidos humanos bem dirigidos, levar o paciente, em estado de sonambulismo, a experimentar todas as sensações e impressões, a ver e acreditar em tudo quanto ele queira que o mesmo paciente veja e acredite, ao ponto de conseguir que este se impressione com a ficção, como se fora uma realidade. Pode ainda produzir no paciente todas as aparências de um sofrimento qualquer, faze-lo mesmo passar por este sofrimento e, por fim, livra-lo dele. Se estudardes o magnetismo humano por todas as suas faces, notareis que alguns pacientes, cujo desprendimento se opera com grande facilidade, falam e procedem exatamente como se não estivessem mergulhados em sono magnético, não apresentando nenhum traço ou sintoma por onde o observador possa reconhecer esse estado. É que a ação magnética se exerce sobre o Espírito, deixando ao corpo a sua liberdade. São indivíduos que gozam do desenvolvimento de faculdades extra-humanas, isto é, indivíduos excepcionais, que gozam não só (como todo Espírito desprendido da matéria) de faculdades extra-humanas, mas também de faculdades superiores às que observais nos homens mais lúcidos e que são capazes, em certos casos, de resolver problemas em que o Espírito encarcerado na carne não ousaria nem poderia abordar. Há questões que o homem não se atreve a propor à ciência, não por humildade nem por uma cautelosa apreciação de suas forças, mas sim por considerar a ciência incapaz de responder a todas elas. Raros são ainda, tais indivíduos. Mas hão de se multiplicar, mediante o emprego dessa força que vos está confiada. Servirão imensamente ao progresso das ciências e das artes do vosso planeta. São instrumentos mais perfeitos do que os outros, mas – por isso mesmo – mais fáceis de se quebrarem, isto é, são pessoas cujas faculdades mediúnicas, mal dirigidas, se estragariam rapidamente. Tal a razão porque não vos aparecem em grande número. Preciso é que, em matéria de magnetismo, ganheis mais experiência. Sabeis, também, que o esquecimento ao despertar é, em principio, efeito do sonambulismo. Todavia, excepcionalmente, pode o magnetizador – pela ação de sua vontade e dando ordens nesse sentido – conseguir que, uma vez despertado, o sonâmbulo guarde lembrança do que tenha ocorrido no estado sonambúlico e da qual ele queira que o mesmo sonâmbulo se recorde do seu estado comum. Tudo quanto, pela ação do magnetismo humano, o magnetismo pode fazer com outro individuo, igualmente o podem pela ação do magnetismo espiritual, os bons Espíritos. Estes atuam com maior discernimento e mais ciência do que o homem sobre o homem, e nas condições necessárias à obtenção dos efeitos que queiram produzir, dos resultados que desejam alcançar. Podem fazer que o paciente sinta pancadas, ou dores, que aparecem ou desaparecem à vontade dos operadores invisíveis. Também sabeis, por numerosos fatos observados em todos os tempos e agora mesmo, como são sentidas essas pancadas, essas dores. Lembrai-vos: tudo está sujeito à influência magnética.



OBRA DO ESPÍRITO SANTO – IV


P – A explicação do Evangelho de Jesus, em Espírito e Verdade, sempre à luz do Novo Mandamento, nos reintegra na realidade eterna do Cristo de Deus. Poderia o Espírito da Verdade continuar suas lições sobre o magnetismo?

R – Sim. Precisamos explicar-vos, ainda, a ação do magnetismo sobre o Espírito do magnetizando. O que a este respeito vamos dizer se aplica tanto ao magnetismo humano quanto ao magnetismo espiritual; só que a ação deste é mais pura em suas causas e em seus efeitos. Entretanto, são os mesmos resultados de um e outro: o desprendimento do Espírito encarnado se produz em condições mais ou menos boas, conforme seja mais ou menos elevado o magnetizador, humano ou espiritual. Haveis de compreender que o magnetismo não pode causar ilusão ao Espírito, porque concorre para o seu desprendimento. Uma vez desprendido o Espírito, por esse meio, dos entraves da carne, a conseqüência é que se torna cúmplice voluntário de quem sobre ele atua, quer a ação magnética emane de um Espírito livre, que de um que esteja reencarnado. A lembrança que o paciente, depois de acordar, guarde do que ocorreu durante o sono magnético, resulta da cooperação do mesmo paciente, o qual – seja por simpatia, seja por fraqueza, seja por subordinação, conforme às relações existentes entre ele e o magnetizador (humano ou espiritual) – consente em obedecer ao que se lhe impõe ou propõe. Assim, ele se recordará das palavras ou atos cuja lembrança tenha, durante o sono, assentido em guardar, sob a influência das sensações e impressões recebidas pela matéria, que conserva a marca do compromisso, assumido pelo paciente, de se lembrar dos atos como se fossem realmente praticados. O Espírito, iludido pela carne, ao despertar considera reais aqueles atos. Se o Espírito do magnetizador e o do magnetizando são simpáticos, a lembrança é devida ao bom entendimento existente entre ambos. Se o Espírito do magnetizando é mais fraco do que o do magnetizador, e este lhe impõe uma vontade arbitrária, o Espírito desprendido cede algumas vezes. Se o Espírito do magnetizando é inferior ao do magnetizador, o primeiro, por deferência, levado pelo respeito, obedece. Maria tinha de crer num parto real e lembrar-se dos fatos que lhe cumpria atestar, como se tivessem ocorrido. Os Espíritos prepostos à preparação do aparecimento do Cristo na Terra, colocando Maria sob a influência do magnetismo espiritual, puseram-na em estado de sonâmbulo que vê e acredita, sente e experimenta, o que se quer que ela veja e acredite, sinta e experimente. Nesse estado, a Virgem se achou em condições idênticas as dos indivíduos, ainda raros entre vós, de que há pouco falávamos. Quando ela ainda se encontrava sob aquela influência, os Espíritos prepostos – que, para produzirem a gravidez aparente e fluídica, haviam atraídos os fluidos apropriados – os dispersaram: deste modo, cessando as causas, os efeitos deixaram de existir. Pela dispersão daqueles fluidos, a menstruação retomou o seu curso normal e Maria se achou nas condições exigidas em tais casos para poder, no prazo estabelecido, preencher as formalidades prescritas na Lei de Moisés para a purificação. A fim de dar à Virgem – sempre sob a influência magneto-espiritual – a ilusão do parto e da maternidade, os Espíritos prepostos pela ação fluídica, fizeram-na experimentar efeitos semelhantes às contrações naturais em um parto qualquer. E essas impressões recebidas pela matéria a dispuseram a tomar, por simpatia com os Espíritos elevados que sobre ela atuavam, isto é, por acordo com eles, o compromisso de se lembrar materialmente de fatos que precisavam ser atestados, submetendo-se ao que lhe era proposto em nome do Senhor. No momento em que Jesus apareceu, exatamente como por efeito de um nascimento real, sob o aspecto de uma criancinha, cessou toda a influência magneto-espiritual. E Maria, iludida pela carne, sob a influência das impressões recebidas pela matéria, que conservara o sinal do compromisso que seu Espírito assumira, tomou nos braços o menino, como se o parto fora comum, crente assim de que ele era fruto de suas entranhas, por obra do Espírito Santo. Maria era quase uma criança, pouco experiente das coisas humanas, tendo sempre vivido em contemplação e adoração. Tomou o menino e rendeu graças a Deus. A gravidez e o parto não tiveram, da sua marcha natural, senão a aparência. Se fosse necessário dar também aos homens a ilusão desses fatos, fácil teria sido aos Espíritos prepostos fazer com que, pelas dores da carne em elaboração, Maria experimentasse todos os incidentes e sintomas de cada uma das fases da maternidade, de modo a lhes imprimir, aos olhos humanos, todos os caracteres aparentes da realidade, segundo as leis da encarnação no vosso planeta. Sabeis como os Espíritos, que vos cercam, podem manipular os fluidos ambientes. Por isso, a gravidez teve, aos olhos dos homens, a aparência da realidade. O mesmo se deu com referência ao parto: cercando Maria dos fluidos necessários a produzir a ilusão, esses fluidos, pelas combinações que sofreram sob a ação espiritual, imprimiram aos olhos humanos todos os caracteres da realidade às fases do parto, de modo que este, para os que assistissem a Virgem, revestiria a aparência do fato real.



OBRA DO ESPÍRITO SANTO – V


P – O conhecimento da Lei dos Fluidos abre novos horizontes para os estudiosos da verdadeira Doutrina Cristã. Como o CEU da LBV analisa as conseqüências do “parto” de Maria?

R – Os Espíritos que vos cercam, chegados a um certo grau de adiantamento atuam – pelo poder da provia vontade – sobre os fluidos ambientes, atraem os que são necessários e, combinando-os, traçam, para os olhos carnais do homem, os quadros que ele precisa ver. Entretanto, tais meios só são empregados em casos excepcionais, da maior seriedade. Assim, não pense o homem estar sempre submetido a essas “alucinações espirituais”. Mas, todas as vezes que, para um fim útil à Humanidade, seja preciso recorrer a esses meios, eles são empregados. Não vos equivoqueis, porém, a respeito do sentido desta expressão “alucinações espirituais”: trata-se de efeitos espirituais representando, para olhos humanos, uma coisa qualquer que não exista realmente, nem do ponto de vista material, nem do ponto de vista espiritual, e que não passa de ilusão produzida, sob a ação dos Espíritos, por uma SIMPLES COMBINAÇÃO DOS FLUÍDOS. O fenômeno, que mais tarde explicaremos, chamado a manipulação dos pães e dos peixes, simples resultado de uma ação espiritual, obtida por mera combinação dos fluidos apropriados e necessários a tais efeitos, é de molde a vos fazer compreender como seria igualmente fácil produzir, para aqueles que porventura assistissem Maria, a ilusão perfeita do parto, dando-lhe as características da realidade. É pelo mesmo princípio e pelo emprego das mesmas causas que os Espíritos culpados defrontam, na erraticidade, as vítimas que fizeram e as faltas que cometeram e vêem desenrolar-se o panorama sangrento do passado ou o cenário das dores que os esperam no futuro. Os fluidos empregados pelos Espíritos prepostos a essa missão apresentam aos olhos do culpado – ou quadros animados, de uma ilusão perfeita, ou a aparência de objetos sob a mais completa ilusão da realidade. Fácil teria sido, portanto, produzir nos homens, naqueles que porventura a assistissem, a ilusão do parto de Maria. Mas, a isso se opunha o misterioso prestigio de que devia cercar-se o “nascimento” de Jesus. No momento a Virgem estava só. Fácil era dar a ilusão àquele Espírito cuja existência material apenas começava, tanto mais quando – embora o desenvolvimento da mulher em tais paragens seja mais precoce do que sob o vosso clima – a vida contemplativa de Maria a conservara ao abrigo de todas as aspirações e sensações materiais. Sendo ela, portanto, ignorante das leis da matéria, seria inútil levar mais longe essa ilusão. Notai que os acontecimentos se encadearam de tal sorte que Maria se viu isenta de quais quer socorros humanos, sendo o rebanho encurralado no estábulo sua companhia única naquele momento em que, estando sozinha, ela tivesse de acreditar num parto real; em que sob a influencia magneto-espiritual, os fatos ocorreram para efetivar a ilusão sobre esse ponto; em que, finalmente, se verificou o aparecimento de Jesus sob o aspecto de uma criancinha. Notai que NENHUM HISTORIADOR DE JESUS FALA DO TRABALHO DO PARTO DE MARIA, NEM DAS CONSEQÜÊNCIAS QUE PUDESSEM OCASIONAR. Os “espíritos fortes” farão sentir que, sendo a Judéia um país quente, as mulheres eram morenas e vigorosas, e que assim as condições mórbidas, do ponte de vista das conseqüências do parto, deviam ser quase nulas”. Efetivamente, em certas atitudes, a mulher se encontra senão livre, ao menos aliviada de uma parte de seus sofrimentos. Mas Jerusalém, Nazaré e Belém de Judá não se acham em condições idênticas às das margens do Ganges, tão citadas em casos semelhantes. Ela, portanto, deveria ter estado “doente”, como qualquer outra mulher, durante certo tempo. NINGUÉM DISSE UMA SÓ PALAVRA A TAL RESPEITO. Ao contrário, logo na manhã seguinte, recebeu os pastores (aos quais o Anjo, ou Espírito, se manifestara) e lhes apresentou o menino. Ela era, já o dissemos, um Espírito muito puro, tendo por missão prestar-se a obra que se havia de realizar, e não procurava, como vós o fazeis, compreender o mecanismo dos atos ocultos. Observai: avisada pelo Anjo de que teria, aos olhos humanos um filho de essência diversa da sua, diversa da essência humana do vosso planeta, obedece e desempenha com fé, submissão e amor, A TEREFA QUE ACEITARA. Avisada pelo Anjo, ou Espírito, de que não seria mais que um instrumento, recebe como obra do Espírito Santo e sem inquirir da natureza da solução do problema, o filho que julgou ser fruto de suas entranhas e do qual tinha de se encarregar aos olhos dos homens. Não digam aqueles, que sem cessar controvertem, que isso teria sido embuste ou fantasmagoria. Não: vossa natureza está sujeita a muitas coisas que ainda não compreendeis, mas cuja fonte única é a combinação dos fluidos de que dispomos – para vossa utilidade e vosso progresso. Jamais agimos sem propósito: cumprimos SEMPRE as vontades do Senhor. O que ocorreu era necessário ao início de uma nova era transitória, na qual a Humanidade então ia entrar, a fim de preparar o advento de nova Revelação.



OBRA DO ESPÍRITO SANTO – VI


P – Agora sabemos que só o Espírito da Verdade pode restaurar a beleza da Segunda Revelação, libertando da ignorância a pobre Humanidade. Podemos saber mais a respeito do corpo de Jesus?

R – A cada era – uma Revelação, progressiva e apropriada às necessidades dos tempos, ao estado das inteligências e aos reclamos da época. Revelação velada pela letra, quanto convenha, mas sempre vos ensinando a Verdade, gradualmente, na medida do que podeis receber e conservar, levantando, pouco a pouco, a ponta do véu que a esconde aos vossos olhos. Jesus trazia um corpo semelhante ao vosso, como bem o disseram os Apóstolos: “Seu corpo não tinha a aparência do vosso? E suas necessidades aparentes não foram as mesmas?^” Sim, Jesus teve um corpo semelhante ao vosso, mas não da mesma natureza. Seu nascimento foi obra do Espírito Santo, por isso que seu aparecimento foi preparado por uma gravidez aparente e, portanto, por um parto também aparente, obra – uma e outro - dos Espíritos do Senhor, executada como já vos explicamos. TAL APARECIMENTO SÓ JESUS O PODIA FAZER: aquela missão lhe competia, primeiro, como responsável que é pelo progresso humano, depois, por ser, entre os Espíritos elevados (sob a sua direção) consagrados à obra do progresso da Terra e da sua Humanidade, o único, pelo seu poder nas altas regiões siderais, capaz de assimilar aos do vosso planeta os fluidos superiores que servem para a formação dos corpos nos mundos fluídicos, e – desse modo – constituir o corpo misto de que usava, quase material e que, aos vossos olhos, se afigurava o corpo do homem terrestre; finalmente, por ser o ÚNICO REALMENTE CAPAZ DE MANTER UMA EXISTÊNCIA APARENTE NA TERRA. Efetivamente, Jesus, Espírito Perfeito, puro entre os mais puros de quantos, sob a sua direção, trabalham para o vosso progresso, vossa regeneração, vossa transformação física, moral e intelectual, a fim de vos conduzir à perfeição; Jesus, não sujeito a encarnar em nenhum planeta, conhecia todos os fluidos adequados a produzir o aparecimento por incorporação e a encarnação em TODOS OS MUNDOS, quer materiais, quer fluídicos; Jesus conhecia também as leis universais, naturais e imutáveis, suas aplicações e apropriações. Só Ele, portanto, tinha a ciência e o poder de construir para si mesmo, debaixo da aparência corporal humana, aquele invólucro de natureza perispirítica, apto a longa tangibilidade, destinado a lhe servir para o desempenho da sua missão entre vós. SÓ ELE TINHA O PODER DE DEIXAR ESSE CORPO E DE O RETOMAR A TODO INSTANTE, mantendo os elementos que o compunham sempre prontos a se reunirem ou dissociarem, por ato exclusivo da sua Potente Vontade. Já o dissemos e repetimos: Jesus não se revestiu de um corpo material humano como o vosso: SUA ESSÊNCIA ERA DEMASIADO PURA PARA PODER SUPORTAR O CONTATO COM A MATÉRIA, ASSIM COMO VOS É IMPOSSÍVEL SUPORTAR UM ODOR FÉTIDO. Quanto mais pesada a matéria, tanto mais constringe o Espírito. Revestido do invólucro material humano, o Espírito (seja, embora, um Espírito Superior, que o tome para desempenhar missão entre vós) é mais ou menos falível: sua vida não decorre sem que um ou outro deslize lhe empane o brilho. Entre vós ainda se encontram Espíritos em missão, suportando o peso da carne. Mas, já pela sua natureza espiritual, já pela sua posição crística, tal escravidão não podia nem devia sofrer Jesus, pois – mesmo quando visível entre os homens, segundo os períodos e necessidades da sua missão – tinha a consciência perfeita da sua origem e a certeza absoluta do futuro, COMO GOVERNADOR E PROTETOR DO VOSSO PLANETA, presidindo a vida e a harmonia universais em todos os reinos da natureza, constantemente em relação com Deus, transmitindo pelos seus mensageiros, hierarquicamente, ordens a todos os Espíritos prepostos à obra de engrandecimento da Humanidade terrena. Já o dissemos e repetimos: esse fato do aparecimento entre vós, de um Espírito por incorporação – ÚNICO ATÉ HOJE NOS ANAIS DO VOSSO MUNDO – vai-se repetir brevemente. E quando se repetir, sabereis que soou a hora da regeneração anunciada pelo Cristo e, desde longe, por nós preparada e continuada. Ouçam os que tem ouvidos de ouvir, e todos aqueles que, cheios de orgulho, mas ignorantes das Leis Divinas, naturais, universais e imutáveis, e do que se refere aos fluidos, suas propriedades, seus efeitos, suas combinações, apropriações e transformações, SEMPRE DE ACORDO COM AQUELAS LEIS, para a produção de seres por incorporação ou encarnação nos planetas, tanto materiais quanto fluídicos, que povoam a imensidade – ouçam todos os homens: não neguem o que não podem compreender nem explicar!



OBRA DO ESPÍRITO SANTO – VII


P – Agora, compreendemos porque Jesus afirmou que João era o maior dos nascidos de ventre de mulher: porque este não foi o caso do Cristo de Deus. Que diz mais a respeito, o Espírito da Verdade?

R – A gravidez de Maria foi apenas aparente e fluídica, por obra do Espírito Santo, isto é, dos Espíritos prepostos a essa obra, os quais operaram por meio do magnetismo espiritual. Sim, o “aparecimento” de Jesus, efetuado de acordo com a vontade de Deus, apropriada ao nível das inteligências daquele tempo, sob o véu de um nascimento apenas aparente, foi manifestação espiritual, tangível, IGUAL ÀS QUE SE PRODUZEM EM TODAS AS ÉPOCAS E AINDA HOJE PODEIS OBSERVAR. A única diferença a registrar entre aquela e estas manifestações, é que ali, o perispírito, muito humanizado pela ação poderosa do Mestre sobre os fluidos que vos cercam era – com todas as aparências da vida terrestre – apto a conservar uma longa tangibilidade, que existia ou cessava ao arbítrio do Cristo, conforme ao exigido pelo tempo, oportunidades e atos da sua missão entre vós. Estava reservado ao Paráclito dizer-vos tudo aquilo que a Humanidade não podia entender, quando Jesus desceu à Terra, mas que, veladamente, se encontrava nas palavras com que o Anjo fez a anunciação à Virgem Maria e, em sonho, advertiu a José. Estava-lhe reservado levantar o véu quando fossem chegados os tempos; colocar no corpo da letra (que agora mata) o Espírito (que vivifica); explicar o erro que a letra e a ignorância dos séculos haviam de engendrar (e engendraram) até aos vossos dias, enfim ensinar-vos a verdade que o progresso das inteligências já vos permite receber e guardar. É preciso repetir: Jesus não tomou um corpo material humano, formado no seio de uma virgem, com derrogação das Leis naturais, imutáveis que regulam a reprodução no vosso planeta e nos outros mundos materiais; A VONTADE DE DEUS JAMAIS DERROGA AS LEIS DA NATUREZA QUE ELE PRÓPRIO FORMULOU DESDE TODA A ETERNIDADE. Não, Jesus não tomou um corpo humano material igual aos vossos, por obra de Maria e José. Afirmar ao contrário seria inquinar de falsidade e impostura o que a ambos disse o Anjo enviado por Deus. O Paráclito vem explicar, em Espírito e Verdade, as palavras do Anjo do Senhor, mal interpretadas porque as tomaram ao pé da letra, com ignorância do sentido que devia ser dado a estas proposições: “Aquele que nela se gerou foi formado pelo Espírito Santo. – O Espírito Santo virá sobre ti, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra”. O Paráclito vem substituir o erro pela verdade; vem ensinar aos homens que, como obra do Espírito Santo, isto é, dos Espíritos do Senhor, tudo foi espiritual, estranho a qualquer ato humano, material – regido pelas leis da encarnação no vosso planeta – quer se trate da concepção no seio de uma virgem, dando lugar a uma gravidez apenas aparente (devida a uma ação fluídica emanada daqueles Espíritos); quer se trate do parto, por sua vez também aparente, destinados uma e outro – como já o explicamos fartamente – a produzir ilusão em Maria e gerar nela crença em fatos que devia considerar reais e atestar; quer se trate, finalmente, do aparecimento de Jesus sob o aspecto de uma “criancinha” tal como teria acontecido, aos olhos dos homens, num “nascimento real”. De uma vez por todas, essa aparecimento (obras e feitos espirituais) se produziu pelo emprego e combinação de fluidos superiores e inferiores de acordo com as LEIS NATURAIS E IMUTÁVEIS que vos temos revelado, mediante a aplicação e a adaptação dessas leis. E agora, uma palavra final em resposta aos que citam a Primeira Epístola de João, em seu quarto capítulo, para afirmar que “são falsos profetas os que negam ter Jesus vindo em carne ao vosso mundo”. Não quis o Evangelista referir-se ao corpo do Cristo mas à condição humana que tomou (Verbo feito carne), para o cumprimento da sua missão sacrificial. Visava ele aos que, até hoje esperam a vinda do Mestre, enquanto nós já anunciamos sua volta.



OBRA DO ESPÍRITO SANTO – VIII


P – Há um ponto obscuro que gostaríamos de ver aclarado. Tendo José e Maria, como tinham, parentes e conhecidos em Belém, de que modo se explica terem de se acolher a um estábulo, e ali deitarem o menino na manjedoura, por não haver lugar, para eles, na hospedaria?

R – Explica o Espírito da Verdade: grande era a afluência de viajantes, a ponto de exceder os limites da hospitalidade, mesmo na hospedaria. Os hebreus, sobretudo os de ínfima classe, não construíam casas para si mesmos como se fossem príncipes. Morava em Belém um irmão de José; mas não tendo sido avisado de sua vinda, não pode recebe-lo, porque outros hóspedes ocuparam toda a sua casa. José não era esperado: não devendo afastar-se de Maria, atento à sua adiantada gravidez (aos olhos dos homens), seu irmão é quem iria fazer por ele as declarações exigidas pela lei. De fato, estando certo de não poder ir pessoalmente, José incumbiu seu irmão Matias de inscreve-lo no registro censitário, assim como sua mulher e o filho, que então já teria “nascido” e seria varão, pelo aviso que recebera do Anjo. Não era crível que Maria, em tão adiantado estado de gravidez, se aventurasse àquela caminhada. Por isso ninguém a esperava. Mas, impelida pelo Espírito, para empregar a expressão das próprias Escrituras, isto é, sob a inspiração do seu Anjo da Guarda, ela resolveu, à última hora, empreender a viagem. ERA PRECISO que Jesus “nascesse” daquele modo, exatamente assim, num lugar miserável, longe dos homens e de todos os socorros, a fim de dar impressionante exemplo de humildade, para que também se simplificassem as circunstâncias que lhe haviam de cercar o “nascimento”, como já vos explicamos. Logo que a afluência de forasteiros diminuiu, ela foi recebida pelos parentes, em casa do irmão de José. A notícia de que o menino “nascera” imediatamente se espalhou, passando de boca em boca, como todas as notícias que os homens transmitem. Zacarias e Isabel tiveram aviso do fato, não por essa forma, mas por intermédio de José. Ambos se apressaram a adorar o menino Jesus. Destituídos, porém, de utilidade para a obra evangélica, seus atos e palavras nessa ocasião foram postos de lado, sepultados no silêncio: é que, tendo desempenhado sua missão, os dois voltaram a obscuridade. Assim, não mais se falaria deles, e realmente não se falou mais, verificando-se o mesmo com relação a todos os outros Espíritos reencarnados, que haviam pedido a graça de participar da obra de redenção que Jesus vinha executar.

P – Por que tantos teólogos negam a Lei da Reencarnação? E qual a diferença entre REENCARNAÇÃO E METEMPSICOSE?


R – Os teólogos que negam a Lei da Reencarnação lhe opõem a teoria chamada criacionismo, isto é, as almas são criadas diretamente por Deus, no instante do nascimento das criaturas humanas. Esta idéia é esposada pelos teólogos católicos, para explicar que Jesus e Maria não estavam sujeitos ao pecado original, porque suas almas foram criadas especialmente por Deus. Que importa? Nem por isso deixa de existir um aLei Universal, mas antiga que o vosso mundo. Quanto a metempsicose, convém reler o que diz o cânon 1º do 5º Concílio Ecumênico de Constantinopla: “Se alguém acredita na lendária preexistência das almas, que tem, como conseqüência, a idéia monstruosa de que elas voltam, com o correr do tempo, ao seu estado primitivo, seja condenado”. Como vedes, o que aí se condena, evidentemente, não é a REENCARNAÇÃO, mas a METEMPSICOSE, que ensina poderem as almas voltar a viver nos animais. Ora, isto condenamos todos nós, como absurdo ou monstruoso, porque o Espírito não pode retroceder: é Lei de Deus.