terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A VIDA DE JESUS – I

A VIDA DE JESUS – I


P – Nosso Posto Familiar ganhou nova luz com a Doutrina do Novo Mandamento. Chegou na hora certa o Centro Espiritual Universalista da LBV! Como interpreta o CEU os versículos 41 a 52, Capitulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Lucas?

R – Vamos ler com atenção:

41 – Seus pais iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. 42 – Quando ele tinha a idade de onze anos, foram até lá, como costumavam, no tempo da festa. 43 – Passados os dias destas, regressaram, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que eles dessem por isso. 44 – Pensando que o menino estivesse entre aqueles que os acompanhavam, caminharam durante um dia, e o procuraram no meio dos parentes e conhecidos. 45 – Não o achando, voltaram a Jerusalém, para procura-lo aí. 46 – Três dias depois, no templo, o encontraram sentado entre os doutores, ouvindo-os e interrogando-os. 47 – Todos os que o ouviam ficavam surpreendidos da sabedoria das suas respostas. 48 – Vendo-o, seus pais se encheram de espanto e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que procedeste assim conosco? Aqui estamos, eu e teu pai, que aflitos te procurávamos!” 49 – Jesus lhes disse: “Por que me procuráveis? Não sabeis ser preciso que me ocupe com o que respeita ao serviço de meu Pai?” 50 – José e Maria, porém, não compreenderam o que ele dizia. 51 – Em seguida, Jesus partiu com ambos e veio para Nazaré; e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas essas coisas no seu coração. 52 – E Jesus crescia em idade, em sabedoria e graça diante de Deus e diante dos homens.

Os fatos falam por si mesmos. Era preciso que Jesus ficasse em Jerusalém. Sua existência tinha de se dividir em três fases distintas, que podeis apreciar: o “nascimento”, comportando – pelos fatos e circunstâncias que o precedem, acompanham e seguem, até ao aparecimento no templo entre os doutores – as promessas de redenção, segundo à interpretação dada às profecias da lei antiga; o aparecimento no templo, preparando para a época mais conveniente, a afirmação da sua existência, principiando a era do progresso pela sua presença entre os doutores, sob a aparência de um menino de doze anos, no dia da solenidade da Páscoa, quando em Jerusalém se aglomeravam as multidões, vindas de toda parte; a pregação, abrindo o caminho por onde os homens tinham e têm de seguir. Era necessário – dos pontos de vista do passado, do presente e do futuro – que a vida de Jesus assim se dividisse. Era preciso que ele ficasse em Jerusalém, para assinalar a segunda fase dessa existência. Por isso dissemos: os fatos falam por si mesmos. Aqueles que nada sabem e confessam nada saber da infância de Jesus, acastelados numa presunçosa ignorância, tacham de “inverossimilhança moral” esses fatos, cuja razão e cujo fim – na grande obra preparatória da redenção humana – não compreendem nem conseguem explicar. Ninguém ainda perscrutara a vida privada (e ignorada) de Jesus. E aqueles que, buscando humanizar-lhe todos os atos, tentaram esquadrinha-la, não explicaram como podia ele, tão exposto aos olhares públicos, subtrair-se a esses olhares. Também NÃO EXPLICARAM PORQUE, da sua vida humana, somente alguns fatos se tenham perpetuado, e assim mesmo porque os Evangelistas (médiuns historiadores) os registraram, cada um no quadro que lhe coube na narrativa, apropriada (sob influência mediúnica) aos tempos e às inteligências, isto é, servindo ao presente e preparando o futuro. Falando-se de Jesus na época em que apareceu no templo, entre os doutores, e desde o seu “nascimento”, foi-vos dito: “E o menino crescia em idade, em sabedoria e graça diante de Deus e diante dos homens”. Ora, estas palavras refletem as impressões e apreciações humanas. Jesus crescia aos olhos dos homens, mas aos olhos de Deus era sempre o mesmo: Espírito, Espírito devotado, cumprindo sua missão. Sabeis, mas devemos repetir: ante o estado das inteligências e necessidades da época – e com o fim de preparar o advento da Terceira Revelação – a origem do “menino” ainda (e por muito tempo mais) não devia ser conhecida. Não o devia ser senão por meios de nova Revelação em nome do Senhor, através do Espírito da Verdade, uma vez que chegaram OS TEMPOS PREDITOS.


 

A VIDA DE JESUS – II


P – Compreendemos, hoje, que realmente “a letra mata, o espírito vivifica”. Sem o véu da letra é completamente outra a explicação do Evangelho! O Espírito da Verdade poderia dar novos ensinamentos sobre a “vida humana” de Jesus?

R – Jesus tinha de ser, aos olhos dos homens, primeiro – um homem tal como vós, revestido da libré material, exatamente como os profetas da lei antiga; depois – cumprida sua missão terrena, UM DEUS MILAGROSAMENTE ENCARNADO, em conseqüência da divulgação do que o Anjo segredara a José e Maria (revelação que se mantivera até então secreta), e em conseqüência também das interpretações humanas dadas a essa revelação, as quais prepararam o reinado da letra, transitoriamente necessário, como condição e meio de progresso; finalmente – um homem como qualquer um de vós quanto ao invólucro corporal e, ao mesmo tempo, quanto ao Espírito, um Deus: portanto, um Homem-Deus. Sendo a todos vós revelada, neste momento, a origem espiritual de Jesus (que se conservou oculta até hoje), também terá de ser conhecido tudo o que se manteve secreto. Trazemos, por isso, a missão de vos dizer qual foi a aparente vida humana de Jesus, desde o instante da sua aparição no vosso planeta (chamada, na linguagem humana, “seu nascimento”), até a época em que surgiu no templo entre os doutores; o que foi feito dele durante os três dias que passou em Jerusalém, tendo a aparência de um menino de doze anos; qual a sua vida aparente desde essa época até quando, às margens do Jordão, entrou em missão publicamente, aparentando ser um homem de trinta anos. Tudo, na “vida humana” de Jesus, foi apenas aparente, mas se passou em condições tais que, para os homens, houve ilusão, assim como para José e Maria, devendo todos acreditar na sua “humanidade”, quando ele tão somente revestia um perispírito tangível e, como tal, INACESSÍVEL ÀS NECESSIDADES FISIOLÓGICAS DA VOSSA EXISTÊNCIA MATERIAL. Quando Maria (sendo Jesus pequenino, na aparência) lhe dava o seio, o leite era desviado pelos Espíritos Superiores que o cercavam, de um modo bem simples: em vez de ser “sorvido” pelo menino, que dele não precisava, era restituído à massa do sangue por uma ação fluídica, exercida sobre a Virgem, inconsciente dela. Não vos espanteis de que o leite fosse assim restituído à massa do sangue. Não admitis que o químico possa, pela síntese compor e, pela análise, decompor, à sua vontade, um líquido qualquer, restituindo a cada parte heterogênea a natureza que lhe é própria? Então podeis admitir, também, que a ação fluídica dos espíritos Superiores – que conhecem todos os segredos da vossa organização e da vossa vida humana – possa decompor assim o leite derramado e restituir cada uma de suas partes componentes à fonte de origem. Que os incrédulos, ou materialistas, encolham desdenhosamente os ombros: nem por isso os FATOS serão menos reais. E a experiência já adquirida, por efeito dos trabalhos de síntese e análise, executados pela química sobre a matéria, não basta para vos explicar o fato (que se tornará evidente pela experiência, que em breve tereis) da PROPRIEDADE DOS FLUIDOS? Se um magnetizador, no interesse de uma doente, quiser deter a circulação e a emissão do leite, este não deixará de circular e de sair? Como podereis, então, pretender que a nossa influência sobre vós seja menor que a influência que vós mesmos exerceis, uns sobre os outros? Não estranheis, ainda, que Maria tivesse leite, só porque não sofrera a maternidade e era Virgem. A maternidade não é uma condição absoluta para que se produza o leite, que não passa de uma decomposição do sangue, determinável por diversas causas. Neste particular, há exemplos freqüentes, não só entre as mulheres, mas também entre animais. A virgindade nada influi em tais casos. Não vos detenhais neste ponto: são fatos conhecidos. Em Maria, a decomposição se operou porque o sangue, por efeito do magnetismo espiritual e de uma ação fluídica, foi lactificado. Depois, por ocasião da amamentação aparente, o leite que se formara, a seu turno, era decomposto e cada uma de suas partes restituída à massa do sangue. A amamentação da infância não era, então, o que é hoje: a mãe amamentava o filho por todo o tempo em que o leite se formava nela. Daí vem que isso se prolongava até contar a criança dois ou três anos, idade em que já vivia a correr, sobretudo naqueles climas. Lembrai-vos de que os homens daquela época, e principalmente, daqueles países, tinham costumes diferentes dos vossos: lá, ávida se passava tanto fora como dentro das habitações: as crianças, logo que sabiam equilibrar-se, iam correr aos bandos, onde bem lhes agradava; ou se isolavam, segundo seus gostos e caracteres. Durante tais ausências, comiam frutos ou mel silvestres, não constituindo mais o leite a alimentação exclusiva. A amamentação se adaptava às condições da natureza, e cessava quando o menino sabia, mais ou menos, prover a necessidade do seu sustento. Haveis de compreender que, nesse período do aparecimento de Jesus, diante da natureza perispirítica da sua aparente corporeidade humana, tudo se havia de realizar nas mais fáceis condições; tudo tinha de concorrer para o fim visado, e concorreu; aconteceu, exatamente, o que tinha de acontecer.



A VIDA DE JESUS – III


P – Só mesmo o Espírito da Verdade nos pode revelar tantas maravilhas da vida do Mestre! Poderia dizer como se processou a criação do “menino” Jesus?

R – Como é natural, Jesus se criou como todos os meninos precoces da sua idade, tendo falado e andado muito mais cedo que as outras crianças, revelando aos olhos dos homens, como os de Maria e de José, precocidade excepcional. Antes de chegada a época de cessar a amamentação ordinária, começou ele a ir para os campos, sozinho ou com os outros meninos. Mas, depois, passou a andar sempre sozinho, a separar-se das demais crianças, a se afastar de suas vistas, sem jamais pedir de comer ao voltar para casa. Acreditavam todos que se alimentara, como o faziam seus infantis companheiros, de fruto ou de mel silvestre. E, sendo a atenção da Virgem Maria desviada, para que não se preocupasse com os cuidados maternos, ninguém cogitava de “alimentar” o menino de modo diferente. Sem compreender o motivo, Maria não era a mãe humana que prevê todas as necessidades do filho e as previne. Ela sentia, instintivamente, que o seu não precisava dessa vigilância. Junto dele, cumpria muito pouco dos deveres que a maternidade impõe às mulheres. Não se conclua daí que fosse “mãe indiferente”. Isso quer dizer, apenas, que – guiada pelos Espíritos seus protetores e amigos – se abstinha de cuidados e atenções inúteis. Diante disso, podeis concluir que, ainda muito pequenino, Jesus – com a liberdade que os costumes dos pais lhe permitiam – estava sempre ausente da casa paterna. Por vezes, desaparecia no momento mesmo em que Maria preparava o repasto e deixava passar a hora da refeição. Quando José e Maria o procuravam, ou esperavam, ele dizia: “Não tendes por que vos inquietar e me procurar”. As solicitações, que lhe dirigiam, para com eles tomar parte na refeição, respondia: “Não tenho necessidade de coisa alguma”. Dessa resposta nascia a crença de que o “menino” se alimentava de frutos e mel silvestre. Assim principiou Jesus a se ausentar, desde que, de acordo com os costumes e usos do país, isso se tornou possível a um menino como ele, de precocidade muito superior à de todos os outros. E suas ausências se foram fazendo, pouco a pouco e sucessivamente, mais e mais longas, a fim de a elas habituar seus “pais”, para que estes não se preocupassem com a sua “alimentação humana”. Já o dissemos e repetimos: os Espíritos protetores de Maria a predispunham a estar de acordo com os desígnios de Jesus. A Virgem sentia, como José, também colocado sob as mesmas influências, que o “menino” tinha aspirações e tendências diversas das de todos aqueles que o cercavam, sem por isso admitirem que ele não fosse o que parecia ser. Aos olhos dos homens, os atos exteriores de Jesus não apresentavam nenhum cunho de singularidade. Gostava da solidão e seus hábitos eram tidos como “quase selvagens”, visto não conviver com os meninos de sua idade. Aos olhos dos pais, sua alimentação era frugal. Como não o vissem definhar, estavam certos de que lhe aprazia viver de frutos e mel silvestre, a exemplo do que faziam muitos pastores. Julgavam que ele podia viver assim; que as raras ocasiões que tinha, de se alimentar desse modo, lhe bastariam. Notai que não vos dizemos que ele se alimentava dessa maneira: dizemos, unicamente, que seus pais acreditavam que assim fosse. Notai, igualmente, que – falando das refeições de Maria supunha serem tomadas pelo “filho” – não vos dissemos que essas refeições fossem regradas como as vossas, porque as ausências de Jesus não eram regulares e periódicas. Maria não estranhava essa forma de viver, porque se lembrava da origem do filho, tida por ela e por José, como origem milagrosa. De tal modo impressionados de achavam seus corações, tão viva fé os animava, tal elevação moral dos dois, que em ambos tinham grande e fácil acesso às inspirações dos Espíritos Superiores, quando lhes “sugeriam” o pensamento e a resolução de não se preocuparem com aquele gênero de vida. Desde alguns anos antes de sua ida a Jerusalém, e do seu aparecimento no templo entre os doutores, Jesus, não raro, se ausentava por um ou muitos dias. Sempre que isso se dava, ele dizia: “Vou orar”, isto é, vou falar com meu Pai Celestial. As vezes, passava alguns dias com a família, sem participar das refeições, porque nele o corpo – dada a sua natureza perispirítica, sob a aparente corporeidade humana – ERA INACESSÍVEL A TODA E QUALQUER ALIMENTO MATERIAL.

A VIDA DE JESUS – IV


P – Concordamos com a diretriz fundamental do CEU da LBV: não se aceitam ensinamentos de homens, por mais iluminados que sejam ou se julguem. Do contrário, seria impossível unificar as Quatro Revelações de Jesus! Como o Espírito da Verdade explica as ausências, os jejuns, a aparição do menino Jesus no templo e o espanto de seus pais?

R – Para os hebreus, a abstinência e o jejum completo, durante um ou muitos dias, nada tinham de espantoso. Os mais zelosos praticavam essa abstinência e esse jejum completo, às vezes, por três dias. Ora, pesquise cada um de vós as suas reminiscências e achará, dentro ou fora da família, exemplo do que pode fazer a criatura humana ainda em vossos dias, nos quais a alimentação complicada e a frouxidão dos costumes amesquinharam as faculdades vitais. Por que havia de ser isso impossível a homens vigorosos, sóbrios, rijos, desde tenra idade habituados à abstinência e ao jejum? Lembrai-vos não só do costume antigos dos hebreus, mas também, dos árabes. Tendo em vista a origem espiritual de Jesus, a natureza fluídica do seu corpo, os fatos e circunstâncias relativos ao que a linguagem humana designa por “infância do filho de José e Maria” – vamos explicar o aparecimento do menino entre os doutores, no templo, durante os três dias que passou em Jerusalém. Jesus foi apresentado, no templo, pelo irmão de José e pelo próprio José, como um dos descendentes de David, segundo a linha da sua parentela e a descendência da sua tribo. Decorridos os dias da festa da Páscoa, José e Maria regressaram, mas Jesus ficou em Jerusalém, sem que eles o percebessem, supondo-o na multidão com alguns dos companheiros de viagem. Caminharam um dia procurando-o entre os parentes e conhecidos; não o encontrando, voltaram a Jerusalém. Será lícito tachar de incrível ou de “inverossimilhança moral” o fato de haverem Maria e José (que chegaram à cidade quando regurgitava de estrangeiros) perdido de vista Jesus, que aos seus olhos era um menino de doze anos, e o de terem (quando já de regresso) caminhado um dia inteiro, sem perceberem que o menino não ia com eles? Só mesmo a temeridade da ignorância se pode atribuir semelhante pecha de “inverossimilhança moral”. Jesus, já o dissemos, se afizera, desde muitos anos, a uma existência isenta dos vossos hábitos e relações. Acostumados à sua vida contemplativa (e um tanto selvagem, relativamente aos homens), seus pais não exerciam sobre ele a vigilância que exerceis sobre os vossos filhos. Qual a causa da solicitude dos pais para com os filhos? A fraqueza, a inconseqüência, a ignorância desses pequenos seres que lhe foram confiados. Mas, se admitirdes que reconheçam nos filhos – juízo, razão, faculdades incomuns, desenvolvimento moral e espiritual, que os ponham a salvo dos perigos da idade infantil, achareis natural que os pais se abstenham de uma vigilância inútil e, além disso, fatigante, para as crianças que são objeto dela. José e Maria pensaram, como dissemos, que Jesus estivesse com outras pessoas (com algum de seus parentes ou conhecidos) e, como fossem inúmeros os viajantes e caminhassem através de campos (porque, de certo, não vos vem à idéia que trilhassem uma estrada larga, traçada e aberta como as vossas), não tomaram o incômodo de levar suas pesquisas além dos limites que alcançavam com a vista. Só depois de terem perguntado a uns e a outros por Jesus, certificando-se de que ninguém o vira, é que resolveram procura-lo. Ao fim do dia, eles ganharam a certeza de que pessoa alguma o tinha visto. Durante a caminhada, pelo dia todo, nenhuma parada havia feito para se alimentarem. Para a maioria dos viajantes, e nesse número estavam Maria e José, os frutos das sebes das árvores eram os alimentos principais, no curso da viagem. Tendo voltado a Jerusalém, encontraram Jesus no templo, sentado entre os doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Ao dar com ele, Maria não lhe perguntou: – “Meus filho, como viveste sozinho numa cidade onde és estrangeiro e desconhecido? – Quem te recebeu à sua mesa, para te alimentar? Onde te abrigaste, para refazer tuas forças pelo repouso e pelo sono?” Nada disso lhe perguntou. Manifestou apenas a inquietação que lhe causara, assim como a José, a ausência do filho que, sem o saberem (é claro), se deixara ficar em Jerusalém, quando – na companhia de ambos – devia regressar a Nazaré. Se Maria não perguntou a Jesus o que dele fora feito, naqueles três dias, não foi por saber que “seu filho” não era formado de matéria igual a dela, mas porque sabia que sua existência se distanciava muito dos hábitos e necessidades da infância. A experiência própria lhe demonstrara isso: ela o tinha visto praticar a abstinência ou jejum completo por um ou muitos dias, quando permanecia no seio da família, ausentar-se às vezes, também, por um ou muitos dias, sem que nessa alternativa (de estada em casa ou de ausência) houvesse qualquer coisa de regular e periódico.

A VIDA DE JESUS – V


P – Somos gratos ao Centro Espiritual Universalista (CEU) da LBV pelos esclarecimentos preciosos sobre a vida do “menino” Jesus. Que aconteceu com ele em Jerusalém? E na volta?

R – Os que lhe ignoram a origem espiritual e a natureza do corpo – não “fantástico e absurdo”, conforme a expressão dos doutores presunçosos – mas perispirítico, dizem: – “Que fez Jesus durante os três dias? Se aquele menino de doze anos não andou vagando sozinho na escuridão da noite, quem o recolheu?” Perguntas naturais, partindo dos que consideram Jesus um homem como vós outros. Entretanto, os que estudam as línguas e, por conseqüência, os costumes orientais, poderiam dar testemunho de que era freqüente ver, sob àqueles céus, homens, mulheres e crianças passando a noite ao relento, envoltos nas suas capas. Em face do conhecimento que vos demos da origem do cristo, do seu corpo fluídico inacessível a todas as contingências da matéria, podeis compreender que o “menino” não se atormentou por uma pousada, não teve de se afadigar em busca de um albergue. Os que propõem tais questões deviam propor-las com humildade, com o sentimento da sua ignorância, com o desejo sincero de se esclarecerem, jamais com a incredulidade insolente, negando as manifestações espirituais e as REVELAÇÕES PROGRESSIVAS, que trazem aos homens os segredos do além, a ciência das relações do mundo visível com o MUNDO INVISÍVEL, a Luz e a Verdade, as vias e meios da evolução moral e intelectual – pelo saber, pela caridade e pelo amor. Eis o que aconteceu com o “menino” nos seus três dias em Jerusalém: ao abrir-se o templo, ele entrava com a multidão e com a multidão saía, quando o templo se fechava. Uma vez fora, e longe dos olhares humanos, desaparecia, despojando-se do seu invólucro fluídico e das vestes que o cobriam, as quais, confiadas à guarda dos Espíritos prepostos a essa missão, eram transportadas para longe da vista e do alcance dos homens. Voltava para as regiões superiores, onde pairava e ainda paira, nas alturas dos esplendores celestes, COMO ESPÍRITO PROTETOR E GOVERNADOR DA TERRA. Ao reabrir-se o templo, reaparecia entre os homens, retomando o perispírito tangível e suas vestes, que o faziam passar por criatura humana, como outra qualquer. Quanto à resposta que deu à Virgem Maria, nem ela nem José a compreenderam, porque ambos, no momento, supuseram que ele se referia ao segundo como pai, e não ao Pai Celestial, cujo reinado viera preparar no vosso mundo. Os que acham perfeitamente claro o sentido destas palavras, tais como se encontram no Evangelho: “Não sabeis ser preciso que me ocupe com o que respeita ao serviço de meu pai?”, e entendem que devia ser claro, também, para Maria e José, uma vez que o Anjo lhes anunciara ser Jesus “Filho de Deus” – esses esquecem que em José e Maria, revestidos da carne, imperava a imperfeição das faculdades humanas. Desde o “nascimento” – já o dissemos – Jesus vivia, aos olhos de seus “pais”, uma vida ordinária, no sentido de que seus atos exteriores não apresentavam nenhum cunho de singularidade, relativamente aos homens, nada havendo neles que lhe caracterizasse a origem extra-humana. A impressão produzida pela revelação e pelos fatos que se lhe seguiram, até ao regresso do Egito, se havia apagado, pouco a pouco. A palavra pai, referida a José, foi o único ponto que, no momento, os impressionou, sem que, entretanto, o houvessem compreendido. TUDO O QUE É DE CARNE É OBTUSO. Se a existência de Jesus não causava espanto à Virgem Maria (nem a José), é que, quando ela pensava na origem do “filho”, a inteligência se lhe toldava, com tanto mais razão quanto era necessário que a natureza do “menino”, tal como a revelação o anunciara, não fosse ainda conhecida. Não vos admireis que Maria e José tenham referido ao último, como o pai, a resposta de Jesus, nem de que Maria, dirigindo-se a este, se exprimisse desta forma: – “Meu filho, aqui estamos eu e teu pai, que aflitos te procurávamos”. Não só a Virgem se acreditava mãe de Jesus, por encarnação humana, e ao mesmo tempo divina e milagrosa, como também Jesus lhe chamava mãe. E, devendo José passar, perante os homens, por ser o pai de Jesus, este até então lhe chamava pai. Não viste que – quando José pretendeu repudiar Maria – o Anjo lhe disse que a tomasse por esposa, sem lhe denunciar a gravidez? Ele, portanto, estava ciente de que devia passar por ser o pai do menino. E, com efeito, do momento em que – apesar do estado de gravidez, embora esta fosse aparente – a mulher foi aceita, José se reconheceu o pai do nascituro. Ele ignorava quanto tempo esse “erro” devia durar. Repetimos: no trato com José, Jesus lhe dava o título de pai, o que dirigiu para ele o pensamento de Maria, ao ouvir a resposta do “filho”: – “Não sabeis ser preciso que me ocupe com o que respeita ao serviço de meu pai?” Esta resposta do Cristo foi a primeira referência feita à missão que vinha desempenhar na Terra.

A VIDA DE JESUS – VI


P – Consideramos a Unificação das Revelações de Jesus A COISA MAIS IMPORTANTE DA NOSSA VIDA. É a grande devolução: AO CRISTO O QUE É DO CRISTO! Como devemos entender o que se segue à primeira referência de Jesus à sua divina missão?

R – Cumpria-lhe proferir aquelas palavras, que teriam de repercutir no futuro. Já vos foi revelado que Jesus, no templo, estava sentado entre os doutores, ouvindo-os e interrogando-os, e que todos aqueles que o escutavam FICARAM SURPRESOS DA SABEDORIA DE SUAS RESPOSTAS. Naquela idade de doze anos, que Jesus aparentava quando se mostrou no templo, os meninos se aplicavam à leitura, se informavam da tradição, se preparavam para estudar os comentários dos doutores, e por isso apresentavam suas dúvidas aos preceptores. Não é exato que nunca discutissem com os doutores. Dava-se o fato: o menino era provocado para uma discussão pública sempre que, relevando grande aptidão, podia fazer honra ao professor. Isso tinha de se dar – e se deu – com Jesus. Por ser estrangeiro em Jerusalém, e não estar sob a direção de nenhum “mestre”, nem por isso tomou ele assento, entre os doutores, como um desconhecido. Já dissemos que o irmão de José e o próprio José o haviam apresentado como descendente de David, segundo a linha da parentela ou descendência da tribo. Assim é que ele foi admitido a falar no templo. A princípio, teve de responder aos doutores, que eram levados a interroga-lo; depois, sentando-se, entrou a discutir, dando-lhes, por sua vez, a lição. Não acontece a vós, que não prestais atenção ao que dizem as crianças, ouvir atentamente as que vos parecem denotar uma inteligência e um adiantamento desproporcionados à idade que contam? Como pretendereis que, surpresos, maravilhados ante as primeiras respostas de Jesus às perguntas que lhe dirigiram, e ante as primeiras questões que ele propusera, não o impelissem a falar aqueles mesmos com quem viera discutir? Os doutores sabiam-no “descendente de David”, mas (e não é difícil, para vós, observar este ponto), quanto à sua identidade com o menino anunciado pelos magos, impossível seria verifica-la (ainda que tivessem pensado nisso), porque ignoravam em que família da tribo ele nascera e, com respeito ao Messias, estavam completamente tranquilos, graças ao morticínio das crianças, ordenado por Herodes. Depois da discussão pública no templo, depois que José e Maria ali o encontraram, depois de dar à Virgem a resposta que foi a primeira referência ao seu divino apostolado, Jesus partiu com eles e voltou para Nazaré. Aí permaneceu com Maria até a época em que, sob a aparência de um homem de trinta anos, começou a desempenhar sua missão publicamente, as margens do Jordão. José “morreu”, algum tempo depois desse regresso. Mas que fez Jesus, durante o período de dezoito anos decorridos desde que regressou a Nazaré até à época da sua vida pública? Sua aparente “vida humana” transcorreu dividida entre o labor manual e a prática do amor, isto é, da permanente caridade para com todos que o cercavam. Passava por viver retirado e buscar a solidão. Cumpria todos os deveres ostensivos da humanidade, do ponto de vista da família e das relações com os pais e os vizinhos, submisso à Lei do Trabalho, que ele viria fazer com que fosse considerada a maior e a mais justa das leis, adotada por homens que, como vós, se revoltavam contra o seu “jugo”. Tendo vindo para pregar pelo exemplo, Jesus SEMPRE DEU O EXEMPLO. Mas, é preciso repetir, sua vida exterior não era íntima e vulgar como a vossa, e o gosto que parecia ter pela solidão o isentava de todas e quaisquer exigências da vida comum. A Virgem compreendia e animava esse gosto, por isso que, sob a influência dos Espíritos seus protetores, ela tendia sempre a ajudar aquele modo de viver do “filho”. Durante o tempo que não consagrava à prática da Lei do Trabalho, à prática do amor e da caridade, ao cumprimento de todos os deveres comuns da humanidade, Jesus “se ausentava”, parecendo à Virgem (e aos homens em geral) que repartia assim o tempo entre os deveres humanos e a prece, sem que jamais o tivessem visto fazer qualquer refeição, tomar qualquer alimento, seja em casa com a família, seja em qualquer outro lugar. O que a esse respeito vos dissemos, relativamente ao período que decorreu desde o seu “nascimento”, em Belém, até apresentar a idade de doze anos, se aplica ao período posterior, que vai do seu aparecimento no templo até ao começo da sua missão, sob a aparência de um homem de trinta anos. Jesus viu tudo o que era preciso ver, nesses dezoito anos. E sua “mãe” se habituava a essa existência, como já vos foi descrito e explicado. Ele se ausentava, isto é, desaparecia, quando o julgavam em retiro, e voltava às regiões superiores, onde pairava e paira ainda, nas alturas dos esplendores celestes, como ESPÍRITO PROTETOR E GOVERNADOR DA TERRA.


A VIDA DE JESUS – VII


P – Visto que Maria e José nenhum perigo deviam recear para seu “filho”, pois o Anjo lhes anunciara ser ele “O FILHO DE DEUS”, como se explica a ansiedade de ambos, quando perceberam que Jesus não regressara com eles de Jerusalém?

R – Já vos dissemos que José e Maria, revestidos da carne, estavam necessariamente sujeitos à imperfeição das faculdades humanas; que Jesus, aos olhos deles, vivia uma vida comum, no sentido de que seus atos exteriores não apresentavam nenhum cunho de singularidade, relativamente aos homens, e nada lhe caracterizava a origem extra-humana; que o impacto produzido pela revelação e pelos fatos que se lhe seguiram, até ao regresso do Egito, se havia apagado, pouco a pouco, que tudo o que é de carne é, inevitavelmente, obtuso; que, se a vida de Jesus não causava espanto à Virgem, quando pensava na origem do “filho”, é que sua inteligência se encontrava, amiúde, turbada a esse respeito. É preciso não esquecer que Jesus, aos olhos de Maria e de José, tinha, como eles, um corpo carnal e uma vida frágil. Lembrai-vos de que o Anjo dissera a José que levasse o “menino” para o Egito, a fim de salva-lo da fúria de Herodes. Ora, a lembrança dessa revelação e desses fatos lhes acudiu quando o “menino” estava perdido, pois não voltara com ambos de Jerusalém. Que há de surpreendente em que, recordando-se da revelação e dos fatos, os dois ficassem, por isso mesmo, inquietos? A fuga para o Egito, aos olhos de Maria e de José, como aos olhos de todos, teve por fim A PRESERVAÇÃO DA VIDA DO MENINO JESUS. Na realidade, porém, considerando a utilidade, as condições e o desempenho da missão terrena do Cristo, e principalmente os frutos que devia produzir, aquela fuga não teve por fim, segundo os desígnios do Senhor, preservar a vida do “menino” (de outros meios dispunha Deus para consegui-lo, se o tivesse desejado), mas sim afastá-lo para o tornar conhecido. Jesus não devia aparecer senão em certas épocas, antes de começar PUBLICAMENTE SUA MISSÃO. A experiência humana deve bastar, para vos fazer concluir que, SE ELE ESTIVESSE CONTINUAMENTE EXPOSTO, AS ATENÇÕES SE TERIAM ESGOTADO, E A CONSEQÜÊNCIA SERIA (AO CHEGAR O TEMPO DETERMINADO) NÃO CONSEGUIR ATUAR TANTO SOBRE AS INTELIGÊNCIAS. Assim se explica o “mistério” dos “ignorados” dezoito anos da vida de Jesus (da aparição no templo, entre os doutores, até ao início do seu divino apostolado). Acabamos de vos dizer: “A fuga para o Egito não teve por fim preservar a vida do “menino”, pois de outros meios dispunha Deus para consegui-lo, se o tivesse desejado”. Nós falamos assim com relação aos homens, ao aspecto sob o qual encaram os fatos. Nenhum ato humano (vós o sabeis pela revelação que fizemos da origem do Cristo), podia atentar contra a sua aparente “vida humana”, dada a natureza perispiritual do seu corpo. E os fatos (entendei-o bem e nunca o percais de vista) nós o consideramos sempre com relação aos homens e lhes apropriamos à vossa linguagem.



A VIDA DE JESUS – VIII


P – Como pode Jesus parecer aos homens um menino recém-nascido e se desenvolver, crescer como criança terrena e, sucessivamente, percorrer, na aparência, as fases de desenvolvimento da infância, da adolescência e da idade viril em nossa humanidade?

R – Diz o Espírito da Verdade: – Esta é uma questão que podeis resolver, sem a formulardes. O perispírito, que servia de invólucro a Jesus, se desenvolvia aos olhos dos homens, de maneira a lhes dar a ilusão do crescimento humano. Não aprendestes que o perispírito é da mesma natureza do vosso corpo? Que impossibilidade podeis ver, aos olhos dos homens, em que o perispírito revista aparentemente as mesmas propriedades que tem o vosso corpo, e em que os fluídos que o compõem sejam, igualmente, aptos a se desenvolverem e aumentarem? Para vos darmos explicação completa a este respeito, teríamos de entrar em minúcias sobre a natureza dos fluídos, e isso ainda não é oportuno. Mas, por que haveis de achar impossível que os fluidos, reunidos pela ação da poderosa vontade do Cristo, tenham seguido marcha progressiva de aparente dilatação aos olhos humanos? Um Espírito, ainda que inferior, um Espírito da ordem dos vossos, pode (e não ignorais), com o seu perispírito, que constitui sua vida e sua individualidade, afetar, revestir, a qualquer instante, todas as aparências, todas as formas, MESMO TANGÍVEIS, sob a condição – única – de lhe ser dado tomar de empréstimo os fluidos animalizados, necessários à produção do efeito desejado. Um Espírito Superior, que tem o poder de assimilar os fluidos animalizados ambientes, espalhados na atmosfera, NÃO PRECISA DE SEMELHANTE EMPRÉSTIMO. Como pretender que um Espírito Superior, descendo das regiões mais elevadas até vós, mediante a assimilação do seu perispírito às regiões que tenha de percorrer, não possa – à vontade – figurar as fases do desenvolvimento de um ser humano, pela assimilação dos fluidos ambientes, que servem à formação dos vossos seres, e pela dilatação aparente dos fluidos do seu perispírito, ASSIM ADAPTADO E TORNADO TANGÍVEL? A vontade potente de Jesus, Espírito Perfeito, Espírito integrado na Divindade do Pai, reuniu em torno de si os materiais necessários à execução da obra e nas condições precisas a que a obra se executasse. Já explicamos que Jesus constituiu um perispírito de longa tangibilidade, humanizado com o auxílio dos fluidos ambientes que servem à formação dos seres terrestres, E QUE ELE, À SUA VONTADE, DEIXAVA E RETOMAVA. Ora, com esse perispírito, possível lhe era revestir, aos olhos dos homens, quando bem lhe aprouvesse as aparências da infância, da adolescência e da idade viril da vossa humanidade, e figurar a marcha progressiva, com as fases do desenvolvimento de uma criatura humana. Dissemos e repetimos: Jesus crescia aos olhos dos homens, MAS, AOS OLHOS DE DEUS, ERA SEMPRE O MESMO, ISTO É, ESPÍRITO, ESPÍRITO DEVOTADO, DESEMPENHANDO SUA MISSÃO.

P – Qual o sentido destas palavras do versículo 51: “Maria guardava todas essas palavras no seu coração”?


R – Tais palavras significam que, no pensamento e na inteligência da Virgem, cada vez mais penetrava e se confirmava a mensagem do Anjo sobre a missão do Cristo. Para ela, como para José, a época até então mais frisante fora a daquela separação por três dias, nas circunstancias em que se verificou, abrindo ensejo ao aparecimento de Jesus entre os doutores, no templo, onde lhe deu a resposta que a preparou para compreender que SUA TUTELA NÃO ERA NECESSÁRIA. Essa resposta, esclarecendo-os mais e despertando, nela e em José, a lembrança da origem do “menino”, origem que ambos tinham por “divina” e “milagrosa”, os preparou também para compreenderem o caráter e o fim da missão de Jesus, o Cristo de Deus.

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